A inovação não é rótulo: é Verdade

Pedro Piovan
SEIVA BRUTA
Published in
3 min readOct 22, 2017
Uma prateleira munida de rótulos e tentativas de responder uma pergunta mal feita.

Em meu curto período de experiência empreendedora, tenho percebido algumas questões interessantes no universo da inovação e criatividade aplicada a negócios.

Hoje vemos um quadro gigantesco de organizações, start-ups, plataformas, venture capitalists e empreendedores que criam negócios com o foco na conexão entre pessoas, em busca de quebrar um modelo tradicional corporativista e trazer o "novo".

Participando de alguns eventos, organizando outros, observando movimentos, tenho compreendido alguns fatos repetitivos que apenas estão trocando de nome, mas se repetem em comportamento e ação. Vejo que parte do ecossistema ligado à inovação continua repetindo um modelo já falido de existência, mas com palavras "cool" e "hypes" que mascaram a verdadeira essência (já falida).

Que essência falida é essa?

Antes de continuar, gostaria de esclarecer o que é falência para mim. Não, não é ficar sem dinheiro (isso é o pós-entendimento).

O mundo competitivo baseado na escassez de produção material, intelectual e até energética é algo ultrapassado. Um sistema produtivo que se baseia na exaustão de matéria-prima e pessoas é algo que ficou para trás. O mundo do "trabalho sofrido" já foi.

Em frases simples, é isso que entendo como essência falida. Há pessoas muito mais recomendadas do que eu para falar sobre isso. Caso queira saber mais sobre o que estou dizendo, por favor leia:

Isto posto, vamos a diante.

Vejo que muitas "novas ideias" são transformadas em inovação: uma pessoa tem uma ideia; faz um Design Sprint; capta investimento-anjo; constrói um MVP; e pronto — chegou ao mercado. Muitas vezes, são ideias geniais, com pessoas geniais, com clientes geniais. É incrível quantificar a quantidade de pessoas que chegam nesse momento de construção de negócio e continuam reclamando da própria vida: "o meu cliente enche o saco"; "meu colaborador não faz isso"; etc..

Há inúmeros negócios e start-ups com uma série de rodadas de investimentos, escalando de uma maneira grandiosa, mas ainda repetindo um modelo falido apenas com palavras novas: ou seja, sem entender o seu propósito com aquilo.

Onde eu quero chegar com isso?

A verdadeira disrupção, inovação, ou seja lá o nome que você queira dar, não esta no fato da ideia ser diferente e aplicável, mas no fato de unir dois fatores: a felicidade individual e coletiva.

Você pode pensar: lá vem o chatão hippie falar de felicidade. Está tudo bem, eu compreendo e concordo com você.

Porém é muito interessante olhar esse fenômeno: ainda há apenas uma troca de rótulo sem mudar a essência. Temos que entender que a inovação tem um olhar muito mais íntimo para dentro.

Os novos modelos de negócios realmente inovadores focam na resolução real de um problema humano — tanto de quem empreende quanto de quem usa. Uma solução real é aquela que faz ambas as partes felizes. O dinheiro é consequência de um ato próspero e humano.

Vejo que o ecossistema de start-ups ainda não compreendeu por completo seu real propósito, e por falta de preenchimento interno, repetem os comportamentos do século passado que apenas esgotam as pessoas a sua volta e que colocam o lucro em primeiro lugar. A prosperidade é muito maior do que o dinheiro que vai cair na conta bancária: esta ligado a um posicionamento humano e uma forma de ver a vida como oportunidade de crescer e ser feliz.

Nos tempos atuais, ninguém mais compra pelos benefícios do produto: tem que resolver um problema real. Não adianta mais vender empurrado. Cresce cada vez mais uma disrupção incrível para a saúde humana: a venda com Amor.

Não estou dizendo que você não deve calcular o ROI de seu negócio e nem que deve largar suas métricas de sucesso, mas sim que você deve aliar isso ao seu propósito de vida.

O que podemos levar de lição desse texto?

Levo daqui alguns aprendizados:

  • Ame a si mesmo e a quem você entrega a sua solução;
  • Você realmente acha que a sua solução resolve algo real?
  • Empreenda/trabalhe sendo feliz. Não há nada pior do que alguém mal-humorado do seu lado.
  • Seja verdadeiro — para você mesmo.

O meu objetivo com esse pequeno texto é causar um pequeno incômodo em todos nós para nos mobilizarmos e tomarmos ações voltadas à nossa Verdade.

O que você diria se eu te perguntasse: qual é a sua Verdade?

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Pedro Piovan
SEIVA BRUTA

Design Sprinter, Business Designer e Fundador da Ensaio. Ajudando organizações em um mundo de transformação digital. pedro@ensaio.cc