Tutorial de como destruir o planeta

Marcus Felix
Samhaus

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Primeiramente preciso dizer que destruir o planeta é muito difícil mas vamos listar aqui algumas maneiras de acabar com este lugar que chamamos de Terra. Segundo, nenhuma das maneiras aqui listadas são de fácil acesso, as vezes totalmente inacessíveis, portanto não se preocupe em compartilhar esse texto por aí.

Pra começar, nosso planeta tem mais de 4.5 bilhões de anos (pra quem acredita) e continua aqui. Já aguentou milhares de impactos de asteróides que variam do tamanho de um carro a corpos do tamanho de marte — que inclusive é uma teoria sobre a origem da nossa lua (pra quem acredita) mas essa é uma outra história.

É uma quase-esfera de 5,973,600,000,000,000,000,000 (5 sextilhões) toneladas de basicamente ferro; Possui 12km de diâmetro o que dá mais ou menos 510.100.000km² de área e não é um disco plano sustentado por 4 elefantes navegando sobre uma tartaruga cósmica gigantesca.

Falando de destruição total do planeta, o mais provável que aconteça é de sermos eliminados da face da Terra pelas nossas próprias atitudes. Seja por uma guerra termonuclear ou efeitos colaterais do aquecimento global, nós estamos fazendo um bom trabalho no sentido de tornar esse planeta inabitável.

Mas se seu plano é acabar com tudo e não sabe por onde começar, acompanhe alguns métodos que podem ser úteis nessa empreitada:

Aniquilação total por anti-matéria

Anti-matéria é o material mais explosivo que você pode imaginar e será necessário uma quantidade do tamanho de outro planeta. É possível criar anti-matéria aqui mesmo com um acelerador de partículas, mas em quantidades muito pequenas, o que levará um tempo absurdo para acumular a quantidade necessária.

Imagino que seja necessário manufaturar isso tudo no espaço não muito longe do planeta por que uma vez alcançada a quantidade, temos que lançar essa anti-matéria toda rumo a Terra, o que vai gerar uma liberação de energia equivalente a liberada pelo sol em 89 milhões de anos em um só instante. Tudo que sobrará será energia se expandindo pelo universo a fora. Para sempre.

Centrifugação do juízo final

Todos sabemos como funciona a força centrífuga.

Imagina se fosse possível acelerar a rotação do planeta com foguetes no equador, fixos em determinado ângulo a ponto que o planeta desse uma volta a cada 80 minutos. Isso seria suficiente pra achatar a forma esférica com pedaços da crosta terrestre se desprendendo até sobrar somente o magma exposto. Nesse caso, momentos antes do apocalipse, ventos de velocidade assombrosa não somente arrancariam as roupas do varal mas alisariam a superfície da Terra, removendo montanhas e tampando vales com vento, poeira e água dos mares. Estejam avisados.

Acerte uma pedra grande o suficiente

Tudo pode ser destruído com força bruta adequada. Então consiga uma pedra grande, talvez Marte, acelere a uma enorme velocidade e lance rumo a Terra. O impacto ia pulverizar os 2 planetas, onde os pedaços, poeira e magma dificilmente iriam coagular novamente em um novo corpo sobrando apenas um cinturão de meteoros. Mas você precisa se esforçar. Seria necessário lançar Marte a uma velocidade de 11km por segundo pra tudo dar certo. É possível usar um corpo menor, tipo um asteroide de 5,000,000,000,000 toneladas, mas dai é necessário acelerar mais, talvez uns 90% da velocidade da luz seria o bastante.

Queime com fogo

A solução mais óbvia seria lançar o planeta no Sol e deixar que o calor de 5504ºc derretesse a terra em uma bola de ferro vaporizado que lentamente seria engolida pela gravidade do Sol. Tudo bem que se a Terra cessasse seu movimento em torno do sol, ela já ia lentamente ser puxada pela gravidade até colidir com a nossa estrela. Mas isso parece ser mais impossível que simplesmente acelerar o Sol rumo a órbita da Terra e esperar o mergulho na superfície do mar de fogo. Na verdade isso também parece bem impossível.

Mas lembre-se que nosso Sol está na metade de sua vida e que daqui 5 bilhões de anos vai dar seu último suspiro. Assim que o combustível da fusão nuclear que ocorre em seu núcleo acabar, a atmosfera do Sol vai expandir, engolindo Mercúrio e Vênus. Provavelmente a Terra não vai ser engolida, mas será o fim de tudo que vive sobre sua superfície. Seria um aquecimento global com super poderes.

Buraco de minhoca para o fim dos tempos

Quem já assistiu o filme Interestelar do Christopher Nolan conhece uma boa representação visual de uma Ponte Einstein-Podolsky-Rosen, também chamado de Buraco de Minhoca. No filme os personagens entram em um desses buracos e viajam através de uma dobra no tempo-espaço até um sistema de planetas orbitando um maravilhoso buraco negro.

De posse de uma tecnologia de abertura de buraco de minhoca, as possibilidades são variadas. Podemos ligar o centro do nosso planeta a um buraco negro e ser sugado de dentro pra fora, ou ao centro de uma gigante vermelha e explodir grandiosamente, enfim, daria pra fazer muita coisa se isso tudo fosse minimamente possível. Buracos de minhoca é um objeto astronômico hipotético e cientificamente improvável.

Menção honrosa #1: Bombas atômicas

Falando de destruição planetária, bombas atômicas, mesmo que todo o arsenal mundial detonados ao mesmo tempo, não fariam a mínima diferença para o planeta. Certamente são armas assustadoras para os seres vivos, mas pra Terra, meh!

Menção honrosa #2: Existência negada por viagem no tempo

Muito simples: Pegue sua máquina do tempo, volte 4.5 bilhões de anos e impeça que o disco proto-planetário da Terra coagule e forme esse planeta que tempos hoje. Parece muito fácil mas seria uma violação da teoria da relatividade já que não é possível viajar no tempo para o passado, talvez para o futuro se você for rápido o suficiente.

Menção honrosa #3: Raios Gama do mal

Raios gama são terríveis. É um tipo de radiação eletromagnética de alta frequência produzidos em eventos astronômicos de grande violência capaz de deixar seres humanos extremamente fortes, com raiva e com a pele verde. Nesse caso precisamos estar próximos de uma estrela massiva com mais de 40x a massa do sol. Mesmo a Betelgeuse, que é uma das maiores e mais próximas estrelas conhecidas, tem somente 20 massas solares. Então seria necessário estar perto de uma Eta Carinae, por exemplo, que tem 140 massas solares, mas fica a ~7500 anos luz daqui. Mas mesmo assim, os raios gama não fariam efeito algum ao corpo planetário. Uma pena.

Destruir o planeta exige muito planejamento, dinheiro, vontade política e trabalho humano para o desenvolvimento da tecnologia necessária para qualquer um dos métodos listados acima. Mudar o futuro da humanidade sempre vai exigir um esforço muito grande e um envolvimento global de lideranças políticas e privadas no sentido de se alcançar o fim desejado.

Como é de interesse de todos, inclusive do capital, para que o planeta continue nos hospedando gentilmente, precisamos planejar, liderar e desenvolver iniciativas para mudar nosso relacionamento com os recursos naturais e o meio ambiente para que tudo não acabe, pelo menos para nós seres humanos.

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