Resumo da MLB: Abril de surpresas, decepções, mais do mesmo e DIDI GREGORIUS (!!!)

por Estéfano Souza

Segunda Base
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6 min readMay 6, 2018

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Impulsionados por A.J. Pollock, os Dbacks estão reinando soberanos na NL Oeste. (Foto: Getty Images)

O primeiro mês da temporada regular da MLB sempre traz esperança para os torcedores — a menos que você torça para o Cincinnati Reds, que continua firme na sua missão de decepcionar sua torcida nas últimas temporadas. Apesar da free agency tardia (especialmente para os rebatedores), os times favoritos ao título em 2018 terminaram abril mostrando por que são candidatos a chegarem na World Series: Boston, NY Yankees, Cleveland, Cubs e Arizona — além do atual campeão Houston — começaram a temporada com o pé direito (mesmo que, em alguns casos, aos trancos e barrancos, especialmente no começo do ano). Por outro lado, times como Nationals e Dodgers não vem confirmando o favoritismo nas respectivas divisões — e, no caso dos Angelinos, a perda de Corey Seager pelo restante da temporada poderá causar um impacto enorme em termos de competitividade da equipe.

Mas, antes de falarmos de alguns desses times, vamos para um dos meus momentos favoritos do ano: Identificar algum jogador que teve um desempenho digno de Hall of Fame no primeiro mês da temporada, colocando-o no nível de Babe Ruth por um período curto de tempo! É o milagre do small-sample size (tamanho amostral pequeno), que sempre me faz lembrar deste simpático vídeo, com uma canção vibrante e exemplos de jogadores que, em uma amostragem pequena de at-bats ou entradas arremessadas, fazem Tony Gwynn ou Pedro Martínez parecerem amadores:

A TURMA DO DIDI NO BRONX

(Sim, eu fiz este trocadilho infame. Não me julguem.)

Didi Gregorius fazendo o que virou rotina em abril: observar a bola voar para fora do campo (Foto: Getty Images)

Nem Giancarlo Stanton, tão pouco Aaron Judge. O grande destaque do New York Yankees (e, talvez, de toda a MLB) em abril foi o shortstop Didi Gregorius, que teve um mês de abril acima de qualquer expectativa, com um aproveitamento incrível de 33% no bastão (top 10 da liga), com 10 home runs e 30 corridas impulsionadas (ambas foram as melhores marcas da MLB no mês). Basicamente, é como se Babe Ruth tivesse voltado do além e tivesse reencarnado em Gregorius e, de fato, ajudou os Bronx Bombers (18–10, com 9 triunfos nos últimos 10 jogos do mês) a minimizarem a desvantagem em relação ao Boston Red Sox (21–7), atual líder da Divisão Leste da Liga Americana, mas com apenas 3 jogos de vantagem. Não à toa, Gregorius foi eleito o melhor jogador da Liga Americana em abril.

De fato, o começo de temporada de Stanton foi relativamente lento, mas tudo leva a crer que ele vai manter um ritmo muito melhor no restante da temporada — talvez não com o ritmo insano que o levou a vencer o prêmio de MVP da Liga Nacional em 2017, mas o suficiente para tirar o sono dos arremessadores adversários com uma regularidade maior (e, assim como Dedé Santana, servir como um “escada” para o MVP da Liga Americana JÁ PODE ENTREGAR AS TAÇA Didi brilhar). De fato, a disputa pelo Leste da Liga Americana começou pra valer e, não à toa, Yankees (164) e Red Sox (159) lideraram a MLB em corridas anotadas até 30 de abril.

ALGUMAS SURPRESAS POSITIVAS

Noah Syndergaard (ERA de 2,20 em abril) ajudou os Mets a manterem a liderança na Divisão Leste da Liga Nacional (Foto: SI.com)

Ao final de abril, temos alguns líderes de divisão relativamente surpreendentes, como o New York Mets (17–9) e o Arizona Diamondbacks (20–8). Aqui, a grande surpresa, de fato, é o time de Noah Syndergaard na liderança do Leste da Liga Nacional, superando momentaneamente a má fase do Washington Nationals (13–16) naquela que pode ser a última temporada de Bryce Harper na capital dos EUA antes de virar free agent em 2019. Ainda é cedo para dizer que os Mets manterão a boa fase, mas para um time com um novo manager e que saiu de 2017 com mais perguntas do que respostas, um bom começo de temporada sempre é algo positivo.

