Redes Sociais e Evangelização

Miguel Mendes
Salesianos Comunicação
3 min readFeb 24, 2019

A preocupação da Igreja Católica em evangelizar através dos novos meios de comunicação não é nova, fazendo, aliás, parte do seu ADN. Veja-se a utilização de obras de arte e arquitetura desde os primeiros tempos para evangelização dos fiéis.

O Concílio Vaticano II veio reforçar e essa preocupação com a publicação do decreto “Inter Mirifica” sobre os Meios de Comunicação Social.

Logo no primeiro capítulo podíamos ler que:

“entre as maravilhosas invenções da técnica que, principalmente nos nossos dias, o engenho humano extraiu, com a ajuda de Deus, das coisas criadas, a santa Igreja acolhe e fomenta aquelas que dizem respeito, antes de mais, ao espírito humano e abriram novos caminhos para comunicar facilmente notícias, ideias e ordens. Entre estes meios, salientam-se aqueles que, por sua natureza, podem atingir e mover não só cada um dos homens mas também as multidões e toda a sociedade humana, como a imprensa, o cinema, a rádio, a televisão e outros que, por isso mesmo, podem chamar-se, com toda a razão meios de comunicação social.”

Escusado será dizer que aí ainda não existiam smartphones, tablets, Skype, Facebook, Twitter…

As redes sociais digitais vieram não só alterar os paradigmas da comunicação humana, mas também a forma como nos entendemos a nós próprios como humanos, constituindo uma enorme oportunidade no campo da evangelização, se forem bem trabalhadas e compreendidas. Estes “novos” media podem significar um regresso à forma como os primeiros cristãos aprendiam as questões da Fé, ou seja, mais através do story-telling e do testemunho.

A Internet pode ajudar a Igreja a chegar não só aos novos nativos digitais como a pessoas que foram marginalizadas no passado com os modelos de evangelização tradicionais, como as minorias étnicas, por exemplo.

Mas como aproveitar essa enorme oportunidade que as redes sociais representam? Bom, em primeiro lugar existem duas formas de ver este fenómeno. Uma dessas formas — no meu entender, já ligeiramente desatualizada — é ver todos estes meios e canais como mais uma ferramenta para levar o Evangelho às pessoas. O outro consiste em ver a Internet como um novo espaço, um continente digital, com necessidade de ser ele próprio evangelizado. Ou seja, não se trata de debitar conteúdo, é preciso “estar”.

E porquê? Porque cada vez mais os jovens passam enormes quantidades de tempo online, num mundo que é cada vez mais real e menos virtual. É lá que partilham o que sentem, que comunicam, que fazem amigos e criam verdadeiras redes sociais, não exclusivamente digitais… Chegámos ao ponto em que o que para nós é o mundo real, está-se a tornar para eles uma realidade “virtual” e secundária.

Para termos consciência da grandeza desse “continente” basta pensar que se o Facebook fosse um país, seria o mais populoso do mundo com certa de 1.49 biliões de habitantes. Torna-se evidente que não podemos só bombardear mensagens religiosas através das redes sociais, mas ir verdadeiramente ao encontro das pessoas através delas.

Para isso partilho algumas sugestões pastorais:

  • Ser positivo e alegre;
  • Saber escutar;
  • Evitar conflitos e julgamentos;
  • Ser verdadeiro, sem sensacionalismos;
  • Rezar online: criar espaços e momentos de oração, reflecção e meditação;
  • Estabelecer relações e comunhão;
  • Ser missionário online.

A nível mais prático deixo também algumas sugestões que se podem implementar a nível paroquial:

  • Criar uma comissão digital paroquial com membros de todas as áreas da comunidade;
  • Integrar “bloggers” da paróquia para ajudar a meter a “máquina” a mexer;
  • Definir objetivos claros;
  • Perceber quais as redes sociais que se adequam aos objetivos previamente definidos.
  • Fazer reportagens, podcasts, gravar homilias, mensagens especiais, ou mensagem da semana, bem como a partilha de testemunhos dos paroquianos.
  • Etc.

--

--