Quanto custa sua saciedade?

Gabriel Marques
Saleiro
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3 min readMay 8, 2018

Eu e você somos parecidos, temos fomes. Sim fomes, não só a fome física/biológica. Temos fomes existências, e sim elas são parecidas. Temos fome de acolhimento, de ser amado, pertencimento, de ser visto, de amizades, etc… Nossas fomes por muitas vezes orientam nossas vidas, dizem qual caminho devemos tomar, com quem se nos relacionar e onde podemos encontrar este pão existencial que nos deixaria saciados e saciadas.

Buscamos encontrar em pessoas, coisas, lugares, experiências, comunidades, algo que nos preencha e nos faça completo. E ao longo do tempo comecei a perceber que negociava características minhas, negociava quem eu era e me moldava àquele grupo ou pessoa na qual eu acreditava que encontraria saciedade. Percebi também que em mim as pessoas encontravam cobranças e não um lugar onde eram aceitas. Minha sede por fazer do outro alguém melhor me tornou alguém cheio de moralidades, percebi que cobrava das pessoas que elas fossem aquilo que eu achava que elas deveriam ser. Que peso e que cobrança, viver sempre negociando quem se é, e cobrando do outro que ele não seja ele mesmo. Negociei crenças, valores, pessoas e amizades. Fiz com que pessoas negociacem valores, pessoas e amizades.

Vi amigos e amigas negociando seus corpos, seus desejos, seus sonhos, suas vidas para fazer parte da comunidade que acreditavam que saciaria seus desejos, vi quão destrutivo é buscar e não encontrar este pão. E aqui poderia utilizar aquele discurso religioso que diz: todos tem um buraco do tamanho de Deus. Não o farei, a figura religiosa de Deus é distante da realidade. Apesar da crença em Deus, a realidade continua sendo marcada por sofrimento, continuaríamos lidando com fomes apesar do discurso de completude.

Dizer que Deus o aceita e o ama é sim libertador, Jesus encontrou em seu pai a saciedade existêncial. Creio que podemos encontrar em Cristo o pão que tanto procuramos. Sei que dizer isso é ficar em uma campo imaterial, por isso acredito também que Jesus ensinou um jeito diferente de criar uma comunidade, aprendi recentemente que existe um outro modelo de relação. Uma comunidade que encontrou sua saciedade em Cristo e no espírito de Cristo — que habita em mim e em você — não cobra ou não espera do outro nada além do que ele é!

Onde podemos encontrar a saciedade existencial em Deus?

Creio que na relação pessoal com Ele, e não menos importante, na relação com o outro, se o espírito de Deus habita em mim e em você, creio que quando nos relacionamos encontramos no outro o Divino. Ex: Quando descubro que fui aceito como sou, posso aceitar como o outro é, quando o outro descobre que foi aceito em mim como é temos um encontro com o Divino.

Uma comunidade de pessoas afetas pelo amor do Cristo, é uma comunidade onde as pessoas podem ser quem são, não precisam negociar valores e características para fazer parte. Jesus é o pão no qual encontramos saciedade, e sua comunidade é onde o encontramos. Esse é o meu grande sonho e objetivo, ajudar na construção de comunidades onde todos sejam aceitos e aceitas, onde as fomes sejam saciadas uns nos outros para a honra e glória de Cristo, o grande professor.

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Gabriel Marques
Saleiro
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Sobre o que vejo, vivo e tento ser. Seguidor de Cristo buscando ser mais humano em terras distantes da humanidade.