Cheio de referências, Sete Homens e um Destino é um western respeitoso e divertido

Vinicius Machado
SALA SETE
Published in
4 min readSep 30, 2016

Os Sete Samurais, de 1954, revolucionou não só o cinema oriental, como também o ocidental, que estamos acostumados a ver. O filme dirigido por Akira Kurosawa traz uma nova visão de diversos elementos técnicos e gêneros conhecidos até hoje. Para se ter uma ideia, este foi responsável por inspirar George Lucas nas batalhas de sabres de luz em Star Wars. Claro que não demorou muito para os americanos criarem sua própria versão, alguns anos depois, intitulado de Sete Homens e um Destino, um faroeste spaghetti com Steve McQueen, Charles Bronson e Yul Brynner. O filme se tornou um verdadeiro clássico Western.

Este ano, o filme ganhou mais uma versão, desta vez dirigido por Antoine Fuqua. A história é basicamente a mesma. Os habitantes de um pequeno vilarejo sofrem com os constantes ataques de Bartholomeu Bogue, um barão que quer tomar a cidade para si. Revoltada com os saques, Emma Cullen (Haley Bennett) contrata o pistoleiro Sam Chisolm (Denzel Washington), que reúne um grupo um tanto quanto desajustado para retomar a cidade.

Uma das maiores discussões em torno das refilmagens é se elas realmente são necessárias. Afinal, Hollywood sofre uma deficiência criativa muito grande e já está mais do que provado que sequências e refilmagens de grandes filmes atraem público. Porém, muitos desses remakes são feitos nas coxas e feitos para conseguir apenas bons números na bilheteria. Felizmente, Sete Homens e um Destino não se encaixa totalmente nesse grupo.

O americano Antoine Fuqua é um diretor talentoso e tem alguns filmes bons em seu currículo, como Dia de Treinamento e Nocaute. Aparentemente, ele também deve ser fã de filmes de faroeste, já que seu respeito pelo gênero dentro do filme é muito grande. São diversos enquadramentos, closes e planos que nos fazem lembrar dos filmes que crescemos assistindo ao lado de nossos pais e avôs.

O grande trunfo de Sete Homens e um Destino é saber andar com suas próprias pernas. Dentro de diversos elementos do gênero e ótimas homenagens a diretores renomados como Sergio Leone, Sam Peckimpah e o próprio John Sturgues, ele ainda consegue impor uma dinâmica que se encaixa perfeitamente nos moldes do cinema atual. Trazendo o conceito básico de um western: Entretenimento.

Dentro deste trunfo, um dos pontos interessantes é sua linguagem atual e na escolha de um elenco diversificado e representativo. Se nos westerns antigos tínhamos em sua maioria cowboys brancos e europeus como mocinho, neste temos um líder negro, um índio, um chinês e um mexicano, juntos a três brancos compondo o grupo dos sete. Já foi comprovado que o Velho Oeste possuía uma diversificação muito maior do que seus filmes retratavam, portanto, nada melhor do que trazer esse fato para as produções atuais.

O elenco, por sua vez, é muito eficiente. A escolha de cada um dos componentes do grupo é acertada, com a ressalva de que o desenvolvimento individual de alguns é um tanto quanto raso. Chris Pratt, por exemplo, faz basicamente o seu mesmo papel de Jurassic World e Guardiões da Galáxia e suas motivações são completamente desconexas e sem explicação.

Já Ethan Hawke e Byung-Hun Lee formam uma dupla interessante. O primeiro possui um certo segredo que não fica muito claro e até prejudica um pouco seu desenvolvimento. Já o segundo utiliza um pouco do clichê oriental do personagem, mas sua execução é bem legal e funciona bem. Denzel Washington, por sua vez, faz um dos papéis mais carismáticos de sua carreira e serve de alavanca para os outros brilharem cena ou outra.

Como nem tudo são flores, além do desenvolvimento de alguns personagens, o longa conta com alguns problemas de roteiro, continuidade e o excesso de humor, que atrapalha diversas cenas que poderiam ser melhor aproveitadas.

Sete Homens e Um Destino, de fato, não limpa os sapatos do clássico de 1960, e nem precisa para falar a verdade. Com muito respeito, Fuqua traz um faroeste moderno e divertido e cheio de referências, com as devidas homenagens aos diretores renomados do gênero. Muito mais que isso, prova que é possível produzir remakes sem a intenção de superar o que já se eternizou.

EXTRA

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Vinicius Machado
SALA SETE

Jornalista, cinéfilo, fanático por Star Wars e editor do blog Sala Sete. Escreve sobre filmes e não dispensa uma boa conversa sobre o assunto.