Um pequeno resumo do primeiro dia do Innovators Summit 2016

Ricardo Couto
Semantics Box
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6 min readSep 6, 2016

Ontem, dia 05 de setembro de 2016, aconteceu em São Paulo, no Instituto Tomie Ohtake, o Innovators Summit. Acredito que seja a segunda edição, não tenho certeza. De qualquer forma, é a primeira que participo.

Acredito que uma pequena contribuição que posso dar é resumir um pouco do que vi no evento. Lembrando que não tenho relação com a organização nem respondo pelo evento, portanto o que está aqui é minha visão e anotações do evento e apresentações.

Adaptando o seu produto para encarar a disrupção do mercado

Final da palestra de Paulo Silveira

Paulo Silveira iniciou sua palestra falando em como ir do presencial pro online. Parece um assunto ultrapassado e, até certo ponto, desnecessário para um evento que se propõe a falar de inovação. No entanto, muitas empresas ainda fazem isso — apenas transferem os processos, produtos e serviços para o online.

O foco de atuação do Paulo é a educação e alguns dados impressionam. Por exemplo, o Coursera — que tem cursos excelentes e ninguém discorda disso — tem um índice de 1% de finalização dos cursos, assim como no edX. Finalização = sujeito que se inscreve e participa do curso até o final. Basicamente, subir vídeos (excelentes) e esperar que as pessoas tenham autocontrole para estudar sozinhas é uma expectativa, no mínimo, otimista demais.

Outros exemplos são as fintechs: Nubank vs. novos bancos digitais, como o Neon ou o Original. O que os difere não é a ausência de taxas do cartão (por sinal, eu tinha um cartão do Unibanco, internacional, sem nenhuma taxa, contrato vitalício, cancelei por falta de uso). O atendimento é o diferencial, a relação direta engaja, não os benefícios acessórios.

Outro erro citado foi na medicina+tecnologia. Nós queremos médicos atendendo várias pessoas ao mesmo tempo? Ou queremos um médico nos atendendo exclusivamente no momento em que precisamos? A relação que engaja é a 1–1 ou muitos-muitos?

Na educação também: 1 pra 1 é o ideal. Provavelmente para qualquer negócio digital, esse parece ser o ideal. O atendimento direto, humanizado, individualizado.

Outra questão levantada foi sobre duas iniciativas em educação que ele participa: uma é offline, outra online. Há canibalização entre eles? A resposta é simples: em suma, quem compra educação offline é diferente de quem compra educação online, são públicos diferentes e os negócios tem estratégias diferentes, então a resposta é não, não hácanibalização entre eles.

Mudando o mindset e reciclando conhecimento para encarar mudanças de mercado e novos desafios tecnológicos

Caria Davis e um singelo post-it ;)

Carie Davis ofereceu uma visão bastante interessante sobre o mindset necessário atualmente para encarar a contemporaneidade.

  1. Pare de fazer brainstorming
    Ao invés disso, convide as pessoas a trazerem ideias e verifique se fazem sentido.
  2. Não tente prever o futuro
    É impossível prever o futuro muito à frente então trabalhe com o que tem agora ou muito próximo.
  3. Melhore seu próprio processo de aprendizagem
    Aprenda rápido, estimule o aprendizado e quanto mais rápido possível.
  4. Meça o quanto você mata suas ideias
    Gastar tempo = jogar recursos fora (financeiros, equipes e etc).
  5. Compre ideias o mais rápido possível
    Veja como exemplo o filme Moneyball (recomendo, é um ótimo filme). Serve não só para negócios mas para pessoas, ideias, conceitos.
  6. Entenda, você não sabe qual a melhor ideia
    Não tente escolher um ideia de 10 e investir nela. Invista um pouco nas 10 e cheque rápido qual tem melhor retorno.
  7. Não há atalhos para falar com usuários ou consumidores para saber o que realmente querem
    Considerar os viéses cognitivos e fazer pesquisas etnográficas podem ser um bom caminho pra resolver isso.
  8. Estimule as equipes a saírem do escritório
    Crie as condições para que os times vão para a rua testar.

“It’s easier for me to get $ 10 million to buy a company than it is to get $ 100,000 for beverage category innovation.”

Cultura: preparando sua empresa para inovação

Essa foi um debate entre André Barrence, Flavio Pripas e Ann Maria Williams, moderados por André Monteiro.

