Sexo casual: além do prazer instantâneo
A prática do sexo casual sempre esteve relacionada com festas e curtição, mas essas relações não causam apenas prazeres momentâneos, causam efeitos para a vida
Amizade colorida, sexo sem compromisso ou ficadas podem parecer títulos de filmes de comédia romântica, mas não importa como você prefira chamar o sexo casual, de fato essa prática que ainda é um tabu está se tornando cada vez mais frequente na nossa sociedade. A definição de sexo casual é sexo por acaso, sem laços afetivos.
O pesquisador Justin Garcia do Kinsey Institute e sua equipe da Binghamton University (2012) apresentam, em estudo sobre o tema, que “ficadas” são parte de uma transformação cultural que se instalou na vida de adultos emergentes, ou seja, aqueles que estão passando por um período intermediário entre a adolescência e a vida adulta, que ocorre entre os 18 e os 25 anos, em todo o mundo ocidentalizado. No entanto, tais relações podem sim significar uma ameaça significativa à saúde física e psicológica de quem as pratica.
Outro estudo publicado pelo Journal of Sex Research aponta que o sexo é vendido como algo que pode ser desassociado da vida sentimental, “justificando os instintos, a parte animal de cada um, com a parte primitiva do cérebro”. Além disso, a prática casual tem sido vinculada a festas, jovens, álcool e diversão, mas o estudo também conclui que o efeito colateral pode ser contrário ao esperado: às vezes, o sexo sem compromisso pode trazer consequências como depressão, estresse e instabilidade emocional.
Esse assunto ainda é tão tabu que parece que não está na nossa realidade, mas está mais presente do que você imagina. Os dados abaixo são resultados de uma pesquisa realizada com 1.032 pessoas residentes de Cascavel e região via WhatsApp.
83,3% das pessoas que responderam são mulheres
16,7% são homens
83,3% das pessoas que responderam já fizeram ou fazem sexo casual
92% acha que a prática é saudável, mas depende de fatores como proteção ou psicológico
Você está vendo como o sexo casual realmente está presente na vida das pessoas próximas? Por isso, deve-se analisar, além do âmbito físico, as consequências emocionais disso. Além do prazer instantâneo, levar em conta outros efeitos que o não compromisso pode desencadear.
“Sexo sem compromisso é igual dar comida vegana para um carnívoro, ele nunca vai ficar satisfeito”. Essa frase é de uma fonte que é praticante do sexo casual há mais de cinco anos. Segundo ela, a insegurança e a falta de estabilidade nos relaciomentos ligados apenas ao sexo sempre deixam a sensação de que falta alguma coisa.
A psicóloga Leticia Rezzadori, que faz uma reflexão sobre o tema; ela atua com foco em autoconhecimento e relacionamentos.
Sexo casual além do carnal
Além dos riscos já conhecidos à saúde, as pessoas que praticam o sexo casual podem sofrer consequências emocionais que se mantêm por muito tempo após os detalhes de um único encontro que é vago à lembrança, acarretando em arrependimento e vergonha.
Existe aquela sensação de desconforto, apesar de haver a ideia por parte de tantos de que “ficadas” são boas e normais. No entanto, alguns podem sentir que fizeram algo que vai contra os seus próprios padrões e limites. Logo, se torna bem frequente a intensa ansiedade de desempenho, podendo até mesmo afetar na prática sexual, além do desapontamento, confusão, constrangimento, culpa e baixa autoestima. Normalmente, as emoções costumam ser mais positivas antes e durante uma relação, vindo a se apresentar depois de forma negativa.
O ato sexual pode e deve ser bom e saudável, sempre e quando se inclui a razão juntamente com o famoso instinto. Apesar de o mundo moderno nos estimular ao sexo casual, sabe-se que, quando incluída a parte sentimental, o sentido e as preferências de cada um ao ato, poderá resultar em algo mais satisfatório e uma experiência completa para ambos, sem que algum se sinta somente um objeto sexual.
Para a prática do sexo casual de forma psicologicamente saudável, o praticante precisa estar seguro e satisfeito de sua escolha, buscando uma parceria íntima que traga a ele confiança, o satisfaça e que venha a influenciar de forma positiva e considerável no seu bem-estar.
