Em noite de goleiros, Croácia bate a Dinamarca e avança na Copa

henrique salmaso
Sem Mundial
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6 min readJul 2, 2018
Em noite marcada por boas atuações dos goleiros, Croácia avança no Mundial (Foto: Reuteurs)

Croácia e Dinamarca travaram um duelo tenso durante os 120 minutos que jogaram em Oblast, na Rússia. O estádio Nizhny Novgorod foi palco de um duelo travado, que viu gols apenas nos cinco minutos iniciais. Depois disso, apenas na disputa de pênaltis — na qual os goleiros fizeram questão de brilhar. Após o empate por 1 a1 no tempo regulamentar, a Croácia venceu por 3 a 2 na disputa de pênaltis. Abaixo, você confere a análise das duas seleções pelo ponto de vista dos nossos colaboradores.

Croácia sentiu o peso do favoritismo, mas bateu duro desafio imposto pela Dinamarca

Por Henrique Salmaso

Antes do jogo, a Croácia era tida como favorita no confronto. Não só pelo que jogou na primeira fase — ganhou todos os jogos — , mas também pelo pobre futebol apresentado pela Dinamarca. Nos primeiros minutos da partida, um grande indício de que não seria fácil. Antes de tirar qualquer conclusão a respeito da proposta croata, um gol relâmpago do adversário. No primeiro minuto, numa bola rebatida na área, Zanka finalizou fraco na pequena área e Subasic acabou aceitando. Com 4 minutos, em outra confusão na área, Mario Mandzukic acabou empatando para os croatas. Calma, agora vamos ver o que Dalic tinha em mente.

Repetindo a escalação que surrou a Argentina na segunda rodada, a Croácia entrou com Brozovic na frente da defesa, liberando Rakitic e principalmente Luka Modric. A equipe começou com boa circulação do trio do meio, além de utilizar o pivô de Mandzukic e o lado direito com Rebic e Vrsaljko, alargando o campo ou fazendo movimentos interiores. A primeira etapa, apesar de pouco criativa, até foi de bom controle croata, porém acionou poucas vezes Perisic pelo lado esquerdo e raramente fez uso dos passes verticais que Modric e Rakitic costumam fazer.

Até que veio a péssima segunda etapa croata. Com pouca compactação e trio de ataque nulo, a Croácia viu seu adversário dominar as ações do jogo, defendeu mal perto do seu gol, não contra-atacou e não usou o jogo físico a seu favor. Acabou torcendo para o relógio e a partida se arrastou para a prorrogação, e o drama maior estava por vir.

O tempo extra foi arrastado, sofrido e fechado, como de costume. Nenhuma equipe queria se expor e dar espaço ao adversário. Dalic utilizou a quarta substituição, nova regra que permite fazer uma alteração a mais em situações de prorrogação, para colocar Kramaric no lugar de Mandzukic, que já parecia esgotado fisicamente. Aos 23min do tempo extra, o lance mais inacreditável da partida: A Croácia recupera a bola no seu campo, ativa Luka Modric no meio, e ele finalmente encaixa seu passe vertical para Rebic nas costas da defesa. O atacante ficou de cara para Schmeichel, driblou o goleiro e demorou uma eternidade para finalizar. Foi alcançado por Zanka na pequena área e sofreu o pênalti.

Era a hora de sair pro abraço e comemorar a classificação após a partida mais dura para os croatas nesse mundial. Luka Modric, o camisa 10 da seleção e do Real Madrid, partiu lentamente e cobrou… fraquinho, entre o meio e a trave, consagrando Schmeichel. A Croácia foi para a disputa de pênaltis com o goleiro dinamarquês com a confiança nas alturas, enquanto Subasic havia sofrido um tento defensável e com seu capitão perdendo a chance do jogo.

A disputa foi emocionante, e mesmo com a atmosfera totalmente contrária, a Croácia conseguiu a classificação com 3 intervenções de Subasic, Modric se redimindo do pênalti perdido e Rakitic fechando a conta no quinto pênalti.

