Remanso

TEA cultura livre
Seiva de Viajante
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2 min readFeb 7, 2014

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02h43 da manhã e o mar de Niterói silenciava — maré calma e baixa em Piratininga. A avenida Almirante Tamandaré, que acompanha a praia, estava quase parada como de costume. Mirando nos dois sentidos do calçadão, leste ou oeste, se via uma vila que já havia adormecido. Era minha vez de partir.

Enquanto me recolhia para dormir, o avião rompia a calmaria da hora com um sopro denso e longo no espaço aéreo. Suas luzes anticolisão refletidas no espelho d’água anunciavam sua partida fugaz para a altitude e lá no escuro do mar, as luzes dos navios cintilavam, como pequenos vilarejos — aguardando o dia para atracarem no porto.

Antes, no pôr-do-sol, três rapazes e uma garota planavam com suas pranchas e remos a 100 ou 150 metros da rebentação. Seguiam com remadas tranquilas e quase sem conversa em direção à praia vizinha, prainha. Passavam despercebidos por quem se banhava na praia — quando nem mais as gaivotas voejavam por ali naquele horário.

O esquecimento do dia estava suspenso em um intervalo sem medida. A informação como um produto diário e de preciosismo, pouco importava. Coexistindo em imagem e tempo, os signos que compunham aquele momento, permeavam o mesmo espaço — e se revelavam sem origem e sem proprietário. Havia ali uma pausa.

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