Peru — Para não acordar do sonho

Yuri Laurindo
Sem Clubismo F.C.
Published in
4 min readJun 3, 2019
Os dois maiores artilheiros da história da seleção peruana

Faltando 11 dias para o início da Copa América, o Sem Clubismo traz uma série de textos especiais sobre a competição. Uma seleção por dia, até a bola começar a rolar, para entrarmos no clima e conhecermos melhor essa rica história.

Depois de 36 anos, os peruanos voltaram a disputar uma Copa do Mundo. O Mundial da Rússia foi marcado por lágrimas dos torcedores e dos jogadores, que, emocionados, viveram o torneio como se fosse o último. Com uma vitória no campeonato, a equipe saiu fortalecida para, na Copa América do Brasil, não acordar do sonho.

Fazendo parte do grupo do anfitrião Brasil, Bolívia e Venezuela, o Peru vai buscar a segunda vaga para no mata-mata e, até mesmo, aprontar para cima dos brasileiros de novo. Na última edição da Copa América, nos Estados Unidos, com um gol de mão, os peruanos eliminaram os favoritos logo na primeira fase, instaurando uma crise no território tupiniquim.

Por mais que só tenha dois títulos do torneio na conta, em 1939, numa das seis edições em que foi sede, e em 1975, Los Incas sempre despertam medo nos adversários, por endurecer os confrontos contra os gigantes do continente.

O título com um protagonista inglês

Em 1939, em um campeonato que não contou com as presenças de Brasil, Argentina e Bolívia, os peruanos levaram a melhor dentro de casa. Com cinco equipes e turno único, o time ganhou todos os seus jogos para levantar a taça. Curiosamente, o treinador da equipe, Jack Greenwell, é o único europeu a ganhar o torneio.

O inglês fez história com os Incas, mas antes, já havia passado até pelo Barcelona, desembarcando na América do Sul em 1938. Com uma cultura de futebol completamente diferente do experimentado até ali no país, Jack foi abraçado pela população e virou um grande ídolo.

O título passando por cima do Brasil no Cara ou Coroa

A Copa América de 1975 foi diferenciada. Sem sede fixa, os jogadores viajaram pelo continente para buscar a taça. Vencendo a Colômbia na decisão, os peruanos contaram com a sorte pra passar pelo Brasil na semifinal.

Cubillas, o 10 da campanha.

Após vencer a seleção canarinho na ida no Mineirão, com um 3–1 incontestável, o Peru não conseguiu manter o nível no jogo de volta e acabou perdendo por 2–0 em Lima. As duas equipes estavam completamente equiparadas, não havia prorrogação prevista no regulamento e, muito menos, algum critério de desempate. Assim, o árbitro chamou as duas equipes no centro do campo e jogou a moeda pra cima. A seleção de Cubillas foi escolhida na sorte e levada pra decisão.

Retrospecto na década

Com o técnico Gareca, o Peru deslanchou na década. Além de disputar uma Copa do Mundo, maior sonho dos torcedores, os Incas acumularam ótimos resultados em Copas América. Em 2015, no Chile, Paolo Guerrero fez chover. Com atuações mágicas do centroavante, o terceiro lugar foi conquistado com aquele sentimento de que podia mais, já que a derrota para os donos da casa na semifinal foi bem apertada.

No ano seguinte, na Copa América Centenário, de novo, glória. No grupo com Brasil, Equador e Haiti, os peruanos trabalhavam com a ideia de um segundo lugar no grupo, mas com boa atuação nos 3 jogos, garantiu a liderança. Na última rodada da fase de grupos, o Peru ainda despachou a seleção brasileira, com uma vitória emocionante.

A curiosidade desse jogo fica para o “VAR clandestino” que quase atrapalhou o sonho peruano: o gol de Ruidíaz foi marcado com a mão, de forma ilegal, mas o juiz confirmou. A confusão foi gerada pelo telão do estádio, que mostrou o replay e quase fez o árbitro voltar atrás, que depois de muito tempo de discussão, manteve a marcação de campo. Nessa edição, a equipe acabou sendo eliminada na fase seguinte para a Colômbia, em uma disputa por pênaltis.

“La Mano de Dios” versão peruana

Os pontos fortes e a expectativa

O Peru chega pra Copa América com a base que fez história nas Eliminatórias. Com bons valores individuais e a liderança de Guerrero, a equipe tem na força física e na chegada pro ataque seu maior ponto forte. Jogadores como Advíncula e Carrillo, que se destacaram na Copa do Mundo, estão de volta e o treinador, Ricardo Gareca, promete manter a pegada para lutar pelo terceiro título.

Pensando em tabela, o Peru enfrentará a Bolívia, uma equipe que, no papel, é mais fraca, a Venezuela que está em uma crescente e o Brasil, anfitrião que está engasgado com os Incas. A classificação pra fase seguinte é esperada e, a partir daí, no mata-mata, o time entra como franco-atirador, buscando repetir o feito do Chile 2015, quando contou com um cruzamento interessante, que possibilitou a chegada nas semifinais.

A realidade é que o Peru demonstrou ser forte na Copa do Mundo e tem na Copa América uma oportunidade de se afirmar como uma das forças do continente na década.

--

--