'Viva - A Vida é uma Festa' é um filme que acerta bem no coração

Vinicius Machado
SALA SETE
Published in
3 min readJan 11, 2018

Todo mundo, se ainda não perdeu, provavelmente perderá alguém. Isso porque, como muitos dizem por aí, a nossa única certeza é a morte. Mas se aqui no Brasil nós vivemos em luto e em profunda tristeza quando isso acontece, no México há uma certa celebração, realizada todos os anos, entre os dias 31 de outubro e 2 de novembro. Lá, acredita-se que os mortos merecem ser recebidos com alegria e oferendas, para que possam aproveitar suas vindas do mundo dos mortos. E esse é o tema do novo filme da Pixar, Viva — A Vida é uma Festa.

A animação conta a história de Miguel, um menino de 12 anos que sonha em ser um músico famoso, mas ele precisa lidar com sua família que desaprova seu sonho e qualquer coisa ligada à música, tendo em vista que a matriarca da família foi abandonada por um cantor. Determinado a alcançar seus objetivos, o garoto acaba indo para o mundo dos mortos e desvendando diversos segredos de sua família.

Dirigido pela dupla Lee Unkrinch e Adrian Molina, responsáveis por Toy Story 3, Viva possui uma história simples e pouco inovadora ao se tratar da Pixar. Mas mesmo assim é inegável que o estúdio tem cabeças talentosas o suficiente para mesmo assim conquistarem o coração do público.

Os primeiros minutos do filme servem como uma introdução à cultura mexicana, principalmente na data do Dia de Los Muertos. Além disso, é impressionante a perfeição em que todo o ambiente é desenvolvido visualmente, desde as cores até as texturas dos objetos e das pessoas. Reparem na bisavó Inês e veja a riqueza dos detalhes e toda a delicadeza de sua personagem. Conforme o filme vai avançando tudo fica ainda mais impressionante em todos os aspectos.

Até o fim do segundo ato, o que vemos em termos de história é algo simples, sem muitas reviravoltas e até mesmo previsíveis, típico filme feito para as crianças captarem o que está acontecendo. No entanto, há uma evolução dentro da narrativa quase que imperceptível até chegar no ponto mais importante do filme, e é nesse exato momento em que o longa dá um salto de qualidade.

Enquanto a trama vai se alinhando para uma mensagem um tanto quanto duvidosa sobre seguir os seus sonhos acima de tudo, ele vai deixando alguns detalhes pelo caminho até chegar no grande ponto de virada do filme. A partir dali a mensagem verdadeira sobre a importância da família se espalha e todos os acontecimentos atingem direto o coração, do mesmo jeito que Toy Story 3 atingiu, por exemplo.

Os personagens vão ganhando força (até mesmo o cachorro Dante, que parecia ser um mero alívio cômico) e as canções, que no começo eram apenas um detalhe, acabam virando essenciais para a história. Todas as composições do filme são belíssimas e funcionam tanto em inglês, quanto em espanhol e até mesmo em português, em um grande trabalho de dublagem.

Dante é, sem dúvidas, o melhor personagem de alívio cômico das animações

As discussões e a forma como a narrativa trata a vida e a morte é magnífica e levanta até questões sobre legados e sobre ser esquecido depois da partida. Pode parecer uma viagem, mas é possível ligar o conceito da animação com A Ghost Story, que também trata esse assunto, claro que de uma maneira mais madura e melancólica.

Além de mostrar melhor a cultura mexicana ao público geral, Viva — A Vida é uma Festa é um daqueles filmes sutis, que vão chegando sem muito alarde, mas quando você percebe já está cativado e totalmente apaixonado por ele, ganhado pela experiência que é assisti-lo. É, sem dúvida, uma das melhores animações da história em termos visuais e dificilmente te deixará sair da sala sem sequer derrubar uma lagrima. Afinal, a única certeza que temos dessa vida é a morte, e encará-la como os mexicanos encaram é uma verdadeira lição.

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Vinicius Machado
SALA SETE

Jornalista, cinéfilo, fanático por Star Wars e editor do blog Sala Sete. Escreve sobre filmes e não dispensa uma boa conversa sobre o assunto.