A Mulher: Empreendedora e Criativa

Sandra Mara Selleste
Selleste Economia Criativa
4 min readApr 16, 2019

“Naquele tempo tinha muita onça e homens que se achavam donos das mulheres aparentemente sozinhas”.

Eu e Julia Lopes temos escutado muitos relatos destas protagonistas da História do Empreendedorismo Feminino. e resolvemos escrever em parceria para compartilhar com vocês.

ilustrações: Sandra Mara Selleste

Vamos registrar a fala da nossa protagonista por completo.

“Naquele tempo tinha muita onça e homens que se achavam donos das mulheres aparentemente sozinhas” Então, quando viemos pra cá, e meu marido viajava na “tropa”, eu rezava e dormia com uma garrucha embaixo do travesseiro e os três meninos na minha cama, em volta de mim. Ainda bem que nunca precisei usar”.

E você tinha medo que um dos homens da tropa ou mesmo os viajantes te violentasse na ausência do seu esposo? Perguntei para ver a reação. E ela me disse: “Claro! Eles eram o maior perigo, porque se isso acontecesse e alguém ficasse sabendo, meu marido iria lavar a honra dele e um dos dois morreriam”.

Este foi um dos relatos mais impressionantes que eu ouvi de uma mulher até hoje. Ela por medo de um dos viajantes tentarem algo e mesmo de um animal de grande porte entrar em sua moradia de pau a pique, optava por se valer de uma espécie de garantia — a arma de fogo. Este reflexo de pensamento ainda está presente em muitas mulheres que acompanharam seus maridos, nas décadas de 30/40 e 50 do século XX, na busca de terras para produção agrícola.

Fico imaginando que além do desafio de empreender uma nova vida, a mulher ainda tinha que ser subordinada a este conceito social de comportamento de todos os envolvidos. Me pergunto quantas mulheres não se calaram sobre — FATOS — para que a honra do marido não fosse lavada em sangue?

ilustrações: Sandra Mara Selleste

Neste momento percebo, o que podemos elencar como uma das raízes da criatividade feminina. As situações eram tão cheias de adversidades que a multidisciplinariedade, o olhar, enfim, tudo gradativamente foi construindo no cérebro feminino uma alta capacidade de solução, o uso dos cinco sentidos no seu maior desempenho para autodefesa.

Questões sobre o posição de destaque das mulheres, não mais como segundo plano, apenas em cargos de operação dentro das empresas, mas em lugares de poder e a busca pela igualdade de salários quando ocupando esses cargos. As diversas pautas sobre mulheres são, atualmente, de enorme importância, o número de mulheres empreendedoras tem crescido cada vez mais. Por isso é importante, construir uma literatura cultural e filosófica, distante da ideia de sexo único ou mesmo de deformismo sexual dos último séculos. Mudar a base “logica” masculina do saber sobre a mulher que a condicionava em um lugar de inferioridade.

Portal do Empreendedor
Portal do Empreendedor

Bom, mas o que isso tem a ver com Economia Criativa? Para validar essa busca por espaços dentro das empresas e do empreendedorismo as mulheres se especializam mais que os homens, se preparam, estudam e adquirem experiências, tornam-se especialistas, trabalham os atributos para, o momento de se apresentarem no mercado com uma empresa ou para a concorrência em um alto cargo.

A verdade que a mulher lida com todos estes itens carregara um lastro que comprova que ela é capacitada para aquilo e só ela com o diferencial que ela tem, pode ocupar aquele espaço.

ilustrações: Sandra Mara Selleste

É aí que entra a Economia Criativa, que gera valor, justamente a partir das histórias, do lastro, do conhecimento e diferencial de cada um. É o combustível para o desenvolvimento e o destaque de uma empresa no mercado, pois trabalha a marca e os recursos intangíveis que são abundantes. E hoje sabemos que o valor de um produto ou serviço está totalmente atrelado a sua marca, experiência e credibilidade, ativos para conseguir desde novos clientes até investidores.

Economia Criativa é para todo mundo, mas se pensarmos na demanda atual ao fomento do empreendedorismo feminino, a Economia Criativa passa ser estratégica para as mulheres de qualquer área que buscam destacar seu diferencial e se juntar a uma rede para evidenciar e fortalecer cada uma.

Julia Lopes

Neste texto quem escreve comigo é a Júlia Lopes -Administradora e Especialista em Economia Criativa. Atualmente, é sócia na empresa Observatório Luneta que atua com planejamento estratégico para Economia Criativa e desenvolve um programa chamado Negócios para Elas, para o fomento do empreendedorismo para mulheres. Se especializou e trabalhou com Lala Deheinzelin se tornando uma Fluxonomista 4D. É também criadora da CASA 282 , local compartilhado e colaborativo de fomento ao empreendedorismo, em Pouso Alegre e co criadora do Coletivo Movimento Laranja que atua na cidade e na transformação do espaço urbano.

Fontes Pesquisadas

Global Entrepreneurship Research Association — GERA / Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP) / Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) / Fundação Getulio Vargas (FGV-EAESP) / Confederação Nacional dos Jovens / Empresários (CONAJE) / Portal do empreendedor. Thomas Laqueur

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Sandra Mara Selleste
Selleste Economia Criativa

Sou empreendedora na Selleste, Consultora no desenvolvimento de empreendedores para as Novas Economias, Fluxonomista4D, produtora cultural e atriz.