Um breve manual de marketing para o governo e algumas dicas para sobreviver na era digital.
A revolução digital mal começou e já pegou muita gente de bobeira. Principalmente, quem estava acostumado a ter um grande controle sobre a própria imagem e as conversas que participava — se é que dá para chamar o que rolava de conversa.
A maioria das empresas ainda tem um longo caminho pela frente, mas ninguém está tão perdido quanto o governo.
O problema é que quando uma empresa faz tudo errado, a maior prejudicada é ela mesma e seus pobres consumidores (às vezes, vidas inocentes também viram dano colateral de spam e correntes insuportáveis).
Já o governo? Todos nós estamos na reta, pero quem governa nem sempre. Então, preparei esse mini manual de sobrevivência com a esperança de que toque o coração de alguém em Brasília.
Não troque likes.
Não tente ganhar visualizações e likes a qualquer custo e no curto prazo. Relacionamento é algo que se constrói com o tempo. Você pode pagar R$ 1 milhão de cachê no show da virada e lotar a praia de Copacabana (leia-se receber milhões de views em um dia), mas essa é a métrica errada, parça! Pergunte a qualquer social media — os profissionais que entendem de construir marcas nas redes sociais — por aí: o que importa mesmo é engajamento (e conversão, ainda vamos chegar lá).
Conteúdo é rei. Contexto é tudo.
Em vez de pensar em alcance, ou seja com quantas pessoas dá para falar ao mesmo tempo, concentre-se em ouvir uma pessoa de cada vez. A maioria de nós já está vacinada para esse falatório vazio de uma mão só e esse discursinho vai direto pra pasta de SPAM do nosso cérebro. O que você está falando importa, mas o que importa ainda mais é o contexto do seu conteúdo. O pior que se pode fazer é encher a boca pra falar que está tudo incrível pra quem está tomando porrada.
[IMPORTANTE] Fazer > Falar.
Se não entendeu nada até aqui, essa é a hora pra parar, respirar e reler até entender. Como estamos desacreditados dos discursos, a forma de comunicação atual mais persuasiva é fazer. Só isso, fazer. Só que não é fazer qualquer coisa pra ganhar voto. É um fazer centrado no seu consumidor (no caso, a população que representa). Para as empresas isso se chama Product/Market Fit, ou seja, se o que você está oferecendo gera valor a quem você está oferecendo. Com a revolução digital, o mundo é uma cidade pequena e o boca-a-boca vai longe.
Faça, faça, faça. Só então, peça.
Se toda vez que se comunica é para pedir, para que tá feio. Você tem que se importar (se não se importa, vai fazer outra coisa). Faça o que puder pra gerar valor para sua comunidade. Só depois de repetir esse passo muitas vezes, você pode pedir algo. Por que isso importa? Porque sua taxa de conversão — a % de pessoas que de fato fazem o que você pediu — importa. Quanto mais as pessoas sentem que receberam, mais elas devolvem. E conversão = voto, índice de aprovação, governo feliz.
Obviamente, isso é só o início. Mas se acertamos o básico, conseguimos fazer uma grande diferença. Seguir esses passos não é ser bonzinho, inocente ou ingênuo. É sobrevivência. Não pense no curto-prazo. Esses serão os primeiros a cair.