A “imparcialidade” do All-Star Game

Segunda Base
Segunda Base
Published in
3 min readJun 10, 2015

[tw-divider]Por Antony Curti[/tw-divider]

All-Star Game é sinônimo de festa; porém, uma que deveria coroar os melhores jogadores da primeira metade da temporada. Infelizmente, esse conceito não é levado muito a sério há tempos no melhor beisebol do mundo. Desde 2003, por exemplo, os fãs decidem quais jogadores, exceto arremessadores, irão participar do jogo festivo da MLB, mas essa decisão tem uma longa procedência antes de ser como era hoje.

Em 1947, foi dada a oportunidade para os fãs votarem em oito jogadores de posição. Mas em 1957, os torcedores do Cincinnati Reds encheram as caixas de votação com somente jogadores do Cincinnati, com exceção do primeira base Stan Musial, do St. Louis Cardinals, o que ocasionou a seleção de sete jogadores do Reds como titulares. E apesar que, na época, o time de vermelho tinha um ótimo elenco ofensivo, eles não mereciam ter sete jogadores titulares no All-Star. Após este fato, foi retirado o direito dos fãs de escolherem os All-Stars, sendo selecionado pelos treinadores.

Mas em 2002, ficou explícito que alguns treinadores também eram totalmente parciais em suas escolhas, com o técnico Bob Brenly, do Arizona Diamondbacks (que representava a Liga Nacional), que escolheu Damian Miller, catcher do Arizona, no lugar de Paul Lo Duca, do Los Angeles Dodgers. E o técnico Joe Torre, do New York Yankees (que representava a Liga Americana) colocar o terceira base Robin Ventura dos Yankees no lugar de Eric Chavez, do Oakland Athletics — que inclusive ganhou o prêmio de Silver Slugger e Gold Glove. Com a ajuda de acontecimentos assim, além da oportunidade da liga tentar se aproximar mais da torcida, foi decidido que os fãs iriam decidir novamente quem seriam os All-Stars.

Isso nos leva a 2015, em que até o momento, sete jogadores do Kansas City Royals estão sendo selecionados como titulares da equipe da Liga americana. Os Royals foram um dos times mais surpreendentes em 2014 e possuem vários jogadores que merecem a seleção de All-Star, mas essa seleção pode estar sendo muito parcial.

O maior exemplo desta parcialidade é o outfielder Alex Rios, dos Royals, que jogou apenas 14 jogos por conta de lesão e está em quarto na votação com 2,311,122 votos, ultrapassando nomes como Adam Jones, dos Orioles, e Michael Brantley (Indians) que estão rebatendo melhor e não tiveram longas lesões. Jones, por exemplo, já tem em 54 partidas e Brantley 47 jogos.

Como catcher, Salvador Perez, dos Royals, está liderando a votação com 4,419,620 votos, e mesmo com a defesa incrível, quem merece vestir a máscara com titular no All-Star é o catcher Stephen Vogt, que lidera entre os jogadores de poisção da Liga Americana em média de rebatidas (29,0%), home runs (11), walks (29) e corridas impulsionadas (39).

Na posição de Shortstop, mesmo que Alcides Escobar, dos Royals, seja um ótimo jogador na defesa, ele está rebatendo 26,3%/29,3%/35,3% e está liderando a votação com 3,928,985 votos, superando Jose Iglesias, que também possui habilidades defensivas incríveis e está rebatendo 33,1%/38,2%/41,3%, mas possui apenas 1,819,764 votos, 2 milhões a menos que Escobar.

Na terceira base, Mike Moustakas, dos Royals, possui números para ser um titular, mas ele está com quase 2 milhões de votos a mais que Josh Donaldson, do Toronto Blue Jays, que tem 2,329,742 votos e lidera a terceira base da Liga Americana em corridas (47), home runs (16), rebatidas impulsionadas (43) e rebatidas (72).

Na posição de rebatedor designado, Kendrys Morales, dos Royals está liderando até o momento, com 3,269,639 votos. Apesar de Morales estar rebatendo muito bem, com média de 29,2%/35,2%/47,8%, com 7 home runs e 41 corridas impulsionadas, ele não merece ser o titular nessa posição. A produção que Nelson Cruz está tendo nesta temporada, rebatendo 32.9%/ 38,4%/61,3%, impulsionando 39 corridas e liderando a Liga Americana com 18 home runs, dá ao jogador dos Mariners, que está em segundo na votação, maior mérito de começar o All-Star como titular.

Muitas falhas no sistema de votação deixam essa brecha para casos assim. No site da MLB.com, por exemplo, que é o espaço em que os fãs escolhem os jogadores, é permitido votar até 25 vezes num mesmo jogador através do mesmo IP. Como isso é algo fácil de ser ”burlado”, é completamente capaz uma única pessoa votar centenas de vezes no seu atleta favorito.

Jogadores como Eric Hosmer, Lorenzo Cain e Alex Gordon por enquanto merecem a titularidade no All-Star, mas do jeito que as coisas estão se encaminhando, poderemos ter todo lineup dos Royals representando o All-Star Game.

--

--

Segunda Base
Segunda Base

Desde 2011, o Segunda Base traz conteúdo original e análises sobre a MLB, produzidos por uma equipe de apaixonados por beisebol