Saiba como viver — e também como morrer

Pedro Piovan
SEIVA BRUTA
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3 min readJan 24, 2018
Não precisamos ser santos, apenas felizes.

Pare por um instante e perceba o que você esta fazendo neste momento. Estamos, em muitos casos, acostumados com algum tipo de padrão e tarefas consecutivas — você levanta de sua cama, desliga o despertador, escova os dentes, prepara o café da manhã, etc.. Em nosso dia a dia, normalmente estamos cumprindo apenas condições pré-determinadas por nós ou por alguém.

Então nós frequentamos uma escola, uma faculdade, arrumamos um trabalho, compramos um carro, depois uma casa para casar e ter filhos, e ganhamos dinheiro para talvez comprar um segundo carro e etc.. E tudo isso para exatamente o que?

Muitas vezes temos atitudes para apenas suprir os bens que já temos e que, se pensássemos um pouco, não precisaríamos deles.

E por que muitos de nós vive nesta condição? Minha resposta: por que ainda não aprendemos a morrer.

Em uma leitura seguida de "Autobiografia de um Iogue" do Paramahansa Yogananda e agora "O Livro Tibetano do Viver e Morrer", do Sogyal Rinpoche, comecei a compreender alguns pontos em relação a vida e a morte. Alguns de meus aprendizados:

#1: E quando chegar?

Nós planejamos e pensamos muito na vida, mas e o dia que morrermos? Quanto mais isso for um tabu, mais longe tentamos estar da realidade e mais ansioso estaremos perante ao fato. Quanto mais aprendemos a morrer, mais valor teremos ao que realmente importa: a nossa vida.

#2: Sobre o Presente

E isso não significa que devemos ficar no Himalaia em meditação para o resto de nossas vidas, mas sim que precisamos aprender a andar no caminho do meio: não ser apenas alguém que segue normas sem pensar, mas sim uma pessoa com atitudes propositais que aprende com a morte a seriedade da vida.

#3: Valor

Com a consciência da morte, talvez o principal presente que ganhamos é aprender o que é valor e como nos relacionarmos com ele. Aprendemos a valorizar o que é real e o que deixaremos — memórias, sensações e experiências. Aprendemos a colocar valor nas palavras que saem de nossa boca e para os relacionamentos que temos diariamente. É claro que a globalização trouxe uma gigantesca desvalorização de tudo (não vou aprofundar nisto aqui neste texto) — mas também trouxe possibilidades inúmeras de expansão de consciência por meio do aprendizado com outras culturas. Em um mundo fluído e kistch, quem sabe se valorizar vive feliz e mais realizado.

#4: Profundidade

Ao saber que nossa estadia é limitada, entendemos que não conseguiremos fazer tudo o que esta disponível. Portanto isso sugere que nos aprofundemos no pouco que temos. A simplicidade reside no mergulho de um assunto, de uma profissão ou de algum conhecimento, sendo que você não precisa daquilo para ser feliz. Assim chegamos na sabedoria. Um grande Mestre me ensinou:

"O conhecimento é como se você empilhasse todos os livros que leu. A sabedoria é quando você coloca fogo na pilha de livros e não precisa mais deles." — Alexandre Cumino.

Escrevi este pequeno texto para gerar uma certa reflexão sobre os nossos movimentos e fazer com que todos nós (inclusive eu) se pergunte:

O que eu quero deixar para o mundo? O meu dia a dia condiz com este propósito?

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Pedro Piovan
SEIVA BRUTA

Design Sprinter, Business Designer e Fundador da Ensaio. Ajudando organizações em um mundo de transformação digital. pedro@ensaio.cc