A importância do poder de reação
São Paulo vence, convence e espanta fantasma da Vila ‘Hell’miro após sete anos e quatro meses sem vencer no estádio do rival
Logo aos 10 minutos do primeiro tempo, Vitor Bueno entortou Buffarini, cruzou e encontrou Copete na área para abrir o placar do San-São. Então, o torcedor do Tricolor Paulista, provavelmente, fez uma viagem no tempo e retornou a 2015. Imaginou, de certo, que assistiria novamente a um passeio do alvinegro, a exemplo dos 3 a 1 da Copa do Brasil, sofridos pela equipe então comandada por Doriva; e os 3 a 0, no Campeonato Brasileiro, sob os olhares do colombiano Juan Carlos Osorio. Porém, algo que não se vê há muito tempo no clube do Morumbi, tem mudado neste início de temporada: o poder de reação. E graças a ele, um jejum de 11 jogos sem vitória na Vila Belmiro, em sete anos e quatro meses, foi por água abaixo.
Após o primeiro e único gol santista na partida, esperava-se que o São Paulo seria amassado, mais uma vez, como visitante. Acontece que a equipe, embora com dificuldade para marcar as constantes descidas de Victor Ferraz e Zeca, não baqueou após ter a rede balançada. Vale ressaltar o quanto é impressionante a facilidade com que os dois laterais alvinegros chegam à linha de fundo ou fazem jogadas pela diagonal, cortando pelo meio. E isso, obviamente, não apenas contra o rival da Capital. Voltando ao jogo de ontem, o mesmo Zeca, aos 35" da etapa inicial, empurrou as costas de Gilberto dentro da área. Pênalti que o peruano Cueva converteu: 1 a 1.
Resumindo, o primeiro tempo teve equilíbrio entre as equipes e o empate, até ali, era justo. Mas, uma conversa em silêncio e uma alteração, fizeram toda a diferença ao São Paulo. Rogério Ceni, que tem tido dificuldades com a voz desde a Florida Cup, não conseguiu arrumar a linha de frente são-paulina na base dos gritos, nos 45 minutos. Tanto é que, muitas vezes, Gilberto se sacrificou pela esquerda, posição que deveria ser ocupada por Cueva, segundo o próprio técnico. O peruano, ligeiro, flutuava pelo meio, o que resultava em menos cansaço.
Após o tête a tête no intervalo, saiu Neilton, entrou Luiz Araújo. O garoto da base trouxe mais dinâmica ao jogo e infernizou a zaga santista pelos lados do campo. No outro extremo, desta vez, permanecia Cueva, agora sim orientado por Ceni. E, por fim, Gilberto centralizado, o que surtiu efeito.
Com os dois velocistas jogando abertos, a marcação sobre os laterais santistas melhorou, graças à recomposição mais efetiva. E Araújo, com atuação de gala, tornou-se protagonista da noite: marcou aos 10", driblando o goleiro Vladimir; e aos 27", recebendo do companheiro peruano e batendo cruzado. Naquele momento, o Santos tinha noção de que o tabu havia se encerrado.
Futuro
À equipe da Baixada Santista, a derrota não deve ser levada como um bicho de sete cabeças. O alvinegro, no clássico, carecia de nomes importantes como o goleiro Vanderlei, o volante Renato e o homem-gol Ricardo Oliveira. Com o retorno desses jogadores e a entrada do zagueiro Cleber, o clube só tem a ganhar. Agora vice-líder do grupo D, com seis pontos, o time volta a campo contra a Ferroviária, no sábado (18), às 19h30, na mesma Vila Belmiro.
O São Paulo, por sua vez, ao passo que deve manter os pés no chão mesmo após duas vitórias convincentes (contra Ponte Preta e Santos), pode comemorar — e muito! — caso mantenha, a longo prazo, o poder de reação demonstrado neste início de temporada. Até agora, saiu perdendo as três primeiras partidas do Paulistão: Audax, por 2 a 0; Ponte, 1 a 0; e Santos, 1 a 0. Diante do adversário de Osasco, buscou o empate, embora, no fim das contas, tenha saído derrotado. O Tricolor Paulista, líder do grupo B com seis pontos, também volta a jogar no sábado, às 19h30, diante do Mirassol, no Morumbi, ocasião em que o atacante argentino Lucas Pratto deve estrear.