No Food Stadium, novas capitãs da seleção de softbol começam a transição para a nova geração

Conversamos com as novas capitãs da seleção em evento promocional em homenagem ao softbol no The Pitchers Food Stadium

Almir Lima Jr.
Segunda Base
6 min readOct 24, 2018

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Meninas da seleção de softbol entraram para o time do The Pitchers em ação promocional realizada no Food Stadium. (Foto: The Pitchers Food Stadium)

Quando as meninas da seleção brasileira de softbol começarem sua caminhada no Campeonato Sul-Americano, que começa nesta quarta (24) em Aruba, estará se iniciando uma nova era. Após uma das gerações mais vitoriosas de sua história, que ficará marcada pela quarta colocação nos Jogos Pan-americanos de 2015, em Toronto, no Canadá, a competição no país caribenho marcará o começo de um novo ciclo, com a chegada de novas jogadoras das categorias de base e outras veteranas se despedindo.

Samira Tanaka e Sayumi Akamine, companheiras de time no Nikkey Marília, serão peças chave nesse período de transição da seleção. Elas, ao lado de Barbara Woll, que joga nos Estados Unidos pelo Chipola College, foram as escolhidas pelo técnico Milton Konno para capitanearem a equipe durante esse período, com a principal responsabilidade de entrosar um novo grupo, jovem, que pouco treinou junto, para conseguirem dar início a um novo ciclo vitorioso para o softbol feminino do Brasil.

“Nos nossos times, a gente já está mais acostumada a sermos as mais velhas, as capitãs. Mas eu acho que na seleção é uma coisa totalmente diferente porque você sente uma responsabilidade bem maior”, diz Sayumi, de 25 anos. “É diferente por ser seleção brasileira, por estarmos representando o Brasil”, completa ela. Com esse desafio, o intercâmbio com as capitãs veteranas se mostrou como uma ferramenta importante, segundo Samira, de 26 anos. “A gente chegou a pedir conselhos, orientação, nessa parte”, diz ela. “Chegamos a conversar com a Vivian [Morimoto] e com a Tiemi [Murazawa], que foram as capitãs anteriores, porque, pra mim, a gente não tem muito perfil de capitã. Não digo de líder, porque quando a gente está em campo é um pouco diferente. Fora de campo é um pouco mais difícil”, ressalta Sayumi.

Pensando nesse entrosamento fora de campo, as meninas da nova geração da seleção de softbol se reuniram no final de setembro no The Pitchers Food Stadium, hamburgueria temática de beisebol localizada na Arena Beisebol, no Tatuapé, em São Paulo, para participarem de uma ação conjunta de divulgação do esporte pela gastronomia. As meninas participaram da rotina dos trabalhos do restaurante como se fizessem parte do time do The Pitchers, enquanto o Food Stadium deu seu apoio às meninas com o lançamento do combo Softbol, que traz como novidades o novo prato da casa, o Pouttine — prato típico canadense desenvolvido pelo chef Dan Silva em parceria com Kléber Ojima, novo reforço da casa —e o chocopie — nova sobremesa do cardápio -, sendo que uma parte do dinheiro arrecadado pelas suas vendas seriam transferidas para a seleção.

“Quando estou jogando, fico mais à vontade. Quando cheguei aqui eu fiquei muito naquelas do que eu preciso fazer, o que eu tenho que falar”, confessa Sayumi. “Foi bem legal, bem diferente, não é uma coisa que a gente faz sempre. Bem desafiador”. Para Samira, a parceria com o The Pitchers ajudou a mobilizar ainda mais a equipe nesse momento de transição. “Pra mim é muito significativo toda a ajuda que eles tão dando faz um tempo já, essa parceria que eles estão firmando todos os anos com a seleção adulta do softbol. Significa muito mesmo, eu estava até tendo sonhos que estava aqui já nessa agitação e eu estou realizada, foi muito legal”, diz ela. “Me senti parte da família The Pitchers, vivendo o que eles vivem, fazendo com amor, e por isso que é sempre muito bom estar no lar deles”.