Antes que o torcedor do D-Backs queira minha cabeça em uma bandeja por eu ter dito que o time vem sendo surpreendente em abril (ainda mais porque Arizona disputou a NLDS contra o Los Angeles Dodgers na última pós-temporada), isto tem a ver apenas e tão somente com a campanha histórica de 9 séries vencidas para começar o ano, algo que não acontece desde a temporada de 1906, quando o Chicago Cubs atingiu o feito! De fato, o time de Phoenix vem dominando o Oeste da Liga Nacional, com direito a 6–1 contra o rival Dodgers até 30 de abril. Nem o torcedor mais otimista dos D-Backs esperaria um começo tão bom, com direito a Patrick Corbin jogando como um verdadeiro candidato ao prêmio Cy Young da Liga Nacional (4–0, com um ERA de 2,25 e 55 strikeouts em 40 entradas).

QUEM NUNCA DECEPCIONA EM DECEPCIONAR

Com apenas 41% de aproveitamento desde 2014 (pior marca da MLB), Bryan Price não conseguiu levar os Reds para a pós-temporada (Foto: SportingNews.com)

Sim, o Cincinnati Reds já tinha demitido o seu manager Bryan Price antes mesmo do fim de abril, como resultado de mais um começo ruim da equipe do all-star (e “estrela solitária”) Joey Votto, que venceu apenas TRÊS de seus primeiros 18 jogos em 2018 — apenas os Reds de 1931 tiveram um começo pior (2–16) na história centenária da franquia. Sob o comando de Price, a “melhor” campanha dos Reds foi em 2014, quando venceu apenas 76 partidas. Nas últimas três temporadas, a equipe de Ohio não conseguiu ultrapassar a marca das 70 vitórias e o começo ruim em 2018 decretou o fim da jornada de Price em Cincy. E pensar que um time sem qualquer talento no montinho já teve, em um passado não tão distante, nomes importantes como Johnny Cueto e Aroldis Chapman e, além disto, um ataque com Todd Frazier, Jay Bruce e Zack Cozart — todos eles não estão mais no time.

Quem também deu sinais de que continuará dando muita dor de cabeça para o seu torcedor é o Miami Marlins (10–18 em abril, pior campanha da Divisão Leste da Liga Nacional), que se desfez do melhor trio de jardineiros externos da MLB em 2017 (Giancarlo Stanton, Christian Yelich e Marcell Ozuna) e começou (mais) um processo de renovação na história da franquia que, embora já tenha dois títulos de World Series (1997 e 2003), ainda não conseguiu construir uma equipe que fosse competitiva por um longo tempo. É verdade que a morte de José Fernández foi um baque enorme para os Marlins, mas parece que a filosofia dos novos donos da franquia (liderados pelo ex-jogador Derek Jeter) é gastar pouco e, novamente, reconstruir o elenco. Contudo, o efeito colateral é cruel: o Marlins Park mal conseguiu chegar a uma média de 12 mil torcedores por jogo em abril, tamanho o desinteresse (ainda maior) do torcedor (da Flórida) com um time cheio de prospectos e sem uma grande estrela. Aliás, eu recomendo fortemente a leitura deste artigo do Wall Street Journal falando sobre o futuro (totalmente incerto) do beisebol profissional na Flórida.

QUEM MANTEVE O RITMO DE 2017

Gerrit Cole vem sendo o grande reforço dos Astros em 2018 (Foto: HoustonChronicle.com)

Na Liga Americana, o atual campeão Houston Astros (21–10) e o Cleveland Indians (15–12) continuam dominando as suas respectivas divisões. Com uma rotação titular muito forte (Justin Verlander, Charlie Morton e o recém-chegado Gerrit Cole combinaram para 9–1 e um ERA menor que 1,70 em 17 jogos), a equipe texana conseguiu segurar o bom início do rival Los Angeles Angels (do calouro “fenômeno” Shohei Ohtani) e continua dominando a Divisão Oeste. Por sua vez, e mesmo sem Carlos Santana (que foi para os Phillies), a equipe de Cleveland continua forte na Divisão Central, que ainda não mostrou que haverá um adversário para os Indians em 2018.

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