Compositor de destinos

Barbara Miranda
sedeorespeito
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2 min readJun 30, 2017

O conceito de que o tempo é relativo, já existe faz tempo, mas parece que ao longo da evolução humana e da formação da sociedade moderna, o relativismo foi deixado de lado e o tempo, antes incalculável, agora, tornou-se pragmático.

Tempo é dinheiro, ou pelo menos é o que dizem, e não a cabe mim dizer o quanto vale o meu tempo. As horas são avaliadas de acordo com as necessidade alheia. O trabalho alheio é sempre urgente, a demanda, era pra ontem. Aquele relatório? Era pra ter sido entregue semana passada, mas esqueceram de avisar. Parece que tem sempre alguém com a hora mais valiosa que a sua e, se você não se quer dedicar as horas a outrem, você não é digno de valor.

No dia, dividido em horas, dedica-se metade do tempo ao trabalho a terceiros e sobra pouco (ou nenhum) tempo pra si. Nas horas, multiplicadas em dinheiro, não importa o seu tempo, a sua necessidade individual. O que importa é o tempo total dedicado ao tempo alheio, na esperança de que, um dia, você faça parte do grupo de pessoas que determinam o tempo (dos outros).

E assim o tempo vai passando: sem tempo pra dormir, sem tempo pra comer, sem tempo pra ver os amigos e a família. Sempre correndo, sempre doente, sempre inventando desculpas pra não fazer aquilo que te faz bem, por falta de tempo, e correndo contra si mesmo pra dar conta de fazer tudo que cabe nas poucas horas do dia. Talvez seja por isso que temos a impressão de que o tempo passa cada dia mais rápido.

E se ao invés de tentar parar o tempo, a gente deixasse ele fluir? Sem correr, sem apressar, sem deixar que ou outros ditem como ele deve seguir, será que ele passaria mais devagar?

Talvez.

Tempo é relativo, e isso já se sabe faz tempo, então controlemos o nosso próprio, e paremos de correr atrás do que os outros julgam ser importante.

Hoje eu escolhi ter tempo pra escrever. E você, tem tempo pra que?

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