Disneytino: as opções de Zidane para o Real Madrid — Parte 1

Bruna Mendes
Sem Clubismo F.C.
Published in
6 min readJul 12, 2019

É indiscutível que Florentino Pérez não tem dó de gastar dinheiro quando se trata de contratações e a atual janela do Real Madrid ilustra bastante isso. Após uma temporada conturbada e entre altos e baixos, ou só baixos mesmo, o time claramente estava precisando de caras novas.

O verão dos madridistas começou a todo vapor com o objetivo de renovar o elenco em busca de jovens estrelas. Com tantas peças novas para o ataque e imaginando o que Zidane pode fazer, vamos apresentar diversos esquemas e formações, distribuindo algumas funções para cada um. As opções triplicaram e tudo indica que teremos muitas brigas por posição.

Hazard, Rodrygo e Jovic são a parte mais recente da reformulação do ataque merengue.

Até o momento, o time conta com muitos pontas e jogadores incisivos. Entre eles, Gareth Bale. Contratado em 2013 por cifras recordes, o galês parece estar com os dias contados na equipe merengue e ainda se fala sobre uma possível transferência.

Com toda essa situação, os jovens parecem ganhar cada vez mais espaço e a confiança de Florentino, sim, apenas dele. Zidane já mostrou dificuldade para contribuir no desenvolvimento de atletas novos e é bastante receoso na hora de utilizá-los, mas isso deve mudar graças a Vinícius Junior, que demonstrou, logo em sua primeira temporada, estar mais do que pronto para ser um dos principais jogadores do elenco. Brahim chegou do Manchester City em janeiro e superou as expectativas, sendo o atleta que mais atraiu a atenção do técnico francês. Tudo indica que vá receber muitas chances ao decorrer da temporada 2019/20.

Além dos jovens, temos os veteranos, se assim posso dizer, Asensio e Lucas Vázquez. O atual camisa 20 jogou em muitas posições desde que chegou ao time e parece ter encontrado o lugar em que pode oferecer o seu máximo: a direita do campo. Já conhecido de Zidane, vai receber o máximo de chances possíveis por ali e deve se movimentar bastante pelo ataque, intercalando pelo meio. Ele larga na frente, para Zidane, em relação aos outros jogadores.

Sobre Vázquez não tem muito erro, ele precisa sair. Na circunstância atual, o espanhol de 28 anos só vai tirar minutos dos jovens jogadores e isso é algo que irrita profundamente toda a torcida (inclusive eu rs). É um ponta extremamente limitado e com um ego absurdamente inflado. No entanto é bem querido por todos os treinadores que já passaram pela equipe, inclusive por Zidane, e caso fique, vai acabar jogando de qualquer maneira, mas a esperança dos madridistas é por menos minutos do que vinha recebendo nas últimas temporadas. Talvez a experiência acabe pesando em jogos mais difíceis, mas nada que justifique não dar oportunidades para Vinícius e Brahim, que já estão introduzidos na equipe, demonstraram capacidade de lidar com momentos de pressão em 2018/19 e têm futuros brilhantes.

Provavelmente, seguindo os passos do amigo brasileiro, Rodrygo começará sua trajetória com o terreno mais preparado, porém com um pouco mais de pressão. Depois do que Vinícius aprontou em seu início, a expectativa para que Rodrygo “chegue chegando” é grande e o menino da vila tem tudo para corresponder. É esperado que a revelação do Santos siga o caminho de Vinícius e vá jogar no Real Madrid Castilla para aprimorar seu físico e ter ritmo de jogo, sendo instruído por ninguém mais ninguém menos que Raúl.

Asensio e Vinícius são os favoritos para ocuparem a vaga no ataque.

