A sibilante serpente sobrevive na selva

A poesia de Anna Carolina Ribeiro

cassandra
selohestia
2 min readFeb 20, 2023

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Serpente

Me sacudo safa.
Sedução safada,
a mão ensopada
saindo da saia,
sensações selvagens
se sobressaem à saliva.

Insensatas sacanagens.

A sibilante serpente
sobrevive na selva.
Surpreende, de repente
um silvo soprando
sereno e sábio,
o suor sussurrando:
“Sucumba, sem ressalva,
se cedo cedes,
a alma se salva”.

Sorrio e aceito,
mas só se for assim:
o espírito são,
não.
A saia,
sempre amassada,
isso sim.

Este poema foi originalmente publicado no livro Lua em escorpião: versos sobre desejos profundos (Penalux, 2021).

Apego

Dalai Lama nunca deitou na cama
que eu me deito com este homem sem nenhum defeito
vem falar de desapego porque não conhece o sossego
que uma voz grave traz quando a ouço vinda por trás
o timbre vibra em mim como um mantra sem fim

sua santidade acha que desapego é sinônimo de paz
mas a plenitude está num corpo suado que prende
e eu fico. fico bem, fico mais!

Anna Carolina Ribeiro é formada em letras pela UFSJ e colaboradora do site Valkírias. É autora da newsletter Serviço de escritas da Anna e do blog Annaverso. Lua em escorpião: versos sobre desejos profundos é seu primeiro livro, publicado pela Penalux em 2021. No mesmo ano, sua poesia “Ódio” foi selecionada e publicada na antologia do Prêmio Off-flip. Sua última publicação é o conto E as namoradinhas, Guilherme? Conheça o trabalho da autora aqui.

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