Voz da Arquibancada — O Palmeiras tem virado as costas para o seu maior patrimônio

Victor Savani
Sem Clubismo F.C.
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3 min readNov 12, 2019

Fiquei protelando este texto por muito tempo, aguardando como seria o andar da carruagem. Porém, tudo aconteceu como o esperado, sem uma narrativa emocionante ou uma reação do atual campeão brasileiro, que tem como concorrente o Flamengo com 10 pontos de vantagem na liderança, podendo ser campeão já na próxima rodada.

De 2017 pra cá, o que vem acontecendo com a Sociedade Esportiva Palmeiras é uma perda total de identidade e um grande esquecimento do que é a sua própria história, e isso não é só dentro de campo, mas principalmente fora. Em suas raízes, o Palmeiras era um clube que sempre se transformava nos grandes jogos, que tinha uma torcida apaixonada e as lindas festas nos arredores e dentro do Palestra Itália/Allianz Parque faziam parte da rotina de uma partida de futebol. Tudo mudou. Com um cerco ridículo, que impede o direito da torcida de fazer uma festa, a postura dentro de campo reflete o que é a personalidade do clube e de quem o comanda fora das quatro linhas: arrogante, bunda mole e omissa. E eu nem incluo integralmente a parte do elenco e comissão técnica nisso porque troca-se treinador, jogadores são vendidos, contratações no mínimo duvidosas aparecem e tudo continua igual: o Palmeiras perdeu a essência do sucesso e de se superar nos jogos grandes, o Palmeiras se ACOMODOU.

Festa da torcida do Palmeiras no Palestra Itália em 2003, ano em que o clube estava na Serie B. (Foto: Gazeta Press)

Uma mentalidade antipática, arrogante, que só pensa no famoso termo “valorização de marca” e uma diretoria que não se engaja socialmente em campanhas que NECESSITAM de mobilização, principalmente de um clube gigante como o Palmeiras é, fundado por estrangeiros e com diversos torcedores negros, LGBTs e que vira as costas a todos eles. Isso pra mim é uma vergonha institucional. Sem contar no alinhamento com o atual presidente do país, que não é palmeirense, é só um aproveitador do bom momento do clube e surfa nisso para aumentar a sua popularidade, mesmo com os seus apoiadores pensando o contrário. Vocês imaginam um palmeirense de verdade beijar a camisa do Flamengo, gritar “Vai, Corinthians!”, VESTIR o uniforme de tantos outros rivais? Por que receber camisa de diversos clubes, é até protocolar para um chefe de Estado. Fica aí o questionamento. E pensar que na festa do título ele encostou mais vezes no troféu que o ídolo do clube Fernando Prass e sei lá de tantos outros atletas que fizeram parte da campanha espetacular do Deca, que não puderam levar suas famílias pro campo na hora da festa, mas o oportunista, digo, presidente, levou sua comitiva com centenas de assessores e seguranças que fizeram um tumulto no gramado.

Ingressos absurdamente caros, muitas cadeiras vazias e o estádio parecendo um teatro — tirando o setor Gol Norte né, onde ficam as organizadas porque são os únicos que cantam e tentam empurrar o time. Esse é o reflexo do clube, dessa mentalidade tacanha que privilegia uns e vira as costas pra quem não merece, pra quem nunca abandonou o clube, nem nos piores momentos de nossa história. Enquanto não houver senso crítico de quem comanda, vamos continuar nesse marasmo e vamos ter que assistir rivais sobrando nos campeonatos, como foi esse Flamengo no segundo semestre de 2019, por exemplo.

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Victor Savani
Sem Clubismo F.C.

25 anos. Bacharel em Sistemas de Informação. Mestrado em Big Data Aplicado ao Futebol. Apaixonado por futebol e membro do @SemClubismo_FC.