Chile — Tri distante

Gabriel Gouveia
Sem Clubismo F.C.
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3 min readJun 12, 2019

Faltando 3 dias para o início da Copa América, o Sem Clubismo traz uma série de textos especiais sobre a competição. Uma seleção por dia, até a bola começar a rolar, para entrarmos no clima e conhecermos melhor essa rica história.

A primeira vez a gente nunca esquece, mas se a segunda for logo depois fica ainda melhor.

Em 120 anos, o Chile nunca havia vencido a Copa América, mas a duas últimas edições do torneio reservaram um merecido final feliz. Sob a batuta de Alexis Sánchez, La Roja superou a Argentina em duas decisões consecutivas (2015 e 2016) e escreveu as páginas mais vitoriosas da história do futebol nacional. Porém, apesar do ótimo retrospecto recente, o título de 2019 parece tri distante.

A construção

Tanto em 2015 quanto em 2016, o Chile apresentou um futebol muito competitivo e convincente, marcando 29 gols nas 12 partidas disputadas nas edições citadas. Este trabalho de afirmação chilena no cenário do futebol sul-americano teve seu início em 2007, com a chegada do conceituado treinador Marcelo Bielsa, e atingiu seu auge na direção de Jorge Sampaoli, que culimou no título inédito dentro de casa.

Potencializados pelos bons treinadores, nomes de destaque no futebol europeu passaram a brilhar também com a camisa da seleção chilena. Claudio Bravo, Alexis Sánchez e Arturo Vidal foram os pilares de uma equipe incansável, que superou fortes adversários nas campanhas vitoriosas. Uruguai, Colômbia e Argentina sentiram na pele a força de La Roja.

Sangue frio de Alexis no penal decisivo

O momento

Atualmente, os chilenos atravessam um momento conturbado. Após ficar de fora do Mundial da Rússia em 2018, a Federação apostou no treinador colombiano Reinaldo Rueda para substituir o espanhol Juan Antonio Pizzi. Rueda optou por deixar o Flamengo para embarcar no desafio de reestruturar o Chile para o atual ciclo.

Os craques, agora com idade avançada, perderam o protagonismo no futebol europeu e sete dos onze jogadores que estiveram em campo na final de 2016 foram titulares no último amistoso disputado. Fato que leva ao dado de equipe com maior média de idade da competição: 28,6 anos.

Fatores extracampo também mexeram com o time chileno recentemente. Especula-se que a ausência do goleiro e ex-capitão Claudio Bravo da lista de convocados para a Copa América tenha ocorrido graças a outros líderes do elenco, que pediram seu afastamento.

Bravo teria delatado a Rueda a fuga de jogadores da concentração antes de derrota nas Eliminatórias (El Mercurio)

Alexis Sánchez, por mais craque que seja, vive uma de suas piores fases na carreira. Desde que deixou o Arsenal em 2018, o chileno conviveu com lesões e amargou a reserva do United com treinadores diferentes. Além de não vir apresentando um bom futebol, sua condição física não está 100% para a competição continental.

Expectativa

Os bicampeões podem esperar um campeonato complicado, mas passar da fase de grupos é sim obrigação. Pelo regulamento da Copa América, os dois melhores terceiros colocados avançam, fato que mesmo com todos os problemas apresentados é esperado pelos chilenos.

O grupo C conta ainda com Uruguai, Japão e Equador, e promete ser disputado até a rodada final. Os comandados de Rueda conseguirão mostrar a competitividade das últimas edições? Talvez, mas esperar por mais uma conquista é pedir demais.

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Gabriel Gouveia
Sem Clubismo F.C.

Só futebol. Escrevo umas paradas no Sem Clubismo FC.