La pasión y vida de José Fernández
Pessoalmente me afeiçoo mais a jogadores que a times. Tem um ditado que diz “todo jornalista esportivo é um esportista frustrado” e talvez seja isso. A verdade é que existem jogadores que te fazem ter vontade de jogar e viver o jogo.
José Fernandez despertava isso em mim. Ele era o tipo de jogador que te fazia gostar do esporte. Personalidade explosiva, craque, carismático. A paixão com que ele jogava e vivia a vida de um jogador era algo que realmente te inspirava a ser alguém melhor.
E não, não foi nada fácil para o hispano-americano. Quase não conseguiu sair de Cuba, quase não conseguiu chegar aos EUA, quase perdeu a mãe numa das tentativas de chegar em Miami.
Mas Fernandez definitivamente não era o jogador do quase. Ele venceu todas essas dificuldades e conseguiu ser draftado pelo time de Miami. Logo sabia que se tratava de um jogador especial. Seus números afirmam isso e sempre que podia fazia questão de nos mostrar o quão especial era.
Fernandez foi novato do ano e aí mais uma dificuldade: lesão no ligamento ulnar colateral e cirurgia Tommy John. Categoricamente e com paciência, José engoliu a lesão e voltou como se nada tivesse acontecido. Voltou com a mesma eficiência, dominância, provocação e tudo que ele tinha em seu jogo.
Fernandez era dos mais passionais jogando. Sua paixão pelo beisebol era algo singular e que marcava quem convivesse com ele. As provocações de jogo eram completamente esquecidas assim que o jogo terminava e ele fazia questão de demonstrar o respeito ao seu adversário.
A vida não manda recados e José morreu numa fatalidade na madrugada do último final de semana. Pena pra gente que perdeu o auge de um dos jogadores mais talentosos dessa geração. Pena pra família que perde um queridíssimo membro que deixou a esposa grávida e um time que tinha a sua cara. Descanse em paz, José. Descanse vendo daí de cima esse jogo que você tanto amou.
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RIP Niño, 1992–2016. (Foto: Getty Images)[/caption]