100 anos do Derby Paulista — Dados, curiosidades, confrontos históricos e o início de 2017

Sem Clubismo F.C.
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6 min readFeb 22, 2017

No ano de 2017, o Dérbi (ou também chamado de Derby) Paulista completa 100 anos de existência. Um dos maiores clássicos do Brasil, e também, do mundo, transforma a cidade de São Paulo. Em seu centenário, existiram centenas de jogos decisivos para o cenário estadual, nacional e continental. Neste texto, iremos trazer os dois jogos mais marcantes em edições do Campeonato Paulista, já que os rivais se enfrentam nesta quarta-feira em Itaquera.

Logotipo que será usada por ambas as equipes em suas camisas no confronto desta quarta. (Foto:Reprodução)

Jogos Marcantes

Palmeiras 4 x 0 Corinthians — Final — Campeonato Paulista 1993

O dia 12 de Junho de 1993, jamais sairá da história da torcida alviverde. O Palmeiras amargurava um longo jejum de 16 anos sem ganhar um título, e coube a aquela tarde decidir se a fila acabava ali. O Corinthians havia vencido a primeira partida por 1x0 (gol de Viola, que imitou um porco na comemoração). Porém, no segundo jogo que contou com mais de 104 mil pagantes no estádio do Morumbi, reservava um grande enredo a ser escrito. Empurrado pela torcida, necessitando reverter a vantagem do rival, o Alviverde demorou 36 minutos para abrir o placar com gol do meio-campista Zinho. No início do segundo tempo, Edmundo saiu cara a cara com Ronaldo e foi derrubado. O goleiro do Corinthians foi expulso assim como o zagueiro Tonhão, por supostamente ter dado uma cabeçada no arqueiro corintiano. Evair cobrou muito bem e ampliou a vantagem que fora aumentada pouco tempo depois por Edilson. Na prorrogação, mesmo com as pernas pesadas, o Verdão guerreou e com mais um gol de pênalti de Evair, sagrou-se campeão e pode tirar o grito de “É campeão!” da garganta.

Evair comemorando o gol do título Alviverde em 1993. (Foto:Reprodução)

Corinthians 2 x 2 Palmeiras — Final — Campeonato Paulista 1999

O dia era 20 de Junho de 1999. Dia do maior jogo da história do maior clássico da Terra(pelo menos para os corintianos). Era a revanche contra o time da Barra Funda após a eliminação na Libertadores.
Logo no primeiro jogo, um 3 a 0 contra os reservas palmeirenses. No duelo de volta, clima de festa para saudar o encontro entre o maior campeão paulista e o atual campeão continental. No começo da partida, o zagueiro Cléber foi expulso após entrada criminosa em Marcelinho. Quando o jogo já se encaminhava para o final com 2 a 2 no placar, Felipão e seus jogadores não aguentaram Edilson e suas embaixadas e partiram pra cima do corintiano com agressões. A confusão foi tanta que restou ao juiz encerrar o jogo antes dos 90 minutos e sagrar o Corinthians campeão.

Edilson fazendo embaixadinhas que provocaram tumulto no fim da partida em 1999. (Foto: Reprodução)

Curiosidades

Rivais se unem em motivação política e realizam o “Jogo Vermelho”

Era 13 de outubro de 1945 foi realizada uma partida que obteve um contexto muito peculiar no cenário futebolístico. A menção a cor vermelha foi ao Comunismo, já que a partida teve toda sua bilheteria destinada ao MUT (Movimento Unificador dos Trabalhadores). Aldo Rebelo, autor do livro “O Jogo Vermelho”, conta que funcionários da Federação Paulista de Futebol e das indústrias têxtil e da construção civil, além de mulheres que atuavam no Partido Comunista, trabalharam para que o jogo ocorresse como um festejo pela queda do regime nazista e pela redemocratização do Brasil, foi o término do Estado Novo de Getúlio Vargas.

Torcida Palmeirense adota mascote após xingamento da torcida Corintiana.

Na década de 1960, uma fatalidade fez com que a rivalidade entre Palmeiras e Corinthians aumentasse de maneira considerável. Após a equipe Alvinegra perder dois atletas em um acidente de trânsito na cidade de Sorocaba. Com isso, o Timão pediu a inscrição de dois novos atletas, só que uma única equipe se opôs, e foi o Palmeiras. O presidente do Corinthians na época chamou os dirigentes do Verdão de “porcos”. O insulto do presidente rival virou insulto, apelido dado pela torcida do Corinthians, e anos depois, virou mascote da equipe Alviverde.

Estatísticas do Confronto:

O Clássico de 2017:

O ano de 2017 começou de forma bem distinta para os rivais. Enquanto os Palestrinos, apesar da troca no comando técnico, chegam com o dever de se manter no topo, após um título de Brasileirão incontestável, o Timão chega rondado de incógnitas, principalmente pela qualidade duvidosa do elenco e pelo seu treinador, Carille.

Para o primeiro Derby da temporada, o Palmeiras contará com a presença de alguns dos seus principais reforços, como Guerra e Raphael Veiga, que têm se destacado pela movimentação, se juntando a Dudu na armação de jogadas, atacando de forma aguda, característica que parece ser a que Eduardo Baptista prezará no seu estilo de jogo. O jogador, em tese, mais importante no esquema de Cuca e que seria tratado especialmente no esquema do novo técnico, Moisés, por sua vez será baixa por 6 meses, após romper os ligamentos do joelho.

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Dudu marcou contra o São Bernardo e Felipe Melo comemorou de forma exaltada (Foto: Marcos Ribolli/Globoesporte.com)[/caption]

No setor defensivo, o pitbull Felipe Melo tem demonstrado solidez na proteção da zaga, jogando sem Tchê Tchê, principal peça do setor intermediário do campo em 2016. A zaga contará com a volta do colombiano Mina, considerado por muitos o melhor da posição que atua no Brasil, o que deverá fazer com que o Palmeiras tenha maior solidez nas bolas aéreas.

O Corinthians por sua vez, chega para a partida com grandes duvidas em torno do desenvolvimento da equipe na temporada. Enquanto a defesa tem demonstrado qualidade, tanto no posicionamento, quanto em técnica, com Balbuena e Fagner iniciando muito bem o ano, contando com a proteção de Gabriel, o ataque tem se mostrado uma negação.

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Gabriel veio do Palmeiras e é principal peça do meio-campo do Corinthians (Foto: Agência Corinthians)[/caption]

Sem encontrar um ataque ideal, Carille vem mudando constantemente seus jogadores ofensivos. Diversas peças como Marquinhos Gabriel, Giovanni Augusto, Léo Jabá, Romero e Marlone foram testada para as pontas de seu 4–1–4–1, para a partida, os dois últimos são os prováveis titulares.

Os diferenciais corinthianoa vem da base: Guilherme Arana e Maycon, recém-chegados da Seleção Sub-20, já terão a oportunidade de atuarem em um grande jogo como titulares, oportunidade rara para os meninos do Terrão, que não costumam ter muitas chances entre os profissionais.

O jogo em si, como todos os Derby’s, terá mais uma história diferente para se contar, principalmente pela vontade e rivalidade que cercam essa batalha, no entanto, é fato que o Palmeiras chega como favorito para a disputa do clássico. Mas em um duelo com tanto equilíbrio e tradição, nenhum vencedor é inesperado e a única certeza é de mais um grande jogo de futebol.

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