A Empresa Júnior como meio de desenvolvimento do conhecimento técnico e empreendedor para o estudante de Tecnologia da Informação

Brunna Arruda
seedabit
Published in
5 min readMar 19, 2018

A empresa júnior é uma organização sem fins lucrativos formadas por alunos de instituições de ensino superior e tem como objetivo desenvolver o empreendedorismo, aproximar o estudante do mercado de trabalho e incentivar a prática do conteúdo estudado em sala de aula através do desenvolvimento de projetos reais para clientes reais.

O movimento empresa júnior, popularmente conhecido por MEJ, surgiu na França em 1967 quando estudantes decidiram se unir para formar uma instituição sem fins lucrativos com o intuito de praticar os conhecimentos adquiridos em sala de aula. Assim nascia a Junior Enterprise, a primeira empresa júnior do mundo.

No Brasil, o movimento surgiu a partir de uma visita á Câmara de Comércio e Indústria Brasil-França, onde foi apresentado o conceito de empresa júnior a dois estudantes do curso de Administração da Fundação Getúlio Vargas. Encantados com o que a empresa júnior agregava, os rapazes formaram um grupo de 15 alunos e fundaram a Empresa Júnior da FGV.

O organograma de cada EJ varia de acordo com as necessidades de cada empresa, mas a grande maioria é composta por presidente, diretores, gerentes, analistas e consultores. E dividida por áreas como Administração Financeira, Marketing, Gestão de Pessoas, Projetos e Comercial. As EJs possuem um estatuto social próprio e sua responsabilidade judicial é atribuída aos membros que compõem a diretoria executiva.

Com o avanço da tecnologia e o aumento da criação de cursos de graduação na área de computação, em 1990 foi fundada no Rio de Janeiro a Empresa Júnior de Consultoria e Desenvolvimento Web, a primeira EJ de tecnologia da informação do Brasil e da América Latina. Hoje, o número de empresas juniores da área de TI aumentaram significativamente e varia bastante nos tipos de serviços oferecidos.

O empresário júnior é um estudante empreendedor que busca criar e se desenvolver no mercado mesmo dentro do ambiente acadêmico, e não recebe salário ou bonificação em dinheiro por serviço prestado à empresa júnior. Conforme os valores do MEJ, estabelecidos pela Brasil Júnior, o empresário júnior é inconformado, tem visão para oportunidades, pensamento inovador e capacidade de realização.

Através da aplicação de um questionário realizado com a utilização da ferramenta do Google, Google Forms, para empresários juniores de tecnologia da informação, que participam de empresas juniores ligadas a federações ou não, em um grupo que reúne representantes de EJs de TI do Brasil, foi realizada uma pesquisa sobre o MEJ e o empresário júnior da área de TI.

Primeiramente, procurou-se saber a relação atual do participante da pesquisa com o MEJ, 100% respondeu que participa atualmente de uma empresa júnior. Em seguida, buscamos identificar onde os respondentes se localizavam e 83,33% informaram residir no Nordeste, 11,11% no Sudeste e 5,55% no Sul.

50% dos entrevistados são estudantes da Universidade do Estado da Bahia e 33,33% da Universidade Federal de Pernambuco. As demais instituições participantes com 5,55% de participação cada uma foram a Universidade Estadual do Ceará, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte, a Universidade Federal do Espírito Santo, a Universidade Federal de Santa Maria e a Universidade Federal de São Carlos.

No que se refere ao curso de graduação, 50% são estudantes de Sistemas de Informação, 16,66% de Ciência da Computação, 11,11% de Administração, 11,11% de Engenharia da Computação, 5,55% cursa Design e 5,55% Ciência e Tecnologia. O que mostra que não só estudantes de cursos de computação tem interesse em colaborar para uma EJ de tecnologia da informação.

Quanto a federação de suas empresas, 94,44% respondeu que participa de uma EJ federada e 5,55% afirmou participar de uma EJ não federada.

Questionados sobre seu cargo na empresa júnior, 22,22% indicou assumir a posição de presidente, 16,66% de desenvolvedor, 11,11% de diretor de projetos, 11,11% de diretor de marketing e os cargos de vice-presidente, gerente de projetos, analista de operações, trainee, consultor de negócios, membro e presidente do conselho apresentação 5,55% cada.

Buscou-se identificar quantas horas semanais os integrantes dedicam à organização, e 33,33% afirmaram dedicar 20 horas ou mais, 33,33% entre 15 e 20 horas, 16,66% entre 1 e 5, 11,11% entre 5 e 10 horas e 5,55% entre 10 e 15 horas.

A grande maioria declarou que pretende permanecer associado a empresa júnior por dois anos ou mais, totalizando 44,44% das respostas obtidas, 27,77% entre um ano a um ano e meio, 16,66% entre um ano e meio e dois anos, 11,11% entre seis meses e um ano.

Dado as parcerias que as empresas juniores estabelecem com empresas e instituições, perguntou-se “O fato de ter participado de uma EJ colaborou para a obtenção de um estágio ou emprego?” e 50% respondeu que sim, 27,77% que não e 22,22% que talvez.

Todos alegaram que a EJ trouxe mudanças positivas em suas vidas.

Em relação aos conhecimentos obtidos, 94,44% indicou que houve aprendizado na área de tecnologia da informação e 5,55% que não houve. Perguntou-se aos integrantes se “A sua participação na EJ colaborou para o seu aprendizado em outras áreas?” e 83,33% afirmou que sim, 11,11% que talvez e 5,55% que não.

Questionados especificamente sobre estes conhecimentos, a grande maioria, 72,22%, afirma ter obtido conhecimentos em front-end, 22,22% em back-end, 11,11% em ferramentas para controle de versão, 27,77% em frameworks, 11,11% em gerência de projetos, 22,22% em metodologias ágeis, 44,44% em marketing, 44,44% gestão de pessoas, 38,88% em vendas e negociação, 27,77% em gestão e administração, 22,22% em ferramentas de edição de imagens e design, 5,55% em desenvolvimento mobile.

Em uma questão de caráter aberto, pediu-se para os empresários juniores citarem ferramentas, metodologias, linguagens e técnicas aprendidas por eles nas EJs. Foram citadas: Ruby on Rails, Django, HTML, CSS, JavaScript, Php, Java, Python, Github, SCRUM, Kanban, Lean, PDCA, Corel Draw, Inkscape e OKR.

Apoiado nesta pesquisa, pode-se concluir que a empresa júnior é de fato um meio de desenvolvimento do conhecimento técnico e empreendedor não apenas para o estudante de cursos da área de tecnologia da informação, mas também para outros que tenham o interesse em obtê-los.

Conclui-se que as pessoas que participam possuem grande interesse e se dedicam com intensidade às atividades. É possível observar também que a empresa júnior agrega valor à vida de quem participa e permite que o estudante desenvolva habilidades não apenas relacionadas à atividade fim da empresa.

Referências

CHÉR,Rogério. MEJ Brasil: o maior movimento de empreendedorismo jovem do Mundo. Disponível em:https://www.brasiljunior.org.br/artigos/mej-brasil-o-maior-movimento-de-empreendedorismo-jovem-do-mundo-com-rogerio-cher

Quem Somos. Disponível em: https://www.ejcm.com.br/quem-somos

Conheça o MEJ. Disponível em: https://www.brasiljunior.org.br/conheca-o-mej

Conheça a Brasil Júnior. Disponível em: https://www.brasiljunior.org.br/conheca-a-brasil-junior

--

--

Brunna Arruda
seedabit

QA intern, python lover, discovering automation