Natural ou artificial, eis a iluminação

Equipe Saibalá
Saibalá
Published in
3 min readApr 4, 2016

Descubra o que Luis Crispino tem a dizer sobre o grande dilema da escolha de luz para fotografia

Se eu recebesse um Real a cada vez que me perguntassem se eu prefiro fotografar com luz natural ou artificial, hoje eu seguramente estaria numa situação muito mais confortável. Com a vantagem de poder alternar sempre a minha resposta entre uma e outra e manter viva a dúvida.

O uso da luz natural ou artificial propõe, evidente, dinâmicas de trabalho completamente diferentes. Eventualmente, usar a luz natural para fotografar pessoas ou cenas implicaria numa observação muito atenta e cuidadosa para encontrar o “melhor momento” desta fonte de iluminação e o número de variáveis é imenso; Contra luz ou sol direto? Na sombra? Nuvens? A intensidade está subindo, caindo muito? E a temperatura de cor?…. Complicado, não?

Então é muito mais fácil usar a luz artificial e, de preferência, em estúdio, fugindo de todos estes problemas? Não necessariamente… Partindo do principio de que, mesmo no estúdio, estaremos tentando reproduzir, conscientemente ou não, uma condição de luz já existente e de alguma forma “familiar”, a coisa muda de figura.

No meu entender, mesmo o mais “artificial” dos conceitos de luz ainda é resultado de uma impressão, guardada no inconsciente, de uma situação natural. Mas isso é polêmico e outra história…

Voltando ao assunto, se é ameaçador ficar exposto aos caprichos da natureza numa locação, esperando o sol ficar na posição ideal e rezando para que nenhuma nuvem apareça de última hora — isso se não choveu justamente no dia em que a foto estava marcada — por outro lado o estúdio e a parafernália de luz exigem muito cuidado e discernimento na hora de desenhar uma iluminação que seja, ao mesmo tempo criativa, “autoral” e também adequada ao tema…

Ou seja, o que vale mesmo é o olhar de quem fotografa. Na minha opinião existem fotógrafos que interpretam a luz natural com especial sensibilidade enquanto outros possuem um olhar surpreendente para a luz em estúdio. Existem ainda alguns que conseguem mesclar luz natural e artificial com rara beleza. E existem os gênios da raça, que nos desconcertam com a facilidade com que transitam, magistralmente, entre estes dois mundos. Acreditem, são pouquíssimos…

Eu, particularmente, me divirto bastante em recriar a “luz natural” em situações adversas ou em buscar um “algo a mais” no estúdio. Se eu não gosto da luz natural, em locação? Absolutamente! Tenho fotos em locação das quais me orgulho muito e nunca recuso a possibilidade de fotografar uma externa, se o tema pede isso.

Mas o fato é que a minha personalidade me faz ficar um pouco ansioso por não poder obrigar a luz a ter exatamente a intensidade e cor que eu imaginava para aquela situação, fazer o vento mudar de lado para mover melhor o cabelo da modelo ou, melhor ainda, fazer o sol parar de descer — ou subir — até conseguir a foto que eu imaginava… Mas um dia eu chego lá!

Luis Crispino revela as práticas da fotografia em estúdio em dois cursos para a Saibalá, Fotografia em Estúdio: Iluminação e Direção e Fotografia Sensual: Práticas e Direção em Estúdio.

--

--