Ídolo na Coreia, Eric Thames retorna às Grandes Ligas com sucesso nos Brewers

Segunda Base
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3 min readApr 21, 2017

Após quase três semanas de jogos nessa temporada regular, o líder em home runs da Major League Baseball é um cara pouco conhecido para o fã mais desavisado. Ele é Eric Thames, primeira base do Milwaukee Brewers, que rebateu oito quadrangulares até a noite desta sexta (21) e também lidera a liga em slugging (que mede a potência do rebatedor) e em rebatidas extra-base. Entretanto, números são números. Para o jogador, que passou por uma reinvenção jogando na Coreia, o sucesso no retorno à principal liga de beisebol do mundo também é a esperança de um novo futuro jogando em seu país natal.

Thames tem trinta anos e está no beisebol profissional desde 2008, quando foi draftado pelo Toronto Blue Jays aos 22 anos. Ele não era uma super promessa, mas tinha potencial, tanto é que em 2012 foi o left fielder titular da equipe principal no Opening Day. Porém, nunca conseguiu se estabelecer na liga, tendo rodado por Mariners, Orioles e Astros até perceber que tinha chegado o momento de mudar algo. Ele poderia ficar nos Estados Unidos, com lugar garantido e relativa estabilidade financeira na Triple-A e podendo ocasionalmente ajudar o time principal em alguma necessidade, ou então tentar algo diferente. Ir para fora dos Estados Unidos, atuar numa liga estrangeira, com oportunidade de ganhar mais dinheiro e de ter mais chances de jogar.

O desafio de atuar fora fez com que Thames aceitasse a oferta do NC Dinos, da KBO, a liga coreana, em 2014. A equipe, comandada por uma gigante do ramo de videogames, é a segunda mais jovem da liga, tendo atuado pela primeira vez no nível principal em 2013 e se localiza em Changwon, a primeira cidade planejada do país, que mesmo existindo desde o século XV, só passou a ser efetivamente habitada em 2010 em um plano pra transformar a região em um centro industrial. O plano era montar uma equipe forte para chegar às finais em pelo menos dois anos e fortalecer o nome da cidade no cenário nacional. Thames seria o craque do time. Na prática, ele não só se tornou o melhor do time mas também o da liga.

Em três anos na Coreia, ele foi extremamente produtivo, com 126 home runs e uma média de 34,8% e também ganhando dois prêmios de melhor defensor na primeira base. Além disso, ganhou o prêmio de MVP em 2015 e levou os Dinos ao vice-campeonato da liga no ano passado. Ele havia ganhado status de deus na cidade, chegado ao ápice na segunda maior liga asiática. Havia chegado o momento de tentar voltar aos Estados Unidos e buscar dessa vez ter sucesso na MLB.

Há um certo receio dos times em relação às estatísticas registrados nas ligas asiáticas porque além do nível de jogo ser relativamente inferior, os estádios são geralmente menores. Entretanto, nos últimos anos, especificamente falando da KBO, as equipes passaram a tomar mais chances, como foi com Jung-ho Kang, dos Pirates e Hyun-soo Kim, dos Orioles. Para Thames, os números, ainda que insustentáveis nos Estados Unidos, eram muito bons para não lhe darem uma chance. Os Brewers, comandados por David Stearns, uma das mentes mais jovens e brilhantes no jogo, se impressionaram tanto com eles e com as mudanças em seu jogo aparentes no vídeo que lhe ofereceram um contrato garantido de três anos sem nunca tê-lo visto atuar. Um risco que o time, em meio à uma reconstrução pesada, poderia correr. Já o desafio para Thames seria mostrar que ele pertencia ao mais alto nível de beisebol no mundo.

O primeira base correspondeu à confiança do time e é o catalisador da surpreendente campanha dos Brewers nesta primeira temporada, com nove vitórias e oito derrotas. Obviamente, o começo de Thames está sendo surreal, mas eventualmente ele voltará à terra, assim como seu time, e os números declinarão. De qualquer forma, para ele, estar de volta às Grandes Ligas já é uma grande alegria.

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