Projeto — Um Coração Simples

Equipe Saibalá
Saibalá
Published in
3 min readJun 2, 2016

Gustavo Piqueira comenta trabalho de aluno para o curso “Design gráfico: exercícios para elaboração de linguagem visual”

Quando fui convidado pela Saibalá a montar o curso, me deparei com algumas preocupações. Dentre elas, a dificuldade que eu teria em transformar minha visão particular sobre o design gráfico — cujo princípio busca renegar toda espécie de metodologia absoluta de projeto — num programa a ser ensinado com um mínimo de proveito para quem pagasse pelo curso.

Arrisquei: em vez de tentar me encaixar, fiz desse questionamento o tema central das aulas. Para tanto, troquei a estrutura tradicional, onde um módulo do curso se somaria ao outro na acumulação do conhecimento, por um processo menos ortodoxo e, aparentemente, bem confuso: cada módulo negaria o anterior. “No último módulo eu falei para você fazer assim? Esqueça, e tente agora fazer entrando por outra porta.”

Essas negações tanto poderiam soar lógicas e embasadas, como absurdas e despropositadas — assim é a vida, afinal (não apenas a profissional). Tudo com o objetivo de transmitir o quão libertador é encararmos todo projeto de design como um diálogo e, como tal, sujeito às particularidades de cada interlocutor.

Ciente de que a estrutura programática era pouco usual, busquei planejar com afinco a relação entre cada módulo — as progressões e regressões. Mesmo assim, quando terminei de gravar, pensei que aquilo tudo, efetivamente, poderia não funcionar e dar errado. Muito errado.

Por sorte, o Guilherme Dorneles fez o curso. No texto em que comenta seus projetos, ele arrisca algumas autocríticas que, na minha opinião, são desnecessárias: pois o resultado de seu trabalho é brilhante, ponto final.

Claro, poderíamos ficar discutindo as capas uma por uma: detalhes que poderiam ser ajeitados aqui ou ali, quais execuções gosto mais, etc. Eu, por exemplo, achei que o uso do papagaio na versão ‘tropical’ — aula 4 — foi um belíssimo deslocamento de seu significado, e não apenas mais um uso da recorrente imagem da ave em capas do conto. Mas discutir capa a capa não é o objetivo nem deste texto, nem do curso em si.

O objetivo, que partiu de mim como hipótese para se ver materializada pelo Guilherme, é o de que quanto mais fugirmos da busca de um único jeito, quanto mais abertos estivermos para estabelecer diferentes diálogos, maiores são nossas possibilidades e nossos recursos. Mais rica se torna nossa atividade como designer gráfico. Estão aí as dez belíssimas capas do Guilherme, que não me deixam mentir.

Imagem de Guilherme Dorneles para a Aula 1 — Visão Objetiva
Imagem de Guilherme Dorneles para a Aula 2— Visão Subjetiva
Imagens de Guilherme Dorneles para as Aulas 3 e 4— Demandas objetivas e Condições adversas
Imagens de Guilherme Dorneles para a Aula 5– A limitação como parâmetro (1 cor offset e 1 cor silk)
Imagens de Guilherme Dorneles para a Aula 6 — Recursos de produção como solução gráfica
Imagem de Guilherme Dorneles para a Aula 7 — O poder de síntese
Imagem de Guilherme Dorneles para a Aula 8 — O público
Imagem de Guilherme Dorneles para a Aula 9 —Articulando referências

Confira o projeto completo e seu processo de criação na comunidade do curso online Design gráfico: exercícios para elaboração de linguagem visual, desenvolvido por Gustavo Piqueira em parceria com a Saibalá.

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