Apresentação

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2 min readMay 18, 2022

Oi, tudo bem? Meu nome é Milena Martins Moura e eu sou editora e idealizadora da revista cassandra.

cassandra surgiu da ideia de reunir mulheres artistas de diversos lugares e com diversas vozes para promover as artes e a literatura feitas por, de e para mulheres.

Era uma ideia pequena, porém deu muito certo e em pouco tempo vimos a revista ganhar horizontes que jamais imaginaríamos. E foi isso que nos trouxe até aqui.

Héstia nasce como um pequeno braço da cassandra, tanto que nem a consideramos exatamente uma revista, mas um selo à parte da própria cassandra. A intenção é semelhante: divulgar e publicar poesia de autoria feminina. Ao contrário da cassandra, porém, que é uma revista de artes e literatura na qual são publicados todos os tipos mais diversos de textos e manifestações artísticas, Héstia se debruça exclusivamente sobre o gênero poesia. E seu maior diferencial: poesia erótica.

Criar um espaço para a publicação de poesia erótica de autoria feminina não é uma ideia nova. Assim como na criação da cassandra, sabemos que muitas vieram antes de nós. No entanto, a erótica feminina ainda é vista como tabu, apesar de tantas serem as autoras, muitas delas consagradas, a terem se dedicado a esse tema.

Héstia quer espalhar o discurso feminino sobre o corpo, a sexualidade e o erotismo. Sem as culpas e os embotamentos que toldam a nossa plena fruição do prazer. Como diz Olga Savary em sua antologia Carne Viva: “Chega de culpa. Sexo pode, deve e é uma coisa boa e saudável.”

Tomamos de empréstimo a deusa grega do fogo. Héstia, irmã de Zeus e filha de Cronos e Reia, era a deusa virgem, delicada e bondosa que guardava o fogo familiar. A plena imagem da musa inalcançável que se pode apenas contemplar: comportada, bela, gentil, servil.

Queremos com isso desconstruir esse padrão. Mostrar que a mulher tem seu corpo e seu desejo, e uma maneira toda sua de o usar como instrumento de poesia.

Somos mulheres. Por milênios nosso prazer foi representado pelos homens, nos escritos dos homens. A musa distante para contemplação, o objeto de desejo, um corpo sem vontades e sem voz, cujo único desejo era satisfazer o parceiro. Não mais.

Esse é o tempo da mulher que toma para si o discurso sobre si. O tempo da mulher que se permite desejar e reivindicar o seu prazer. Que não encara o próprio corpo com olhos baixos ao espelho, como tabu, como pecado. Esse é o tempo de uma mulher que gosta de maçãs sem culpa. Que desfruta. Esse é o tempo da mulher que goza e não tem vergonha ou pejo de transformar gozo em verso.

Não somos a imagem e semelhança de Héstia, mas também sabemos controlar o fogo.

Uma mulher não se consome pelo fogo.

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