“Red Bull Bragantino vai ser referência no Brasil”, diz zagueira Ingryd
Zagueira de 21 anos aposta no clube como um dos futuros destaques do futebol feminino no país
Na semana passada, o Red Bull Bragantino anunciou através de redes sociais o elenco para a disputa do Paulistão Feminino 2020. É a primeira vez que o clube forma uma equipe para a categoria. Campeão do Brasileirão Série B ano passado com um elenco recheado de promessas, o Massa Bruta copiou a fórmula de sucesso do futebol masculino para o feminino, contratando diversas jovens jogadoras, muitas delas com passagens por categorias de base da seleção brasileira, como é o caso de Ingryd, zagueira campeã sul-americana sub-20 em 2018.
Em entrevista exclusiva ao Resenha Rapidez, programa semanal de entrevistas transmitido ao vivo via Facebook, a atleta falou mais sobre a carreira, o cenário atual da modalidade no país e as expectativas para a temporada e para o esporte pós-pandemia. A entrevista na íntegra está disponível no Youtube.
Por que escolheu se transferir para o Red Bull Bragantino?
Eu tinha outras propostas, mas essa me agradou muito mais. Eu já estava querendo voltar ao Brasil, porque não me adaptei ao futebol português e quando recebi a proposta (do Red Bull Bragantino) eu não pensei duas vezes. Ainda mais por ser um clube que está nos oferecendo muita coisa durante esse momento, então aceitei a proposta. Tenho certeza que o Red Bull Bragantino vai ser um clube de referência daqui a 1 ou 2 anos.
Como está sendo treinar a distância?
Acho que a comissão técnica se organizou muito bem em relação a isso. Estão fazendo de tudo para estarmos o mais próximas possível. Todos os dias estamos fazendo live treinando — treino tático, treino técnico, treino supresa, etc. São várias coisas que estão fazendo para nos unirmos no momento em que a gente está vivendo.
Qual é o seu estilo de jogo?
Eu sou uma zagueira técnica, não sou muito rápida, estudo muito sobre tática, acho que isso é cada vez mais importante no futebol de hoje em dia, o estudo está evoluindo muito. Não sou de dar porrada, mas se precisar eu chego firme. Meu ponto forte é a parte técnica. Não gosto de dar chutão, prefiro que meias e volantes apareçam para jogar. Também vou para a área defensivamente e ofensivamente.
Passagens por seleções brasileiras de base.
Eu comecei no Juventus (Mooca) e eu era bem novinha mesmo, enquanto o Juventus já tinha time profissional. Então, um certo dia fui fazer um teste lá, a treinadora era a Emily Lima, que depois treinou a seleção principal. Durante o teste, eu tinha apenas 14 anos e estava jogando com mulheres de 25 anos. Fiz o treino, dei 10 voltas no campo e no outro dia nem fui mais porque não aguentava mais andar. Na mesma semana, me ligaram falando que eu fui convocada pra seleção sub-17. Depois disso, fui campeã do Sul-Americano sub-20 e disputei a Copa do Mundo da categoria.
De onde surgiu a vontade de ser jogadora de futebol?
Acho que isso surgiu desde quando eu estava na barriga da minha mãe (risos). Desde pequena, minha mãe queria comprar uma boneca e eu queria bola. Eu ficava chutando batata, laranja no meio da cozinha e acho que isso veio do incentivo da minha família. Meu pai jogou futebol por muito tempo e meu irmão quase virou atleta profissional. Foi um incentivo da minha família em geral.
Desde o ano passado, a CBF obriga os times da primeira divisão do futebol nacional masculino a terem equipes femininas. Qual é a sua opinião sobre isso?
A obrigatoriedade influencia muito. Você ter um São Paulo, um Palmeiras, um Red Bull Bragantino, isso ajuda a atletas treinarem aqui no Brasil com profissionais qualificados e não somente fora do país. Agregou muito em relação ao futebol feminino, que agora tem duas divisões nacionais. Se tivesse antes (obrigatoriedade), provavelmente já teria a oportunidade de ser campeão (mundial). Tem muita menina querendo jogar bola, muita menina boa e que antes não tinha a oportunidade. Também não adianta o clube só montar o elenco com 25 atletas e não ter o suporte que a gente precisa, mas um dia a gente chega lá.
Atualmente, a seleção brasileira é comandada por uma treinadora mulher — Pia Sundhage. Qual é a importância de uma mulher em cargos importantes na comissão técnica?
É a primeira vez que tenho uma treinadora mulher (Camilla Orlando no Red Bull Bragantino). A Ferroviária foi campeã brasileira em cima do Corinthians com uma mulher treinando. Esses cargos estão sendo muito importantes para a evolução do futebol feminino, tanto treinadora, quanto preparadora física, nutricionista, terapeuta. As mulheres estão tomando conta.