Entenda os motivos que fazem de 2018 um ano crucial para a história do Washington Nationals

por Leonardo Parrela

Segunda Base
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4 min readMar 6, 2018

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Sob o comando do novato Dave Martínez (foto), os Nats chegam como um dos times que mais tem a provar em 2018. (Foto: USA Today)

A pressão de vencer sempre existe no universo esportivo, principalmente para grandes equipes que realizam grandes investimentos. O Washington Nationals é um exemplo perfeito disso: todo ano se espera que a equipe faça frente aos grandes nomes da Liga Nacional e domine a sua divisão com relativa tranquilidade. Em 2018, a narrativa se repete, mas existem variáveis que tornam o caminho ainda mais complicado.

A primeira grande questão envolvendo a equipe da capital é que a sua principal estrela, Bryce Harper, está no último ano de contrato. O jogador, agenciado por Scott Boras, afirmou que não comentará eventuais conversas contratuais sobre o seu futuro, pensando principalmente em não atrapalhar o ambiente do vestiário e chamar atenção para “situações desnecessárias”. Além dele, Gio Gonzalez, Daniel Murphy, Matt Wieters e Ryan Madson se tornarão agentes livres ao final de 2018. A pressão sobre a equipe, com essa quantidade de jogadores relevantes se tornando agentes livres, é grande.

A equipe precisa se mostrar atrativa para que os jogadores se sintam à vontade para ficar com a equipe nos próximos anos. Os Nationals ainda têm bons valores futuros e, a médio prazo, parecem que continuarão competindo. Porém, é preciso mais garantias. A equipe é uma das mais regulares entre abril e setembro, o que é crucial. Foram quatro títulos divisionais nos últimos três anos. Vencer a maratona de jogos da temporada regular é um bom indício, mostra que o time está no caminho certo.

Então, chega a segunda questão. A “fama” da franquia amarelar em playoffs. Desde 2005, quando a franquia se mudou de Montréal para Washington, são quatro participações na pós-temporada e nenhuma delas bem sucedidas:

AnoAdversárioResultado2012CardinalsDerrota (2–3)2014GiantsDerrota (1–3)2016DodgersDerrota (2–3)2017CubsDerrota (2–3)
A última vitória numa série de playoff da franquia aconteceu em 1981, quando os Expos bateram os Phillies numa série de divisão. Mesmo que muito dos jogadores de hoje não estavam presente em 2012, o estigma fica no time e inevitavelmente pressiona os jogadores a conseguir o melhor resultado. O elenco é experiente e com jogadores que podem mudar essa característica, mas é um aspecto psicológico que precisa ser bem trabalhado durante a temporada.

Um outro fator, que pode se mostrar decisivo, é o fato do manager Dave Martinez ser um estreante no cargo. Martinez, que foi bench coach dos Rays (2008–2014) e dos Cubs (2015–2017) — sempre com Joe Maddon -, tentará levar o time a uma trajetória bem sucedida na pós-temporada, coisa que Dusty Baker (2016–2017), Matt Williams (2014–2015) e Davey Johnson (2011–2013) não conseguiram. Durante o fim da última temporada muito se discutiu se a demissão de Baker, manager da velha guarda, era a solução. Mike Rizzo, presidente de operações de beisebol, achou que sim e agora os Nats tem um novo manager para a temporada.

As decisões de Baker quanto a shifts, administração de desgaste do bullpen e dos seus titulares, posições de rebatedores no alinhamento eram um tanto quanto questionáveis. Martinez chega para ‘modernizar’ a posição nos Nats e não terá vida fácil durante 2018. Um fator que precisa ser destacado, que foge um pouco do controle da franquia, são as lesões. Stephen Strasbourg, Bryce Harper, Jayson Werth (agora agente livre) e Adam Eaton foram alguns dos nomes que sofreram com lesões durante essas últimas temporadas.

Por fim, a equipe sente a pressão de sempre precisar justificar o investimento. Max Scherzer recebeu um contrato enorme assim como Ryan Zimmermann e Stephen Strasbourg. A equipe tem a quarta maior folha salarial da liga e isso aumenta a pressão. O quadro pode ser agravado caso os Nationals invistam em mais um abridor (vale lembrar que Jake Arrieta, Lance Lynn e Alex Cobb ainda estão disponíveis). Adicionar mais um nome de peso, inevitavelmente, também traria mais pressão.

É importante ressaltar que a equipe tem um bom elenco. Max Scherzer ancora uma excelente rotação titular; Brandon Kintzler, Ryan Madson e Sean Doolitle são bons nomes num bullpen que mostra ser diverso e apresenta a profundidade necessária. O alinhamento conta com Bryce Harper, Daniel Murphy, Anthony Rendon, Ryan Zimmermann, além dos jovens Trea Turner, Wilmer Difo e ainda esperam a eminente chegada de Victor Robles. É um ótimo grupo de jogadores que precisa mostrar resultado.

As cartas estão na mesa e 2018 tem tudo para ser o ano de ‘make or break’ para o time. Os Nationals não estão ficando mais jovens com o passar dos dias e o resultado precisa ser agora. Uma má temporada pode resultar na perda de um dos melhores jogadores da atualidade e da história da franquia, além de outras peças importantes. Ficar preso a contratos extensos com veteranos que não dão o retorno necessário é um quadro que assombra a franquia da capital para os próximos anos.

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