Argentina — Vidas Secas

Matheus Jacomin de Moura
Sem Clubismo F.C.
Published in
4 min readJun 7, 2019
Será essa a vez de Messi?

Faltando 7 dias para o início da Copa América, o Sem Clubismo traz uma série de textos especiais sobre a competição. Uma seleção por dia, até a bola começar a rolar, para entrarmos no clima e conhecermos melhor essa rica história.

La Albiceleste enfrenta um jejum de 26 anos sem um título com a seleção principal — o último foi justamente a Copa América, em 1993. A seca, que amargura gerações e gerações de torcedores argentinos, é a maior da história do país.

De lá pra cá, craques surgiram e penduraram as chuteiras, o Boca encantou e dominou todo o continente e, mesmo assim, o jejum de títulos da camisa azul e branca teimou em não acabar. Nas últimas cinco edições da Copa América, a Argentina foi vice-campeã quatro vezes.

Apesar de tanto bater na trave no torneio continental, a seca argentina é ainda maior quando se fala de Copas do Mundo. Em 2014, a hinchada argentina aproveitou a proximidade geográfica e no ritmo de “Decime que Se Siente”, invadiu o Brasil inteiro durante o Mundial, empurrando sua seleção até a grande decisão, após eliminar a sensação Bélgica e a tradicional Holanda.

Milhares de hermanos atravessaram a fronteira em 2014 (EBC)

Disposta a escrever um final diferente de cinco anos atrás, quando foi derrotada para a Alemanha, a fanática torcida argentina já se prepara para uma nova invasão aos estádios brasileiros. Apesar da crise econômica que afeta o país, mais de 6 mil argentinos já tem hospedagem reservada em Porto Alegre.

A última chance?

O jejum é tão grande, que nem mesmo Lionel Messi conseguiu acabar com as décadas sem uma conquista sequer. Sua geração, ouro olímpico em Pequim 2008, surgiu badalada devido aos vários troféus conquistados nas categorias de base. Entretanto, apesar do sucesso em clubes da Europa, Aguero, Di Maria e Messi não conseguiram ter o mesmo êxito com a seleção.

Os três remanescentes da medalha de ouro na China têm, na Copa América 2019, provavelmente, a última oportunidade de obter uma conquista com a camisa de seu país. Em 2022, ano da Copa do Catar, Messi, Aguero e Di Maria terão, respectivamente, 35, 34 e 34 anos de idade cada um.

Os escolhidos de Scaloni

Não só de medalhões consagrados é feita a equipe de Lionel Scaloni. O próprio treinador, antigo auxiliar de Sampaoli, possuí somente 41 anos e está estreando na carreira de técnico no comando da seleção. Para a sua primeira competição, Scaloni apostou na convocação de jovens como Lautaro Martínez (21) e Giovani Lo Celso (23), ambos titulares em suas equipes, apesar da pouca idade. Com o corte de Kannemann por lesão, mais uma promessa que acabou ganhando chance foi Juan Foyth (21), zagueiro revelado pelo Estudiantes e hoje na reserva do Tottenham.

Exequiel Palacios foi cortado após se lesionar durante a Recopa (Mundo Albiceleste)

Outras ausências na lista final também chamaram bastante atenção. A principal delas é Mauro Icardi, atacante de 26 anos da Internazionale, que após temporada turbulenta no clube, ficou de fora da convocação. Nomes como Higuaín, presente nas últimas três Copas do Mundo, e Ángel Correa, do Atlético de Madrid, também foram deixados de lado.

Sem Barras Bravas

“Os turistas e os torcedores latino-americanos serão muito bem-vindos no Brasil, mas vamos barrar torcedores com histórico de violência” — Sergio Moro

Em encontro do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, com a ministra de Segurança da Argentina, Patricia Bullrich, foi aprovado um acordo que prevê um sistema de intercâmbio de listas de torcedores violentos de ambos os países. No primeiro momento, Bullrich entregou à Moro mais de 5 mil nomes de argentinos envolvidos com violência relacionadas ao futebol. A ideia, segundo as autoridades, é que eles sejam impedidos de frequentarem os estádios e até mesmo de cruzar a fronteira entre os dois países.

Expectativa

Uma equipe com Lionel Messi sempre será uma das favoritas à qualquer competição, independente de sua fase. Além de La Pulga, que viveu grande temporada com o Barcelona, os hermanos contam com nomes de peso como Aguero, autor de 21 gols na Premier League e os garotos Lautaro Martínez e Lo Celso — em ótimas fases por Inter e Real Bétis, respectivamente.

Nicarágua será o último adversário antes do torneio continental

Favorita em um complicado grupo com Colômbia, Catar e Paraguai, os argentinos vêm ao Brasil em busca de seu 15º triunfo em Copas Américas, para se igualar ao Uruguai como os maiores campeões do torneio.

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Matheus Jacomin de Moura
Sem Clubismo F.C.

22. Jornalista e completamente apaixonado por Futebol Insta: matheus_jacomin