Por que nunca mais trabalho para nenhuma empresa.

Vinícius Azerêdo
Blog da Transzmuta
Published in
4 min readAug 12, 2015

Vai ficar tudo bem.

Largar tudo para ser feliz ou engolir o choro parecem ser as únicas opções ultimamente.

Largar tudo é sobre felicidade.

“Você precisa amar seu trabalho. Se não ama, é melhor procurar outra coisa. Siga sua paixão. Dinheiro não é o mais importante.”

Disciplina é sobre responsabilidade.

“Um bom salário é privilégio. O mundo é cheio de desigualdade. Você não precisa de tapinhas nas costas. Precisa de disciplina. Não dá para ter tudo.”

Quero contar minha experiência pessoal e porque acho que você precisa deixar de ouvir essas pessoas.

Isso não é um manual.

Apesar das minhas próprias decisões, elas estão longe de uma solução universal. O que acredito vai na direção oposta.

Tudo é incrivelmente e intrinsecamente particular. Precisamos parar de dizer aos outros como ser feliz como se estivéssemos no lugar da outra pessoa. Não estamos.

A vida não vem com manual e se viesse haveria um para cada um de nós.

Então, você pega a direita aqui, vai reto, passa o posto de gasolina. A felicidade fica logo ao lado do mercadinho.

Somos um conjunto de células e experiências misturadas por destino ou acaso numa combinação diferente de qualquer outro ser humano. Ninguém sabe o que vai sair daí.

Você pode largar tudo e perceber que era mais feliz antes com seu crachá e menos fotos no Instagram durante o horário comercial.

Pode ficar em um mesmo emprego por vinte anos e ser demitido sem nenhuma consideração. Ou não ser demitido e nunca saber quem você é sem seu emprego.

Pode ser que perceba ser capaz de muito mais. Talvez consiga realizar o improvável. Ou, com sorte, descubra um motivo pelo qual valha a pena tentar, mesmo se for impossível.

Escute quando disserem que tem algo errado e estão preocupados. Quando disserem exatamente o que está errado e o passo-a-passo detalhado de como consertar, desconfie.

Trabalho não. Causa.

Para alguns, quem “larga tudo” é imaturo ou financeiramente favorecido. Aparentemente, quando não há segurança ou dinheiro, não há o que fazer.

Eu de boas esperando alguma coisa acontecer na minha vida.

Participei de um trabalho voluntário com adolescentes da Rocinha há pouco tempo. O grupo ia para o projeto depois das aulas e no fim de semana sem faltar nenhum dia. Com 15 anos, criaram empresas para solucionar os próprios problemas, procuraram quem investissem neles e estão conseguindo transformar sua realidade. Talvez tivessem tudo para não conseguir. Talvez não acreditassem neles. Talvez fosse responsabilidade de outras pessoas. Mas eles estão fazendo.

Também conheço voluntários na África com uma boa situação financeira. Tenho certeza de para quem eles ajudam, isso não faz diferença. É mais importante tê-los ali. Também tenho certeza que para os voluntários seria mais fácil não ter feito nada. O chamado para fazer a diferença vem de dentro, não de uma conta bancária.

Não nasci em berço de ouro. Ninguém paga minhas contas. Tenho orgulho em poder ajudar minha família mesmo com pouco. Não tenho pilhas de dinheiro guardado e, aparentemente contradizendo todas as leis do universo, pedi demissão.

Assim como os adolescentes da Rocinha, os voluntários da classe média alta e tantos outros, decidi fazer mais do que acredito sem esperar permissão. Enxergar menos empregos e mais causas.

No meu caso, isso significou deixar de fazer o que estava fazendo. Significou assumir riscos para os quais não estou completamente preparado. Só não significou largar tudo.

Estou levando “tudo” para mais perto do que acredito e quem sabe aproveito para deixar uma coisa ou outra para trás.

Nunca mais trabalhar para nenhuma empresa significa que o motivo pela qual trabalho não é mais uma carreira. Não é só pelo dinheiro. Nem pela busca da minha felicidade.

Decidi trabalhar por uma outra opção aparentemente escondida esses dias: pelo o que eu acredito. Como qualquer outra pessoa, espero que dinheiro, felicidade e wifi venham juntos. É só uma questão de prioridade.

Nada de importante acontece sem custos, mas você já paga caro por muita coisa. Tenha certeza de ter pedido tudo o que vem na sua conta.

Gente que não sabe seguir receita.

Não podemos correr o risco de achar que sabemos tudo sobre a vida. Não existem verdades absolutas, apenas tentativa e erro.

Não somos pequenos demais para fazer a diferença. O mundo gira por gente que se importa o suficiente para fazer alguma coisa, não importa o tamanho. Se tem mais a oferecer, não peça permissão.

Você pode fazer isso no seu trabalho ou no seu tempo livre. Você pode até mudar de emprego ou abrir o próprio negócio. Você pode estar na Suíça ou no cheque especial.

Você só precisa parar de ouvir essas pessoas com receita para tudo.

Ok, algumas vezes é melhor seguir a receita.

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