O relançamento do Super Nintendo e a nostalgia do gamer comum

Arthur Tinoco
Saideira
Published in
4 min readJun 29, 2017

A Nintendo anunciou nesta segunda-feira o relançamento do clááássico SuperNES (que eu considero a melhor invenção do homem), em 29 de setembro. O console virá com 21 jogos na memória e vai custar cerca de 80 obamas, valor baixo para os padrões dos “portáteis” de hoje em dia. Na memória do videogame, virá o exclusivo (e inédito) “Star Fox 2”, continuação do clássico espacial de Shigeru Miyamoto, além de outros jogos muito influentes ainda hoje, como “The Legend of Zelda: A Link to the Past”, “Mega Man X”, “Super Metroid”, além do nosso querido encanador italiano. O anúncio segue o projeto da Nintendo de relançar videogames antigos em versão miniatura, já que, em 2016, a empresa havia trazido para a nova geração o Famicon/NES, popularmente conhecido no Brasil como “Nintendinho”. A estratégia da Nintendo é óbvia: se aproveitar da nostalgia de quem cresceu jogando seus video-games para vender novamente um produto para esse mercado. Essa “venda de nostalgia” é muito comum hoje em dia, com muitos jogos sendo refeitos em remakes remasterizados (como Final Fantasy VII) ou remakes de franquias. (Tomb Raider e Doom, pra ficar só em dois exemplos)

O que eu acho disso? Caras, o Super Nintendo foi o meu primeiro video-game, então a ligação que eu tenho com ele é bem sentimental. Me lembrar dos jogos do SNES, pra mim, é a mesma coisa que me lembrar dos domingos que eu perdia aos 8, 9 anos com meus primos tentando zerar Super Ghouls’n’Ghosts. É difícil não lembrar das horas e horas perdidas sofrendo para simplesmente acertar a combinação certa de botões no Donkey Kong Country 2. E como não lembrar de Super Mario, possivelmente o jogo que eu mais joguei na minha vida? Com tantas boas lembranças, é claro que essa notícia me deixou bem feliz, não só pelo lançamento em si, mas justamente porque é incrível ver a aceitação que isso tem tido com algumas pessoas mais próximas! Cada vez mais amigos meus estão querendo comprar (ou ao menos interessadas em ter) o mini-SNES, algo impensável pra várias delas, já que teriam a oportunidade de jogar de novo o console.

Falando nos jogos, a galeria que está embutida na memória é fantástica, com vários dos games que me fizeram perder tardes e tardes jogando na frente de uma televisão de tubo de 19 polegadas: Além dos jogos citados anteriormente, a lista conta com “Contra III”, um dos jogos mais difíceis e amados do Super Nintendo, “F-Zero” e sua trilha sonora 16-bits retrô-futurista, “Street Fighter II Turbo” A.K.A o melhor jogo de luta do console (desculpe aos fãs de Mortal Kombat, mas a verdade é essa)… Claro que, com a incrível lista de ótimos jogos do Super Nintendo, era impossível contar com todos os títulos lendários do console, deixando de fora verdadeiras pérolas do mundo dos games, especialmente os J-RPGs que marcaram época. Franquias como “Final Fantasy”, “Chrono Trigger” e a série de jogos “Tales of” não pintaram na lista dos jogos lembrados pela Nintendo, talvez por questões contratuais com outras empresas, mas é uma pena que a nova geração não tenha a oportunidade mágica de perder horas (e até dias!) quebrando a cabeça com os puzzles de “Chrono Trigger”.

Tenho noção de que a lembrança que eu tenho do Super Nintendo é muito afetada pela nostalgia de reviver certos momentos bons com o console, o que é algo muito natural considerando os muitos anos que eu só tinha o video-game como passatempo. E é aí que a Nintendo aposta: na nostalgia de seus fãs. Com os relançamentos desses video-games antigos, a empresa japonesa joga diretamente com as lembranças boas que temos, o que normalmente é suficiente para nos vender um produto. Essa re-venda do SNES não é pra o novo gamer, aquele que cresceu jogando God of War no Playstation 2 ou o mais recente ainda, a chamada “geração Minecraft”. O Mini-SNES é pra quem já tinha um video-game da Nintendo na época, a criança/adolescente que disputava ferrenhamente com o amiguinho qual era melhor, o SNES ou o Mega Drive, que perdia DIAS (acredite, DIAS) para passar uma fase em um jogo difícil. (*coff* Contra III *coff*)

Mas apenas a nostalgia sustenta as vendas do Mini-SNES? Com tantas formas de se re-jogar os jogos antigos em emuladores que, muitas vezes, estão nos celulares de cada um? Na minha opinião, o fato de ter a mesma aparência do SNES original é um fator que joga muito a favor, já que não existe a mesma relação sentimentalista ao jogar Super Metroid, por exemplo, em um celular do que no próprio console. Claro, esse juízo de valor é afetado pela minha noção sentimental do video-game, como eu expliquei, mas,considerando as críticas que a Nintendo sofreu na venda do Mini-Nintendinho, onde os lojistas reclamavam que não existiam video-games o suficiente para atender a demanda de pessoas interessadas em comprar, tenho certeza de que a aposta da Nintendo é uma aposta segura.

Espero do fundo do meu coração 8-bits que o Mini-SNES seja lançado no Brasil, apesar dos problemas da Nintendo no país, porque acredito que o público nintendista brasileiro é muito fiel e certamente seria um sucesso de vendas em terras tupiniquins. Caso seja lançado por aqui, é certo que eu perca horas e horas voltando a minha infância, jogando e me divertindo com os mesmos jogos que me fizeram ter tanto carinho pelo Super Nintendo.

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Arthur Tinoco
Saideira

Co-Criador, host e escritor pro Saideira. Fanático por jogos e cultura pop. Considero o SuperNES a melhor invenção do homem.