Camisas 9 e Copa do Mundo: preparar, apontar, atirar e correr pro abraço

Lucas Siciliano
Sem Clubismo F.C.
Published in
4 min readJun 5, 2018

Colaboração: Matheus Jacomin de Moura

Centroavante, camisa 9, atacante, delantero, center forward. Não importa como chamamos, a verdade é que todo mundo gosta do jogador que bota a bola para o fundo das redes, do que faz a torcida sair do chão e cantar mais alto, do que é o destaque do time e de quem todas as crianças querem ser quando crescer. Na Copa do Mundo, essa relação de amor e ódio é ainda mais intensa, já que as esperanças de gol de uma nação inteira estão depositadas majoritariamente nesse tipo de jogador. Para homenagear os grandes artilheiros que já passaram pelos mundiais, decidimos falar um pouco mais sobre eles e seus gols em Copas.

Ronaldo

O primeiro da lista não poderia ser diferente. Para muitos, o maior centroavante da história do futebol mundial, o Fenômeno coleciona nada mais nada menos do que 15 gols em 19 jogos de Copa do Mundo. Após surgir no profissional do Cruzeiro de forma meteórica, foi convocado pela primeira vez em 94, quando tinha apenas 17 anos e por isso, não entrou em nenhuma partida do tetracampeonato.

Já em 98, com status de líder e ídolo da seleção brasileira, correspondeu as cobranças e conduziu a amarelinha até a final contra os anfitriões franceses. Marcando 4 gols, R9 iniciava sua caminhada para se tornar o maior artilheiro da história das Copas. Caminhada essa, que no entanto, não foi das mais fáceis: a concussão antes da decisão contra os Bleus, o vicecampeonato mundial e as graves lesões no joelho fizeram o craque chegar questionado à Coreia e ao Japão. Ronaldo, porém, passou por cima de todo esse clima de desconfiança e liderou o Brasil ao histórico pentacampeonato sobre a Alemanha. Foram incríveis 8 gols em 7 jogos, 2 deles na grande final. A partir deste momento, apenas 2 gols o distanciavam do, até então, detentor do recorde, Gerd Muller.

Ronaldo foi considerado o melhor do mundo em 1996 e 1997 (FourFourTwo)

Em 2006, na Alemanha, Ronaldo já não tinha o mesmo status de antes. Sua forma física já aparentava estar fora do ideal e seus companheiros Kaká e Ronaldinho estavam em ascensão no futebol mundial. Mesmo com todos esses fatores somados ao fracasso coletivo daquele grupo, o Fenômeno marcou 3 tentos, chegando a marca de 15 gols no total que o credenciava como o maior artilheiro da história das Copas, recorde que deteve por 8 anos.

Gerd Muller

Um dos mais letais centroavantes da história do futebol alemão e mundial, Gerd Muller tem uma impressionante média, na sua carreira, de mais de 1 gol por jogo. E quando se trata de Copa do Mundo, der Bomber (“O bombardeiro”) também não deixava nem um pouco a desejar. São absurdos 14 gols em 13 jogos. Média de 1,07 por partida. Ele fez sua estréia na Copa de 70 e foi o artilheiro anotando incríveis 10 gols, segunda maior marca em uma única competição. Apesar de ter sido o maior goleador disparado da competição, o alemão e sua seleção caíram para a Itália nas semifinais, mesmo marcando duas vezes no chamado “Jogo do Século”.

A Itália se classificou em emocionante vitória por 4 a 3 (Pinterest)

Se em 1970 o sucesso individual do bávaro foi melhor do que o coletivo de sua seleção, na de 74 foi justamente o contrário. A queda de desempenho de Gerd é visível em seus números: foram “somente” 4 tentos. A seleção alemã, todavia, conquistou seu segundo mundial e adivinhem quem marcou o gol do título? Muller, com este gol, somou 14 gols nas 2 Copas que disputou e se tornou o maior goleador de todas as copas - detentor do recorde por 32 anos.

Just Fontaine

Um dos mais importantes jogadores da história do futebol francês, Just Fontaine obtém um recorde até hoje imbatível: o maior goleador em uma edição de Copa do Mundo. São 13 gols em 6 jogos. Uma média de mais de 2 gols por partida. A sua estréia em 58 foi condizente com a qualidade que tinha: um hat trick na goleada de 7 a 3 contra o Paraguai. Ainda na primeira fase, ele marcaria mais 3 gols. Dois na derrota de 3 a 2 para a Iugoslávia e mais um no triunfo diante dos escoceses, que garantiu o primeiro lugar no grupo.

Just Fontaine tinha 25 anos na Copa daSuécia (Lance)

Na fase final, Fontaine fez mais 7 gols. Duas vezes nas quartas na goleada de 4 a 0 sobre a Irlanda do Norte, uma vez na derrota da França por 5x2 para o Brasil, que ainda não havia sido vazado e posteriormente se sagraria campeão, e um incrível poker (4 gols em uma partida) na disputa pelo terceiro lugar contra a forte e expressiva Alemanha Ocidental, campeã em 1954 contra a favorita Hungria de Puskás. Assim como Jairzinho em 70, o artilheiro francês marcou em todos os duelos da Copa.

Seus 13 gols só não são mais devido as graves lesões que prejudicaram sua carreira. Nas eliminatórias para 62, o atacante estava machucado e não conseguiu ajudar seu país diante da Bulgária. Resultado: a França, sem seu principal jogador, foi eliminado precocemente. No entanto, mesmo com poucas aparições, o seu legado dificilmente será esquecido. Ao todo, foram 30 gols em 21 jogos pelos Bleus.

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