Como parte da ação, as meninas do softbol se transformaram em atendentes do Food Stadium. (Foto: The Pitchers Food Stadium)

A adesão das companheiras de time para a ação foi quase automática. “Na verdade foi fácil porque todas as ideias do Marelo [Marcelo Nakamura, um dos sócios do The Pitchers] a gente não tem muito como não concordar, as meninas sempre acham muito legal e querem que a gente “feche” com eles. Eles sabem que a gente precisa [de ajuda] e eles sempre aparecem”, diz Samira. “O chocopie já existia no cardápio pelo menos na matriz e aí a gente começou a falar do chocopie pra eles, querendo fazer dele uma ação para o softbol. Eles deram a ideia de passar uma porcentagem das vendas, enfeitando com a pasta americana com a imagem da seleção. Como lá já estava dando muito certo, eles trouxeram para o Food Stadium também”, completa.

Esse novo momento da seleção brasileira, com a infusão de sangue novo com a chegada de jogadoras mais jovens, também é um choque de gerações para as novas capitãs. “Quando a gente entrou, era uma cultura bem japonesa. Era meio o que as veteranas falavam, a gente fazia. Não é tão rígido como no Japão, mas era respeitar as mais veteranas, não que as mais novas não respeitem agora. Agora é uma geração diferente, um pouquinho mais difícil”, diz Sayumi. “A gente não teve muito contato com elas porque quando a gente estava nos EUA, elas estavam subindo e a gente só teve três treinos coletivos até agora, não tinha todo mundo”, completa. ”Foram poucos treinos e um time muito renovado pra gente conhecer a personalidade de cada uma e ter o entrosamento”, ressalta Samira. “Acho que na parte de orientar nos momentos mais pegados, a gente já sabe passar a calma pra elas. É mais fora do campo que a gente não consegue passar essa experiência pra elas lidarem com as situações”.

Para o Sul-Americano, os desafios vão além de construir esse entrosamento para a nova seleção. “Vai ser tudo muito rápido e eu não sei o que vai acontecer, na verdade. Na questão de entrosamento, estamos vendo de fazer mais coisas fora de campo pra ver se nos conhecemos mais”, revela Samira. “Lógico que a gente quer buscar o título, mas tem muitos times fortes na disputa. Venezuela é um dos principais times do mundo e vão disputar com a gente. Elas jogaram de igual pra igual com o Japão, que é uma das melhores seleções do mundo”, diz Sayumi. “Vamos ter que brigar bastante, mas acho que com a nossa garra, vamos chegar lá”.

A experiência das duas, que fizeram parte do último ciclo, pode ser um vantagem valiosa para o momento. Ambas participaram da campanha do quarto lugar no Pan de Toronto. “Se a gente conseguir passar pra elas essa experiência que a gente já teve, pode ser uma ajuda pra elas”, diz Sayumi. “Apesar de ser a primeira seleção brasileira de muitas delas, vamos tentar passar essa experiência pra elas. Assim como pra gente é a primeira seleção adulta como capitãs, no final todo mundo vai ganhar experiência”, complementa Samira.

A missão de capitanear um grupo novo, com quase nenhuma experiência na função nesse nível, pode parecer assustadora, mas para ambas Samira e Sayumi, o amor pelo softbol vai além. “É essa sensação que o esporte me traz, esse sentimento de estar em equipe, de poder ajudar uma a outra, de dar o meu melhor, de jogar mesmo porque o soft pra mim é uma paixão, que me faz gostar do que eu faço e querer fazer até não conseguir ficar de pé”, diz Samira. “Pra mim, tenho aquela sensação de que quando estou no jogo, é imparável. Acho que também pelas amizades que a gente faz. A gente pode ser rival nos campeonatos fora do jogo, mas fora do campo a gente conhece todas as meninas. A amizade que a gente constrói nesse convívio que temos com as meninas não tem explicação, não só aqui, mas fora também Você consegue criar várias conexões”, afirma Sayumi. Se depender da vontade delas, mesmo diante das dificuldades, esse entrosamento não será dificuldades para a nova geração ter tanto sucesso quanto a antiga, afinal.

Você já pode conferir os novos itens no cardápio do The Pitchers Food Stadium, a filial do The Pitchers Burger and Baseball, localizado nas dependências do Arena Beisebol, o primeiro centro de treinamento de beisebol indoor do país, na rua Visconde de Itaboraí, 328, que fica a menos de cinco minutos a pé da estação Tatuapé do metrô, em São Paulo.

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Almir Lima Jr.
Segunda Base

Um projeto de economista em formação pela UFABC. Sofro por Palmeiras, Mets, Jets e Burnley. Aqui tento escrever linhas tortas sobre beisebol, economia e cultura