No Brasil, Cacá se prende e dono de helicóptero se protege

Yuri Laurindo
Sem Clubismo F.C.
Published in
2 min readJan 13, 2019

O jovem jogador da base do Cruzeiro, Cacá foi preso em Belo Horizonte com uma quantidade mínima de maconha e já está sofrendo com o julgamento das “pessoas de bem” que, por muitas vezes, defendem o jogador que se embebeda todo final de semana no Clube Chalezinho. Não citarei nomes, a carapuça serve.

Em meio a isso, uma discussão acerca da situação surge: não seria esse um caso clássico de racismo? Claro que sim. Um jovem negro, saindo pelas madrugadas, com um carro de luxo, não poderia ser coisa boa, né?! Cacá é mais uma vítima, como outros milhares são, dia após dia, mas muitos não estão nem aí.

Enquanto Cacá é detido, com oito buchinhas de maconha e dois cigarros preparados para uso próprio, um certo culpado por um dos maiores casos de tráfico de cocaína da história do Brasil e seu helicóptero encontram-se intactos… e, obviamente, sem um mísero julgamento da sociedade, enquanto o jovem negro é massacrado, com milhares pedindo a sua cabeça. É doloroso quando um caso de maior notoriedade escancara, ainda mais, o absurdo da estrutura da sociedade brasileira. A polícia é racista, mas ela não é a única.

A elite continuará aplaudindo seus heróis e, enquanto isso, torcemos para que, aos poucos, consigamos unir pessoas para mudar a mentalidade dessa estrutura. Presos com Pinho Sol ou com três pinos esperando o nascer do sol existem aos montes, mas presos com fortunas milionárias conquistadas de forma ilícita estão escondidos e sorrindo na sua cara, de forma irônica. Que o Cruzeiro tenha pulso forte pra lidar com a situação, que o Cruzeiro entenda que se trata de um caso clássico de racismo e que, defenda a integridade do atleta, o blinde das críticas e dê espaço para o mesmo continuar se desenvolvendo.

Cacá não é o primeiro e não será o último, mas nós continuaremos fazendo nossa parte, para que outros Cacá’s sejam os últimos. Algum dia.

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