Agora os croatas enfrentarão a anfitriã Rússia nas quartas, e ainda estão no lado teoricamente mais fácil da chave (fugindo de Brasil, Bélgica, França, Uruguai etc. até a final). Por um lado isso é ótimo, pois os croatas entram como favoritos contra praticamente todos os adversários. Por outro, pode ser prejudicial, afinal a Croácia foi melhor quando atacada por uma Argentina teoricamente superior e não soube lidar muito bem com o favoritismo das oitavas. Mas sob os pés do maestro Modric, a calma de Rakitic e a valentia de Mario Mandzukic, o torcedor croata tem condições de seguir sonhando.

A despeito de todo esforço de Schmeichel, Dinamarca é eliminada

Por Matheus Nascimento

A Dinamarca começou o jogo com uma formação um diferente do habitual. Braithwaite, que foi o 12º homem durante essa Copa, começou como titular no lugar de Sisto e Knudsen entrou na lateral esquerda no lugar de Stryger-Larsen. Além disso, Zanka Jorgensen ganhou a vaga na zaga empurrando Christensen para o meio, e a última foi Cornelius no ataque e Nicolai Jorgensen no banco.

O jogo começou e a torcida dinamarquesa já estava comemorando, no primeiro lance de ataque, Knudsen em uma das suas especialidades, que é a cobrança de laterais longos, levantou a bola na área e após o bate e rebate, Zanka Jorgensen mandou para o gol, abrindo o placar. Porém não foi possível saber qual seria o comportamento inicial da Dinamarca ou até então uma postura após um gol, pois aos três minutos, Mandzukic empatou a partida.

Após isso, a Dinamarca, mesmo sem querer, jogou mais atrás, pois o ímpeto croata estava imenso. Apesar disso, o trabalho feito por Delaney no meio campo foi incrível ao anular Luka Modric por toda a partida, Knudsen também deu maior solidez ao lado esquerdo da marcação dinamarquesa, visto que não sobe muito, então sempre estava ali para ajudar. Braithwaite, apesar de sem técnica para jogar lá na frente, voltava bastante para ajudar o lateral.

Christensen, que estava jogando como uma espécie de primeiro volante, não teve boa atuação, muito perdido na posição, além de não conseguir marcar, o que era a principal coisa a se fazer. Era mais presente quando caia pela direita para ajudar Dalsgaard na marcação, que também contava com a ajuda do prestativo Yurary Poulsen. A dupla de zaga mais uma vez foi bastante sólida.

E no gol, Kasper Schmeichel deixa a Copa do Mundo com a sensação de foi, tranquilamente, um dos melhores goleiros do torneio, com atuações fantásticas desde o primeiro jogo, o goleiro parou todos os chutes que pode e evitou, em todos os jogos, a derrota.

No segundo tempo a Dinamarca voltou do vestiário com uma outra ideia na cabeça, jogando mais ofensiva. Pressionando a Croácia no campo deles e criando jogadas, comportamento estranho para quem viu na fase de grupos um time que só jogava para trás e saia no contra-ataque. A forma ofensiva de atuar lembraram as atuações antes da Copa, buscando o resultado e precisando a da vitória. A entrada de Schöne no lugar de Christensen melhorou muito a saída de bola e também a chegada no ataque e o meia do Ajax teve várias chances, mas não conseguiu marcar o gol. Quem teve um dia não tão inspirado foi Christian Eriksen, que é a estrela do time.

Quando Nicolai Jorgensen entrou na partida, ele conseguiu criar mais chances do que Cornelius e avançar bastante o ataque, Yurary e Braithwaite tiveram várias chances também, mas quando o chute não saia torto, os jogadores de frente não chutavam. A Dinamarca ficou o final do segundo tempo inteiro se apoiando na jogada de Knudsen mandando laterais na área.

Na prorrogação, assim como nos últimos quinze minutos do segundo tempo, a Croácia estava em cima, Kovacic mudou o jogo para os adversários, e novamente, graças a Kasper Schmeichel, a Dinamarca conseguiu levar o jogo para as penalidades. Aos 118 minutos, Zanka Jorgensen precisou matar chance uma chance clara de gol de Kramaric, que foi derrubado na área e a penalidade foi marcada, Modric cobrou do lado direito e Schmeichel fez grande defesa. Já na disputa de pênalti, Eriksen abriu errando as cobranças, em seguida Kjaer fez, Krohn-Dehli também fez o gol, mas Schöne e Nicolai Jorgensen, que cobrou incrivelmente mal, erraram e assim foi dada a eliminação da Dinamarca nas oitavas de final da Copa do Mundo.

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