Holanda de 74

Camisa com História — FutFanatics*

Andre Vidiz
Sem Firulas
3 min readApr 19, 2017

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Foto: NumeroCero.es

16 trocas de passes e uma arrancada de Cruyff em pouco mais de um minuto. Assim a Holanda de 74 dava início à final da Copa do Mundo obrigando a Alemanha Ocidental, anfitriã do evento, a cometer um pênalti e ver a bola entrar sem nunca ter tido a chance de tocar nela. A partir daquele momento o futebol não era mais o mesmo e conceitos como marcação sob pressão, linha de impedimento e troca de posições — até então estranhos aos amantes da bola — tornavam-se obrigatórios.

A Alemanha virou o jogo e tornou-se campeã daquela Copa, mas não impediu que o time mais famoso do torneio fosse a Laranja Mecânica, que para alcançar a final havia atropelado seus adversários. 4x0 na Argentina, 2x0 no Uruguai e o mesmo placar no defensor do título Brasil colocaram números em algo que não pode ser quantificado: a inversão na lógica do jogo. Se até ali os times buscavam se organizar e dividir as funções entre seus jogadores, a Holanda abraçava o caos e fazia com que seus atacantes marcassem, seus zagueiros avançassem e o adversário se sentisse perdido no meio de um mar laranja e preto. O jogador que ousasse ficar com a bola se via caçado por dez holandeses e abandonado por seus companheiros que, impedidos, nada podiam fazer.

o encanto no olhar de quem marca um craque

Cruyff era o grande nome da equipe. Sua técnica apurada enchia os olhos do público e parecia encaixar perfeitamente na nova maneira de jogar futebol proposta pela equipe. Ora na ponta esquerda driblando o lateral, ora no campo de defesa organizando o time, era impossível saber se ele fazia da Holanda um time imparável ou se era a seleção que fazia dele um jogador imarcável. Mesmo jogando com uma camisa diferente daquela ostentada por seus companheiros (Cruyff se recusou a usar a vestimenta com as três listras da patrocinadora da Holanda — que não o patrocinava) tudo parecia se encaixar de uma maneira incompreensível para quem estava de fora daquele carrossel.

O título não veio, mas a influência da Holanda de 74 se faz presente até hoje: do Camp Nou aos campos de várzea todos, conscientemente ou não, veem o futebol sob a ótica daquele time. Em sua homenagem todo técnico deveria usar laranja e ter no peito a imagem de um dragão negro, todo meia exigir ter duas listras em seus ombros e todo torcedor ter pelo menos uma camisa do Carrossel Holandês em seu armário

*Na FutFanatics você encontra as camisas mais memoráveis dos clubes e seleções. E no Sem Firulas você conhece a história por trás delas.

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