Inclusão de pessoas surdas em tech — como é na prática?

Cleonice Terra De Faria
sbf-tech

--

No Brasil, cerca de 5% da população é surda. Segundo dados do IBGE, esse número representa 10 milhões de pessoas, dos quais 2,7 milhões não ouvem nada…
A taxa de participação da força de trabalho entre as pessoas sem deficiência foi de 66,4% em 2022, já entre as pessoas com deficiência ela cai significativamente para 29,2%.*

Os números da baixa participação no mercado de trabalho das pessoas com deficiência é um reflexo da quantidade de barreiras que é preciso superar para estarem empregadas. Quando olhamos para o grupo de pessoas surdas dentro desse contexto, os desafios são ainda maiores:

  1. O “turnOver” de pessoas surdas nas empresas costuma ser muito alto, pela dificuldade que possuem de se comunicar com seus gestores e colegas de trabalho, o que dificulta entendimento de atividades, resultando muitas vezes em baixas performances e demissões
  2. Promover a inclusão de pessoas com deficiência auditiva requer treinamento e capacitação em vários níveis da empresa para que possam estabelecer-se a comunicação seja escrita ou falada (no caso, traduzida em LIBRAS)
  3. Não há recursos suficientes para manter intérpretes de libras a disposição dos funcionários. Nesse cenário, podemos citar várias situações como não ter intérprete o suficiente para atender a demanda de reuniões e apoio a quantidade de pessoas e eventos que precisam estar presentes, como também a burocracia/fila de espera para se requisitar este recurso dentro da empresa, devido a alta demanda
  4. Dado a complexidade de reter e contratar surdos, as empresas acabam optando por contratar pessoas com outros tipos de deficiência, como a física por exemplo, cumprindo assim, sua obrigação legal em conformidade a lei de cotas

Nosso jeito de incluir com libras…

Aqui no Grupo SBF, os colaboradores surdos contam com apoio de intérpretes em libras, em quaisquer reuniões que precisem se comunicarem com seus líderes, pares e parceiros! As solicitações vão desde os papos em grupo de trabalho e até mesmo nos individuais, como um alinhamento com gestor.
A Fabiana Souza, é Analytics Engineer do nosso time tech, é surda e sempre que precisa participar de reuniões, agenda com o intérprete que comparece pontualmente ao encontro. Ela se sente segura em trabalhar aqui exatamente por contar com esse recurso de intérprete tão importante para manutenção das suas relações na empresa.

Algumas dicas práticas

A vivência com colegas como a Fabi, nos ensinou algumas lições que deixarei aqui como boas práticas de inclusão e respeito. Então, quando você estiver em conversas onde há intérpretes de libras intermediando o papo, pense nessas dicas:
-Durante uma discussão ou troca de ideias, é importante manter as falas o máximo possível espaçadas, num ritmo que permita o intérprete de libras captar as mensagem para traduzi-las
- Quando for a vez da pessoa surda se comunicar por libras, dê o tempo necessário para que o intérprete entenda os sinais e a mensagem que se quer transmitir. Procure não falar nesses momentos pois pode interromper a atenção do interprete e da pessoa que esta se comunicando por libras
- No mais, seja o agente de mudança e promova um ambiente seguro para que a pessoa com deficiência vá construindo a inclusão a medida que se vai aprendendo no caminho como as coisas funcionam para ela e para o grupo que está inserida!

--

--