Não existe vida após a Copa

Mal acordei e não sei o que estou fazendo. Ligo a TV e não vejo o estúdio panorâmico da emissora local. Acho que estou enlouquecendo. Tudo bem, se eu me lembro bem, às 11 horas teremos mais um jogo de Copa do Mundo. Falha minha, acabou tudo. Tem um vazio no meu peito e eu não faço a menor ideia de como preenchê-lo. Muitos dizem que o amor dói, mas nada supera a dor do fim dos melhores 30 dias dos últimos quatro anos.

Tento voltar minhas atenções para a TV novamente, mas a pauta dos programas esportivos mudou. Não vejo mais aquela festa com milhares de pessoas diferentes em foco, nada de narrações marcantes de outros países e nada, repito, nada, daquilo que fica marcado no peito de todo amante do futebol. Aceitar é muito difícil… passou tão rápido, não queria que acabasse.

Esse é o charme dessa grande confraternização do esporte, mas as sequelas são graves. Acho que estou sofrendo de Depressão pós-Copa e desconfio que não sou o único. Pelas ruas os olhos já não tem mais o mesmo brilho. Se tornou uma grande epidemia. Na minha mente, imagens dos senegaleses dançando na comemoração de um gol, enquanto, derramo uma pequena lágrima. É possível sentir uma nostalgia tão recente?

O mundo se torna mais triste nessa época, as coisas perdem muito o sentido. O futebol brasileiro está de volta, meu clube está de volta, minha maior paixão está de volta, mas não é a mesma coisa. Contei os dias para a chegada desse mês e ele não me deu nem tempo para digerir o término, me abandonando sem aviso prévio, simplesmente me deixando, tendo a cara de pau de dizer que voltaria em mais quatro anos.

Doloroso, mas como sempre, esperarei. Eu sempre vou esperar. A vida há de voltar a ter brilho, mas, por enquanto, minha cabeça está trinta dias atrasada e quatro anos adiantada. Que o Qatar chegue logo, afinal, já não sei mais viver sem você. Copa do Mundo, sua linda, volta logo. Sentiremos sua falta, aliás, já estamos sentindo, até demais!

Dados comprovam que a Depressão pós-Copa atinge mais de 75% da população e nesse momento de dor deveríamos nos unir… para construir uma máquina do tempo e reviver toda essa mágia.

Ou esperar.