A Chape nunca mais terá em campo apenas 11 jogadores
Verdão do Oeste estreia na Libertadores com vitória por 2 a 1, fora de casa, diante do Zulia, da Venezuela
Aos 42 minutos do segundo tempo, naquela bola bem batida pelo Arango, com o placar marcando 2 a 1 Chape, na estreia da Libertadores, diante do Zulia, na Venezuela, você voou, Arthur Moraes, pra fazer uma defesa de cinema. E no voo, o Danilo, certamente, te deu uma força. Um orgulho sentido por Dona Ilaídes e todos nós brasileiros.
O João Pedro, ali pela lateral direita, foi valente, como era o Gimenez. No miolo de zaga, o Grolli e o Nathan fizeram o que tinha de ser feito na estreia da maior competição das Américas: quando necessário, bico pro mato que é jogo de campeonato. Filipe Machado e William Thiego também não hesitariam em fazê-lo. E o Reinaldo, hein?! Tão criticado em outros clubes, disparado o melhor em campo. Correu feito maratonista; correu como Dener corria.
Vagner Mancini, com as bençãos do mestre Caio Júnior, armou o time com um trio de volantes consistente: Girotto, Moisés Ribeiro e Luiz Antônio, que jogou um pouco mais avançado. Na verdade, o meio campo da Chape estava muito mais recheado, é que nem todos pudemos ver: a força responsável por derrubar gotas e mais gotas de suor também vinha do capitão Cléber Santana, do Sergio Manoel, do Gil, do Biteco, do Josimar e do Arthur Maia.
No ataque, Niltinho, Arthur e Wellington Paulista representaram de maneira louvável, com muita movimentação, um dos setores mais afetados pela tragédia de 29 de novembro de 2016. Poxa, WP, você foi bem no jogo, mas logo depois do susto no chute do Arango, que chance teve de sacramentar o resultado, cara. Bola ajeitada de cabeça pelo Apodi, se não me engano, chute rasteiro… Uhh! Quase! Defesa do Vega! O Bruno Rangel ali, sei não, hein. Acho que guardaria o terceiro da Chape. Além dele, imagina a vontade de marcar um gol pela Liberta que não estariam os garotos Tiaguinho e Canela, o decisivo Ananias, o extravagante Kempes, o Lucas Gomes.
E o Marcelo, zagueiro, o Caramelo, lateral direito, já pensaram na vontade que os dois estariam de ter entrado no jogo? De alguma forma, de onde estiverem, pode ter certeza que eles ajudaram na vitória por 2 a 1, no Estádio José “Pachencho” Romero, em Maracaibo, na noite desta terça-feira (7). O presidente Plínio David de Nês, o Maninho, à beira do campo, representou toda a comissão técnica, dirigentes e restante da delegação Chapecoense que, tristemente, se esvaiu pelos ares de Medellín.
Jader Rocha, Rafael Rezende e Pedro Rocha, do SporTV, deixariam orgulhosos todos os profissionais da imprensa que se foram, pela ótima transmissão da partida. Isso sem falar no radialista sobrevivente Rafael Henzel. Sua narração — empunhando o microfone da Rádio Oeste Chapecó — do primeiro gol da Chape, do Reinaldo, deixa até o mais morno dos torcedores arrepiado.
Que a Chape terá um longo caminho a percorrer na competição continental, é evidente. Ainda restam cinco jogos da fase de grupos pela frente, numa chave ocupada, também, pelos tradicionais Lanús, da Argentina, e Nacional, do Uruguai. Até aqui, como o confronto entre hermanos e uruguaios ainda não ocorreu, o Verdão do Oeste segue na ponta da tabela. Mas é preciso ter confiança numa boa campanha, afinal de contas, o clube mais querido do Brasil nunca mais terá na cancha apenas 11 jogadores.