Gozo

A poesia de Maria Luiza Hastenreiter

cassandra
selohestia
2 min readFeb 20, 2023

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Sinto-me tão feliz!
É tanto prazer
e tanto gozo
que mal me caibo dentro.
Por isso preciso abrir-me.
Abrir-me a mim mesma,
escancarar-me,
arreganhar-me a alma
para a felicidade,
para o prazer e
para o gozo.

Gozo suave de poesia
e escancarado de tesão.
Gozo sublime de desejo
e perturbador de tentação.
O arrepio d’alma
me lambe de emoção
até o bico dos seios,
assim com tudo dentro.
Fora só o medo,
que já não tem mais espaço
em meu coração.

Dona do meu próprio gozo,
sinto-me mais potente,
poderosa, corajosa,
gostosa,
mais ousada.
Dona do meu próprio corpo,
meu ventre,
meu sio.
Sem expectativas,
zero desilusão.

Não estou sendo bem comida,
estou sendo bem amada,
bem servida de mim mesma.
Bem sentindo-me,
bem servindo-me,
bem amando-me.

Maria Luiza Hastenreiter é mulher negra, natural do Rio de Janeiro, mais especificamente cria de Duque de Caxias. É educadora por vocação e formação. Graduada em Letras — Língua Portuguesa pela Universidade Estácio de Sá (2009), através do PROUNI. Especialização em Gestão Escolar (2012), atualmente é mestranda em literatura Brasileira pela UFRJ e pesquisa a Literatura produzida por mulheres negras brasileiras através do NIELM (Núcleo Interdisciplinar de Estudos da Mulher na Literatura). Atua como professora de Língua Portuguesa — SEEDUC/RJ e Oficineira do Proiniciar — UERJ. Tem experiência como palestrante na área de Literatura Brasileira de autoria negra e Educação Antirracista. Conheça o trabalho da autora aqui.

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