“Do Senhor é a terra e tudo o que nela existe, o mundo e os que nele vivem;” — Salmos 24.1
Tudo é de Deus.
Não deveríamos criar uma separação entre as coisas criadas e o Deus criador de todas as coisas. “Não toque nisso”, “não use aquilo”; como se para nos unirmos a Deus fosse necessário abrir mão das coisas criadas, de nossas posses ou de usufruir delas. Antes, o verdadeiro desapego é nos desapegarmos de nós mesmos, de nosso egoísmo e dos ídolos que colocamos como centro de nossas vidas.
A causa do distanciamento sempre esteve em nós, em desconsideramos Deus e ignorarmos Seu reflexo em todas as coisas criadas. Na tentativa de viver sem Deus, perdemos a capacidade de reconhecê-Lo na criação e a transformamos em vícios ou em deuses vazios.
“Os que procuram fugir a esse estado, tratando as coisas boas que Deus nos dá como se fossem más, apenas se consolidam em uma terrível ilusão. Fazem como Adão, culpando Eva, e Eva, à serpente, no Éden. ‘A mulher me tentou. O vinho me tentou. A mulher é um ser pernicioso; o vinho é veneno, a comida é a morte. Devo odiá-los, desprezá-los. Detestando-os, agradarei à Deus…’ São pensamentos e atitudes que tentam proteger o “eu” egoísta e aplacar (satisfazer) o pequenino e insaciável deus que está em seu coração.” — Thomas Merton.
Chamar as coisas de impuras e afastar-se delas é uma maneira de proteger o próprio “eu” de revelar sua condição impetuosa e incontrolável. Sem Deus, as coisas criadas sempre irão dirigir nossos sentidos e sonhos, abastecendo nosso coração insaciável. Abrir mão de ser o provedor que satisfaz o próprio coração é aprender a utilizar as coisas em Deus e para Deus.
Existe uma forma de viver com o vinho, com a praia e os com prazeres da vida sem deixar que tudo isso transforme-se em um ídolo ou em um vício, e este caminho começa ao reconhecermos que “do Senhor é a terra e tudo o que nela existe”.
Receba ânimo novo e uma ótima semana.
— Daniel Wanderley