São muitas opções e Zidane ainda não deu uma dica do que deve fazer. Hazard obviamente é titular indiscutível pela esquerda e com isso Vinícius vai acabar recebendo menos chances por ali. A grande questão, no fim das contas, é o lado direito do ataque. Considerando a saída de Bale, a equipe não tem nenhum nome indiscutível no setor e mesmo com os brasileiros disponíveis para jogar, Asensio é o mais próximo de pegar a vaga num primeiro momento, principalmente por já ser conhecido do técnico e estar no clube a mais tempo. Caso Bale fique, o fato do futebol do camisa 11 nas últimas 3 temporadas ter sido decepcionante contribui ainda mais para que ele não seja mais uma primeira opção incontestável no time titular.

4–2–3–1

Analisando como Zidane veio trabalhando desde a sua volta, o 4–2–3–1 foi o esquema mais utilizado e, aparentemente, o que mais agradou o treinador. Com novas peças, isso pode mudar, mas de qualquer maneira fica como o principal até o momento.

No elenco atual, o time não conta com aquele camisa 10 para ser o meia-atacante/meia-armador. Apesar de não ser fixo por ali, Isco, por ser um articulador e conseguir se movimentar na entrelinha, acaba sendo o que mais pode oferecer nessa função. Por outro lado, não atua fixo a um bom tempo e com certeza teria dificuldades de jogar sem poder flutuar pelo meio-campo. Essa situação foi evidenciada nos últimos jogos pela liga, quando mesmo escalado a frente de dois volantes, se movimentou bastante, indo até a base da jogada e caindo para o lado esquerdo do campo. Pogba e Eriksen estão sendo especulados e podem acabar preenchendo essa lacuna.

Mapa de calor de Isco na última temporada pela equipe merengue. (SofaScore)

Ainda nessa formação, é preciso abrir mão de um dos três volantes: Kroos, Modric ou Casemiro, e isso significa um problema. É bem difícil tirar um dos três jogadores do time titular, pois são extremamente importantes para que tudo ocorra bem nos 90 minutos. Casemiro é fundamental para um bom desempenho defensivo da equipe e Zidane raramente irá optar por colocar o jogador no banco, ainda mais por não ter uma opção parecida depois de mandar embora o espanhol Marcos Llorente.

A solução mais cabível seria colocar Modric mais avançado, como um 10 de fato, o que significaria tirar um pouco da sua responsabilidade na marcação, algo que mesmo ele sendo excelente, é considerável por conta de sua idade. O melhor do croata é visto quando cai pela direita, contribuindo para o avanço do lateral com a rotação da bola e saindo da base até chegar na entrada da área produzindo lançamentos. Sendo assim, limitar sua qualidade em busca da adaptação de uma formação não seria a melhor das opções.

Mapa de calor de Modric pela La Liga na temporada 18/19 e dimensão de posições que jogou na carreira. (SofaScore e Transfermarkt)

Considerando a realidade de Hazard não voltar para marcar, o meio ficaria exposto na parte esquerda do campo, já que Marcelo também avança bastante, e isso significaria trabalho dobrado para o volante por ali, seja ele Casemiro ou Kroos.

Na última temporada, o alemão teve bastante trabalho defensivamente e tudo indica que ele contribua ainda mais nesse quesito. Se apresentando mais recuado em campo com Lopetegui, teve bastante relevância com essa função também no estilo de Solari, que utilizava bastante o jogador na base e na contenção. O grande empecilho desse papel é no caso do alemão se limitar demais em campo e não conseguir projetar suas principais qualidades em campo: criatividade e técnica nos passes.

Mapa de calor de Casemiro e Kroos na última temporada pela La Liga. (SofaScore)

Neste texto, apresentamos um pouco de como Zidane poderá explorar o elenco do Real Madrid em um 4–2–3–1, de acordo com as peças que chegaram e, ainda, podem chegar aos merengues. Em seguida na série, terá um pouco de como o 4–3–1–2 e o 4–4–2 podem ser trabalhados de acordo com a função de jogadores versáteis. No terceiro e último texto falaremos mais sobre o clássico 4–3–3. Aguardem.

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Bruna Mendes
Sem Clubismo F.C.

Uma vez na vida outra na morte escrevo sobre umas coisa daora aí.