Um sábado, uma camisa: Corinthians Third 2017

Kamila
Seção Feminina
Published in
5 min readJan 15, 2022
A inédita e invicta Libertadores feminina veio no fim de 2017, com o Corinthians, já no fim de sua parceria com o Osasco Audax, se vestindo de azul para enfrentar o Colo-Colo. Foto: site da ESPN

Tirando o blog da poeira, primeiramente te desejo um feliz 2022, que você realize todos seus sonhos, se vacine e etc etc etc. Por questões pessoas, talvez o podcast Seção Feminina não volte, nunca sei de nada, rs, mas não vou apagá-lo, portanto você pode ouvir os episódios disponíveis em seu agregador favorito clicando no link ali em cima.

Isso posto, pensei numa nova coluna para voltar a fazer blog circular. Com o sucinto nome “Um Sábado, Uma Camisa”, a ideia é trazer uma história de futebol feminino através de uma camisa do meu acervo. Ciente de que há uma imensidão de histórias de futebol feminino a serem contadas, pretendo fazer isso através das minhas camisas.

E a de hoje foi escolhida meio que no susto, já que eu não tinha planejado nada, apenas havia acabado de receber a peça, após comprá-la durante a semana num desses bazares de Instagram, no meu caso, um que vende apenas peças do Corinthians. E vestindo essa camisa, o Corinthians/Audax foi campeão pela primeira vez da Libertadores feminina — que em 2022 vai pagar 1,5 milhão de dólares ao campeão, o que, convertendo para o real, vale 8 milhões de reais. OITO. MILHÕES. DE. REAIS. É como tocar o céu.

Confesso que tenho poucas lembranças dos tempos do Corinthians/Audax pelo simples motivo que eu não acompanhava o time, pois não gostava (e ainda não gosto) de times fazendo parcerias para montar suas equipes femininas, mas volta e meia eu me pegava compartilhando algum vídeo de gol. Porém, quando assisti a uma reportagem da Gazeta Esportiva, em que o Corinthians afirmava que ia encerrar a parceria no fim daquele ano (2017), passei a ver a equipe com outros olhos. Agora sim aquele era meu time, não que ele não fosse o Corinthians, mas era o Corinthians com alguém, a partir de primeiro de janeiro de 2018 seria apenas Corinthians e era aquilo que me importava.

Ciente disso e de que aquela edição de Libertadores seria transmitida pelo Facebook, fui assistindo os jogos que dava — não consegui ver tudo devido os horários, já que eu estava trabalhando e não tinha como assistir. Até que chegou a bendita final.

Até ali, o Corinthians/Audax havia superado uma intoxicação alimentar que havia pegado não só o time mas como várias outras equipes, depois venceu o Sportivo Limpeño (hoje Libertad/Limpeño), as donas da casa aliás, por 2x0, as bolivianas do Deportivo Ita por 6x1 e se classificou vencendo o Independiente Santa Fe (ele mesmo) por 2x1. Na semi, passou pelo Cerro Porteño por 3x0. Agora era final contra o Colo-Colo e a arbitragem.

Ainda bem que essa história da Nike de fazer camisa feminina com gola V só foi em 2017, demasiado decotada e desconfortável para uma camisa de futebol. Foto: arquivo pessoal.

Tal qual Carlos Amarilla naquele fatídico Corinthians x Boca de 2013, o Corinthians/Audax teve que enfrentar não só o Colo-Colo como também a arbitragem da Eyerlitz Escalona (que eu tive que jogar na internet porque não fazia ideia do nome, só lembrava do sobrenome), que não deu três (eu disse TRÊS) pênaltis claríssimos a favor do Corinthians/Audax. O jogo acabou sem gols e eu até hoje não sei como não quebrei o computador de tanto que xinguei aquela arbitragem.

Já na marca da cal, Cacau perdeu, Daiane (não sei dizer se é a que tem 22 irmãos e irmãs), Kerolin (que eu tive a certeza de que era craque quando a vi ao vivo num Corinthians x Ponte em 2018; em 2022 vai jogar pelo NC Courage, dos EUA), Pardal e Byanca Brasil. Como eu não lembro quem converteu os penais pras chilenas, joguei na internet a súmula e, de acordo com o site do Corinthians, foram marcados por Villamayor, Karen, Quezada e Guerrero; Lelê defendeu a cobrança da Claudia Soto.

Enquanto isso, a internet da minha casa resolveu travar, então só vi que havia empatado as cobranças e tinha ido pras alternadas — como eu não lembro dos fatos com clareza graças à internet que era tão ruim que parecia discada, vi no site do Corinthians que, nas alternadas, Yasmim perdeu, Lelê defendeu o chute da Camila Sáez, Ana Vitória converteu e aí o Facebook travou de vez e eu vi o Corinthians/Audax conquistar o título pelo Twitter, já que o Corinthians fez o tempo real do jogo em sua conta principal. No fim, Claudia Soto mandou a bola pras placas de publicidade e o Corinthians foi campeão.

Eu não acredito em muitas coisas, mas se tem uma que eu acredito é que a zica tem sono leve. Outra coisa que acredito é que o Corinthians (com ou sem o Audax) não deveria ter uma camisa 3, mas não mando no marketing do clube. É claro que o Corinthians não poderia jogar de branco porque o Colo-Colo iria jogar de branco (também é o uniforme principal delas), mas de azul?????? E não só azul, mas um azul degradê que não tem nada a ver com a história do clube??? Claro que a história do feminino não deve estar atrelada e nem condicionada ao masculino mas é desnecessário dizer que o Corinthians é preto e branco independente de modalidade, poderiam muito bem ter usado o uniforme preto.

Bom, no fim das contas, a minha internet destravou a tempo de ver a festa e a taça sendo levantada. Dessa edição ficou a camisa azul, algumas jogadoras que a gente só lembra que jogaram no Corinthians porque a gente vê as fotos e vídeos, como a já citada Kerolin, Rosana, Ana Vitória, Daiane, fora algumas que estou vendo a foto que abre este texto e reconheço — lembrando que algumas vieram pro Corinthians/Audax emprestadas apenas para a disputa continental, como os casos da Kerolin e da Rosana.

Poucas lembranças ficaram, mas não posso brigar com os fatos pois se a parceria com o Audax não tivesse existido, talvez o Corinthians não teria chegado ao ponto que chegou. Foi feito um documentário sobre a conquista, que você assiste clicando aqui. Por fim, com a compra dessa camisa, agora eu tenho as camisas usadas nos três títulos continentais do Corinthians, mas por convicção não vou personalizar com o nome de ninguém pois não personalizo camisas 3 (sim, eu critico a existência delas mas compro).

Vai Corinthians!

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Kamila
Seção Feminina

Jornalista que na próxima vida será jogadora de futebol.