O melhor jogador do Brasileiro 2017

Pedro Sampaio
Sem Firulas
Published in
3 min readNov 2, 2017

Desde que retornou ao São Paulo, ele vem liderando um time que passou de ameaçado de rebaixamento a postulante por vaga na pré-Libertadores. Já são oito gols marcados em 15 jogos do Brasileirão. Hernanes caminha para sua primeira Bola de Ouro.

Se você estranha o meio campista ausente de todas as listas publicadas pela ESPN, rodada após rodada, isso se deve ao fato de Hernanes ainda não ter completado as 17 partidas necessárias para postular à seleção do mais tradicional prêmio do futebol brasileiro.

Na 31ª rodada, o icônico clássico contra o Santos. Hernanes deu duas assistências naquele 2x1, sendo que uma delas foi um lançamento de mais de 40 metros com a perna esquerda — um arco perfeito que atravessou as duas linhas de marcação do Peixe. Poderiam ter sido três assistências, caso Petros tivesse marcado depois de ficar na cara do gol em jogada característica do camisa 15 são-paulino, a pedalada seca na frente do zagueiro seguida do passe açucarado. Hernanes nos faz lembrar de uma época não muito distante quando craques ainda nos davam o ar da graça nos gramados brasileiros.

Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net

Se ainda precisava de dois jogos para figurar na contagem da premiação, eis aqui a média do são-paulino nos seus 15 jogos, simulando sua atual posição — lembrando que o prêmio ESPN Bola de Prata Sportingbet tem jornalistas avaliando o desempenho dos jogadores in loco em todos os 10 jogos das 38 rodadas do campeonato, publicando as notas ao final de cada uma delas. Pois que o profeta tem 6,5 de média!

Com essa média, o jogador seria o melhor colocado tanto na posição de MEIA como na de SEGUNDO VOLANTE, a frente de Thiago Neves e Bruno Silva, respectivamente. Levaria a Bola de Prata nas duas posições em que vem jogando. Já na disputa pela Bola de Ouro (o melhor do campeonato), Hernanes ocuparia a quarta colocação, atrás de Vanderlei com 6,61, Cássio com 6,58 e Jô com 6,57. Uma disputa acirrada em um campeonato decadente.

Ter dois goleiros ocupando as duas primeiras posições é reflexo de um campeonato em que os times não quiseram a bola. Uma estratégia liderada pelo campeão do primeiro turno Corinthians e seguida pelos demais com o iminente sucesso do time comandado por Fabio Carille. Esperar, bem postado, mas sem a bola.

Se este é um sinal do baixíssimo nível técnico, o mesmo não se pode falar de Hernanes. Gol de esquerda e direita, cabeceando como centroavante, golaço de falta, gol da virada, assistências magistrais e uma importância técnica nos momentos mais importantes dos jogos são ponto fora da curva em um campeonato cada vez mais desinteressante.

Normalmente, o craque do campeonato se consolida nas rodadas finais, trazendo consigo o espírito das vitórias e liderando a busca pelos últimos pontos. Na história recente, foi assim com Thiago Neves em 2007, com Adriano Imperador em 2009, Conca em 2010, Ricardo Goulart em 2014 e tantos outros desde 1971, quando o prêmio nascia pelas mãos da revista Placar.

Hernanes parece estar em plena ascensão, liderando a recuperação de um time à beira do nocaute e fazendo seus torcedores sonharem com algo até então inimaginável. Mesmo que fique fora da Libertadores, fazer o são-paulino sonhar nesse final de campeonato é muito mais emocionante do que o final da maioria das outras equipes, que não só se desinteressaram pela bola, como abriram mão de qualquer ambição digna do campeonato mais nivelado do mundo — cada vez mais por baixo.

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