O céu da Patagônia

Aventure-se com Fabio Meirelles em uma sessão inesquecível de Time Lapse

São 11 horas da noite.

Eu caminho pelo corredor pouco iluminado, evitando fazer barulho com a sola do tênis na madeira. Tá todo mundo dormindo. Claro, a gente acordou as 4 da manhã.

Ajeito a mochila e dou um jeito de jogar o tripé para o ombro esquerdo, preciso abrir uma porta grande que leva para o lado de fora.

“Certeza que não tem puma? Eu ouvi o guia falando que a noite os pumas saíam, mas não chegavam perto daqui…como é um puma?”

A vontade de fotografar o céu limpo da Patagônia Chilena me leva para o lado de fora.

Tá escuro. Tá molhado. Tudo bem. Não posso perder esse céu sem nuvens, que, ironicamente, me deixa ver as nuvens de Magalhães. Esse é o lugar mais perto do Polo Sul que eu já estive, e aqui o céu é diferente. Dá pra ter uma idéia olhando o preview da câmera, mas ainda tá muito escuro.

Eu posiciono o tripé, coloco o foco em infinito e faço umas fotos de teste. Exposição de 2 segundos. 10. Será que 15 fica bom?

A vegetação em primeiro plano dá um desenho pra composição, o lago traz uma cor bonita, parece que dá pra ver as montanhas do Torres del Paine atrás, mas acho que a lua descendo junto com as estrelas é o que vai ficar mais legal em time lapse. Time lapse. Fico pensando nisso…vou ter que ficar aqui pelo menos umas duas horas pra ficar legal. 30x35 = 1000 e…não, 300x35 = 10500 dividido por 60 = 175 minutos…quase 3 horas tirando fotos.

Eu checo tudo de novo. Se der o start, não posso mais mudar.

Raw; white balance; zoom, foco…foi. Obturador em 30 né? Aí o intervalo em 35. Iso 3200…é alto mas acho que vai ficar bom.

Eu clico a última foto de teste e olho pra dentro do hotel. Não vou voltar, eu me forço a dizer mais de uma vez. Click. A câmera pensa e me mostra o que meu olho não consegue nem imaginar.

Vou ficar aqui por quase três horas…que ótimo!

Fabio Meirelles é professor do curso online Time Lapse: fundamentos e prática para um resultado profissional, produzido em parceria com a Saibalá.