Inicialmente a discussão foi sobre os ambientes que existem em São Paulo, como o Google Campus e o Cubo. André Barrence citou o Google for Entrepreneurs, considerando esta iniciativa e os campus como investimentos da Google em empreendimentos e no ecossistema de negócios nascentes, visando retorno em médio e longo prazo.

Flávio Pripas, do Cubo, comentou que:

Startups criam e recriam modelos de negócios; então mesmo as grandes empresas precisam aprender com isso.

Segundo ele, o Itaú precisa/precisava disso. Na verdade, praticamente todas as grandes empresas precisam disso. Um possível retorno do Itaú ao investir no Cubo pode ser “entender como as startups funcionam” pra utilizar isso nos processos internos.

Também foi mencionado que o mercado está na fase de curiosidade, ainda entendendo o que é uma startup. Ainda há um longo caminho para as grandes empresas assimilarem os processos ágeis das startup e coloquem tais práticas no seu dia a dia.

Outro ponto interessante falado foram os…

5 fatores considerados para o ambiente inovador: cultura, densidade, talentos, capital e ambiente regulatório.

Design Sprints: entenda como funciona e os benefícios do framework criado pela Google

Laura Garcia-Barrio e um dos exemplos de ideias nascidas num Design Sprint

Laura Garcia-Barrio apresentou o Design Sprint de forma rápida mas suficiente para estimular a curiosidade dos participantes que não conheciam ainda essa prática.

O framework funciona melhor se executado em uma semana, este é o ideal. Mas, conforme ela mesma afirmou ter tido experiência recente, pode ser feito em 3 dias, talvez até em 2.

O processo, basicamente, é composto por: Entender > Rascunhar > Decidir > Prototipar > Validar.

Entender (Understand)

O ideal é ter times multidisciplinares, contendo todas as funções do time no grupo do Sprint. Como um time, a ideia é discutir o problema e criar conhecimento compartilhado, além de promover um brainstorm, onde todos tem voz.

O objetivo é gerar conhecimento coletivo compartilhado.

Em termos práticos, sugere-se colocar uma ideia por post-it e após isso, organizar por áreas ou assuntos, gerando um mapa de afinidades. É interessante montar jornadas do usuários para mapear os touchpoints do usuário com o produto ou serviço.

Rascunhar (sketch)

Neste momento, o foco é gerar muitas possíveis ideias que sejam potenciais soluções, tudo feito em um tempo pré-definido.

O objetivo aqui é comunicar ideias visualmente, porém sem preocupação com alta fidelidade ou pequenos detalhes.

Exemplo de processo: Crazy 8 = criar 8 ideias em 8 minutos.

Decidir (decide)

Através de votação democrática o time irá decidir o que incluir no protótipo. Obviamente que há diferentes cargos e níveis de senioridade entre o time, no entanto, a forma de votação deve ser democrática, isso é uma premissa do processo.

Exemplo de prática de votação: mapas de calor (com marcadores de cores diferentes) ou o uso de uma matriz de priorização.

O objetivo é limitar o que, de fato, será construído no protótipo a ser validado, limitando as ideias a algo possível de ser validado.

Prototipar (prototype)

Em menos de um dia, o time deve criar um protótipo "real o suficiente" para consolidar as questões discutidas no Sprint. Este protótipo deve ser simples, deve ser o mínimo necessário para comunicar a ideia.

O objetivo é ter algo palpável, seja um protótipo em papel, sejam telas de um app ou mesmo um quiosque improvisado.

Validar (validate)

Usuários abordados pessoalmente ou ao vivo (mesmo remotos) darão feedbacks críticos para o time saber o que deve construir, de fato.

Deve-se levar em consideração as preocupações básicas de pesquisa, como não induzir as respostas do usuário ou não saber como conseguir as informações que precisa.

Ficam alguns links sobre Design Sprint na Google:
gv.com/sprint
developers.google.com/design-sprint
design.google.com

De forma geral, o primeiro dia foi bastante rico em discussões. Algumas coisas foram bem básicas mas entendo que o público deste evento seja diverso — do gerente tradicional que quer entender sobre inovação e tecnologia ao CEO de startup que acaba de receber investimento série A (series A round). Logo, é necessário ter do básico ao avançado.

Hoje começa o segundo dia e as anotações já começaram a ser feitas :)

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Ricardo Couto
Semantics Box

Head of Product Design. Obcecado por criar experiências memoráveis em produtos e serviços.