Um Sábado, Uma Camisa: Team GB Home 2020/1

Kamila
Seção Feminina
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5 min readJan 22, 2022
Ellen White foi a artilheira do team GB nos jogos, com seis gols (dos sete que o time fez na competição). Foto: site The Independent

Hoje é dia de relembrar a participação desse time no torneio de futebol feminino das Olimpíadas de Tóquio 2020 (realizada em 2021 por causa de vocês sabem quem), que prometia ir longe na competição mas acabou ficando pelo caminho: o Team GB, ou time Grã-Bretanha.

Antes de mais nada, saiba que diferenciar Grã-Bretanha de Reino Unido é um troço complicado, então o que você precisa saber é que no torneio olímpico de futebol podem representar o Team GB jogadores/as da Inglaterra, País de Gales e Escócia. Neste artigo a situação está bem explicada, mas a grosso modo se disputa como Team GB e não como Inglaterra (já que quem ganhou a vaga olímpica foi a Inglaterra, via Copa do Mundo — as três seleções europeias melhor classificadas no mundial ganham as vagas) por questão histórica e porque se os países disputarem separadamente, a Inglaterra ficaria abaixo da Rússia na contagem geral e os demais ficariam lá no rodapé da página.

Isso posto, devido à pandemia, o Comitê Olímpico Internacional permitiu, depois de muita briga, não esqueçamos, que os 22 nomes convocados pelas seleções (18 + 4 que ficam na lista de espera pra substituir alguém em caso de lesão ou COVID) poderiam jogar e receberiam medalhas normalmente.

Esse torneio (uma avant-première do que vamos enfrentar ano que vem, na Copa da Oceania) teve excelentes jogos, mas todos na madrugada/comecinho da manhã), então imagine o esforço que fiz pra acordar às cinco pra assistir China x Zâmbia (Barbra Banda? Craque!) e em seguida emplacar um Team GB x Japão (acho que esses jogos foram no mesmo dia, não vou lembrar) e ainda teve dia que o jogo do Team GB era no mesmo dia do jogo do Brasil!!! Acho que aconteceu em duas ocasiões, sendo uma no dia da eliminação de ambos para Canadá (a Labbé caiu pro mesmo lado EM TODAS AS COBRANÇAS) e Austrália (era só ter alguém marcando a Kerr naquele lance do segundo gol)…

Mais linda que a de 2012 e não adianta brigar com a imagem. Foto: arquivo pessoal.

Agora falando da camisa, que desde já afirmo com tranquilidade que é muito mais bonita que a usada na edição de 2012 (que o time disputou em Londres). Naturalmente, é uma camisa histórica, já que não é todo dia que o Team GB participa do torneio de futebol feminino — em 2016, o time não veio pro Rio por picuinha entre a FA e as demais federações.

Essa camisa é feia demais. Só três atletas estiveram nos dois torneios: a já citada Little (camisa 12), a volante Jill Scott (#4) e a zagueira Steph Houghton (#3). A outra curiosidade é que em 2012, o Manchester City ainda era amador; em 2020/1 o clube cedeu 10 atletas para o Team GB, já considerando o corte por lesão da goleira Karen Bardsley (#1 na foto acima). Foto: site She Kicks.

Do time selecionado pela interina Hege Riise (que tem a Tríplice Coroa da Copa do Mundo, Euro e ouro olímpico), só três nomes não eram ingleses: as escocesas Caroline Weir (Manchester City) e Kim Little (Arsenal) e a galesa Sophie Ingle (Chelsea), todas jogadoras de meio-campo.

Vestindo uma camisa majoritariamente branca, com detalhes que simulam a bandeira da Grã-Bretanha em destaque (e no detalhe da manga), o time começou fulminante, com Ellen White (Manchester City) fazendo praticamente todos os gols do time na competição, mas como falei acima, o time caiu nas quartas pra Austrália, que acabaria em quarto lugar. Uma curiosidade é que o COI não permite nenhum tipo de propaganda nos uniformes, o que explica o fato de que a camisa, da Adidas, não tem suas famosas três listras nos ombros — e eu tenho certeza que você não tinha reparado nisso até ler esse parágrafo, rs.

A bandeira da Grã-Bretanha no detalhe. Cadê as três listras da Adidas? O COI barrou! Foto: arquivo pessoal.

De todos esses anos que acompanho futebol feminino, esse foi o segundo torneio que pude acompanhar na íntegra (o outro foi o mundial da França), já que os jogos além de serem em horários próximos (haja multitela), eu estava (e ainda estou, no momento que escrevo essas linhas) trabalhando de casa; em 2016, só consegui assistir alguns jogos do Brasil e a final, já que eu trabalhava e estudava na época. Redundante dizer que a qualidade dos times melhorou absurdamente e mesmo quem veio sabendo que seria saco de pancadas (desculpa, Zâmbia) conseguiu fazer um bom papel (era só o Brasil ter goleado a Zâmbia que fugiria do Canadá pra pegar um dos EUA mais fracos de todos os tempos, a história não me deixa mentir).

No fim das contas, quase que simultaneamente, eu estava trabalhando, a Labbé estava pegando pênaltis e na prorrogação de Austrália x Team GB meu notebook descarregou, provavelmente querendo evitar que eu tivesse que assistir o desgosto de ver a Austrália aproveitar a peneira da zaga britânica e fazer mais dois gols (preciso dizer que estava torcendo também pro Team GB por causa das jogadoras do City? Achei que estivesse subentendido lá no primeiro parágrafo, rs). Enfim, depois dessa dupla decepção, fiquei tão chateada que fui atender uma solicitação de uma superior no trabalho e acabei fazendo errado. Por sorte, consegui corrigir a tempo de surgir um problema maior.

E essa camisa é modelo jogadora, o que significa que tem as mesmas tecnologias (e um material muito frágil) que as usadas pelas atletas. Eu comprei numa loja inglesa focada em futebol feminino, pois não foram todas as lojas do ramo que estavam vendendo as roupas do Team GB (e aqui falo no geral mesmo). Ela é tão frágil que sequer tirei da etiqueta (aí eu entendi porque há colecionadores que não tiram as etiquetas das camisas), não pretendo vender mas acho que não vou usar também pois o escudo e a bandeira do ombro são estampas que o Gomes, o cara em que restauro e personalizo camisas, dificilmente conseguiria reproduzir devido o material ser emborrachado, um tanto difícil de encontrar por aqui.

Penso que essa camisa (e a de 2012 também) deveria estar nesses livros que falam de camisas de time, muito comuns no exterior, pois independente de resultado, foi uma bela história, seja pelos gols da White, pelas três não-inglesas sendo importantes, ou pelas jovens que afloraram e se consolidaram. O Team GB não fez tãããão feio assim, só ficou feio porque a defesa não ajudou — tarefa árdua que a Sarina Wiegman terá para corrigir para o próximo torneio de futebol.

E que venha a Eurocopa com Inglaterra e Irlanda do Norte (no mesmo grupo!!!) mas sem Escócia, Irlanda e País de Gales!

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Kamila
Seção Feminina

Jornalista que na próxima vida será jogadora de futebol.