Bolívia — Muito abaixo dos 3000 metros

Matheus Jacomin de Moura
Sem Clubismo F.C.
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3 min readJun 5, 2019

Faltando 9 dias para o início da Copa América, o Sem Clubismo traz uma série de textos especiais sobre a competição. Uma seleção por dia, até a bola começar a rolar, para entrarmos no clima e conhecermos melhor essa rica história.

Antes de lutar pela classificação para o mata-mata, La Verde busca acabar com um incômodo tabu que perdura sobre a seleção de seu país: anfitriã e campeã da Copa América em 1963, a Bolívia só conseguiu resultados expressivos em toda a sua trajetória jogando dentro de seu próprio território.

As razões para os bons números dos bolivianos em casa são bastante conhecidos por nós brasileiros, que anualmente vemos nossos clubes sofrendo para jogar em cidades altitudes elevadas, como La Paz e Cochabamba.

Em 1997, na segunda e última vez em que sediou a competição, a seleção boliviana alcançou o vice-campeonato, deixando para trás Uruguai, México e Colômbia e parando apenas para o Brasil de Edmundo e Ronaldo.

Desde então, 22 anos se passaram e a Bolívia só conseguiu vencer um jogo pelo torneio continental. Fora aquela vitória apertada contra o Equador em 2015, a equipe coleciona derrotas e empates em diferentes edições, que culminaram em eliminações precoces e dignas de esquecimento.

Desde 1999, são 13 derrotas, 8 empates e apenas uma vitória (Foto: Copa América)

Convocação nacionalista

Contratado pelo clamor popular em volta de seu nome, Villegas assumiu a Bolívia em janeiro com a difícil missão de alavancar um país sem tanta tradição futebolística. Talvez inspirado no atual presidente Evo Morales, o treinador fez uma convocação “nacionalista”, com a grande maioria dos jogadores atuando no futebol local. O Bolivar (4), campeão do Apertura 2019, junto com o Blooming (5) são as equipes com mais representantes. O The Strongest, vice-campeão, possui 3 nomes na lista final.

Apenas três jogadores convocados atuam fora do país, dois deles com passagens por clubes do Brasil. Marcelo Moreno, boliviano revelado pelo Vitória, é há algum tempo o grande destaque da seleção. Também com passagens por Flamengo, Grêmio e Cruzeiro, o atacante de 31 anos atualmente joga no futebol chinês — artilheiro da liga em 2017 com a expressiva marca de 23 gols anotados.

O outro conhecido dos brasileiros é Alejandro Chumacero. Em 2013, o meio campista se transferiu para o Sport, onde atuou apenas oito vezes e logo retornou ao seu país natal. Com a camisa do The Strongest, clube que o revelou, Chumacero já enfrentou diversos clubes brasileiros por competições internacionais, jogando como terceiro homem de meio campo, ala direito ou em alguns casos como o principal armador de sua equipe. No momento, o boliviano joga pelo Puebla, do México.

Para ficar de olho

Luis Haquín é o principal nome do sistema defensivo da La Verde. Revelado pelo Oriente Petrolero-BOL, o zagueiro central se transferiu no começo de 2019 para o Puebla, onde ainda está em fase de adaptação e disputou poucas partidas durante a temporada. Com a camisa da seleção verde e branca, o defensor foi titular da equipe durante o Sul-Americano Sub-20 de 2017 e desde o ano passado, mesmo com a pouca idade, já é titular absoluto da defesa boliviana.

Expectativa

Desde a chegada de Villegas ao comando técnico, a seleção boliviana empatou com a Nicarágua em seus domínios e em excursão pela Ásia, perdeu para Coreia do Sul e Japão, ambas partidas por 1 a 0. Na partida diante da França, no último amistoso antes da Copa América, outra derrota, dessa vez por 2 a 0.

Em um grupo com ampla superioridade brasileira, a Bolívia ainda enfrenta outros adversários complicados como o Peru, que se classificou para o último Mundial e a Venezuela com sua geração de bons talentos. O objetivo inicial é acabar com o tabu de vitórias que perdura sobre a equipe, para depois, quem sabe, sonhar com uma classificação histórica.

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Matheus Jacomin de Moura
Sem Clubismo F.C.

22. Jornalista e completamente apaixonado por Futebol Insta: matheus_jacomin