Quando os heróis da MLB se juntaram ao exército na Segunda Guerra Mundial

Segunda Base
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4 min readFeb 14, 2017

Gostamos de beisebol não apenas por ser um esporte emocionante que na maioria das vezes nos leva ao êxtase nos momentos finais. Gostamos de beisebol porque existe história, tradição, patriotismo, devoção.

Tudo isso ficou muito mais aguçado para os americanos a partir de 1941. Especialmente o “patriotismo e devoção”. No beisebol e na vida.

No dia 6 de outubro de 1941, o New York Yankees do grande Joe DiMaggio, venceu o jogo 5 contra o Brooklyn Dodgers, se tornando campeão da World Series pela quinta vez em seis anos. Uma verdadeira dinastia que DiMaggio ajudou a construir tendo passado 56 jogos consecutivos com pelo menos uma rebatida naquela temporada de 1941.

Apesar da bela temporada, Joe DiMaggio foi eleito no dia 27 de novembro de maneira controversa, o MVP da Liga Americana. Controversa porque enquanto Joe teve um aproveitamento de 35,7% no bastão com 30 HR e 125 RBI, Ted Williams, dos Red Sox, liderou quase todas as estatísticas e, entre os números citados de Joe, Williams teve 37 HR, 120 RBI e pasmem, 40,6% de aproveitamento no bastão. Dois gigantes atletas de dois gigantes times lutando dentro de campo. Quem diria que um tempo depois essa luta continuasse de outra forma.

Quando a Segunda Guerra Mundial estourou na Europa em 1939, as pessoas nos Estados Unidos, de uma maneira geral, ainda eram um tanto neutras no assunto. Quanto menos participasse, melhor. No entanto, o Presidente Franklin Delano Roosevelt, preocupado com a força norte-americana caso fosse necessário intervir diretamente na guerra, assinou um documento para que cada homem americano de 21 a 36 anos se alistasse para o serviço militar de 12 meses.

E como o caro leitor deve saber, a guerra afetou diversos segmentos e obviamente o beisebol não ficaria de fora.

Hank Greenberg era uma estrela do Detroit Tigers. De 1937 até 1940 foi All-Star e eleito o MVP de 1940. Sem dúvida um futuro Hall da Fama. E no dia 7 de maio de 1941, Hank foi chamado para o serviço militar.

Em uma declaração ao The Sporting News na época, Hank teria dito: “Se há alguma mensagem a ser dado para o público, que seja que eu serei um bom soldado.”

O chamado não afetou apenas alguns atletas, mas sim a liga como um todo incluindo as ligas menores que ficou defasada por bons anos. A necessidade pelos jovens era crescente mesmo sem a participação direta na guerra. Mas apesar do clima terrível na Europa, os jovens americanos acreditavam que os dias de paz chegariam e todos poderiam retornar à vida civil normalmente. Mas essa paz não chegaria tão cedo.

Menos de duas semanas após aquela controversa eleição de MVP de Joe DiMaggio, a manhã de domingo do dia 7 de dezembro de 1941 entraria para a história da humanidade.

A Marinha Imperial japonesa neste dia, colocou em prática o plano aeronaval arquitetado e atacou a ilha de Oahu no Havaí, contra a frota do Pacífico da Marinha norte americana. Justamente o ponto forte americano em termos de poderio militar.

O ataque danificou ou destruiu 21 navios e 347 aviões, matando cerca de 2403 pessoas e ferindo outras 1178 no que ficou conhecido como ataque a Pearl Harbor.

Horas depois, no dia 8, o Congresso dos Estados Unidos declarou guerra ao Japão. O presidente Roosevelt assinou a declaração de guerra minutos depois. O que se viu após isso, foi uma onda de patriotismo que poucas vezes veríamos na história.

No dia 9, Hank Greenberg que havia sido dispensado de seus serviços militares poucos meses depois após ter ingressado no serviço, se realistou aos 30 anos de idade. Assim como Greenberg, o arremessador sensação de Cleveland de 23 anos, Bob Feller, apressou em se alistar assim que soube do bombardeio. E com a declaração de guerra da Alemanha Nazi no dia 11 de dezembro, o que poderia ser preocupante, se tornou motivo de motivação para o alistamento em massa.

Só que, com o crescente avanço militar do país, outro fator foi levantado. Será que o beisebol iria parar durante a guerra? O presidente Roosevelt na época declarou que gostaria que o beisebol continuasse e mesmo com muitos jovens indo para o serviço militar, o esporte ainda seria um grande entretenimento para pelo menos 20 milhões de pessoas.

O problema é que muitos pensavam que o beisebol deveria ter parado no período da guerra pelo simples fato que, apesar de muitos se alistarem, o beisebol teria desperdiçado mão-de-obra já que muitos homens mais aptos optaram pelo esporte do que ser um soldado.

Em contrapartida, muitos soldados foram questionados se gostariam que o beisebol parasse. A resposta foi contrária, muitos diziam que o esporte era a motivação para todos que estavam lutando. Isso definitivamente foi uma injeção para ambos os lados, para o beisebol prosseguir e para o apoio nos campos de batalha aumentarem.

E é nesse momento que os nossos personagens iniciais entram na história. Mais de 500 jogadores das grandes ligas serviram na guerra durante o período. Entre eles, Joe DiMaggio e Ted Williams.

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Joe DiMaggio (esq.) em seu uniforme de guerra (Foto: Reprodução)[/caption]

Williams entrou para a reserva da Marinha dos Estados Unidos em maio de 1942, entrou em serviço ativo com o corpo de fuzileiros navais em 1943 sendo segundo tenente e como aviador naval em maio de 1944. Seus serviços terminaram junto com a guerra e com os EUA se tornando a maior potência mundial após Pearl Harbor.

E como a vida sempre tem aqueles destinos surreais e maravilhosos, Williams voltou para o beisebol em 1946 com os Red Sox fazendo uma temporada de 34,2$ no bastão, 38 HR e 123 RBI, se tornando finalmente o MVP da Liga Americana.

Williams, DiMaggio e Greenberg são MVPs pelo menos duas vezes na carreira, tiveram suas camisas retiradas respectivamente por Red Sox, Yankees e Tigers, são membros do Hall da Fama, e participaram da Segunda Guerra Mundial pelo seu país.

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