A FALÁCIA DAS 5 LINGUAGENS DO AMOR

Vitória Frederico
Sementes Coletivas
Published in
3 min readOct 21, 2023

No vasto mundo das teorias de relacionamento, “As Cinco Linguagens do Amor” de Gary Chapman emerge como uma obra de influência considerável.

Citada por alguns membros da psicologia, a obra tem como objetivo auxiliar casais na compreensão de suas necessidades emocionais e na construção de relacionamentos mais íntimos e saudáveis. No entanto, é essencial analisar essa teoria crítica e contextualmente, especialmente à luz das dinâmicas de gênero e do patriarcado.

O que são as 5 Linguagens do Amor?

As “Cinco Linguagens do Amor” é uma teoria que supõe que as pessoas têm diferentes formas de expressar e receber amor. Gary Chapman identifica cinco categorias principais: palavras de afirmação, tempo de qualidade, presentes, atos de serviço e toque físico. De acordo com a teoria, cada indivíduo tem uma linguagem primária e, para manter um relacionamento saudável, é essencial falar a linguagem de amor do parceiro.

O Autor

Gary Chapman, o autor desta teoria, é conhecido por suas raízes cristãs e sua aplicação desses princípios em suas obras. Sua formação abrange Antropologia, Educação Religiosa e Filosofia, e ele também atuou como pastor. É crucial notar que essa influência religiosa pode impactar a forma como a teoria é moldada e interpretada.

Comportamento Ideal de uma Mulher a partir da Bíblia

A Bíblia frequentemente descreve o comportamento ideal da mulher como aquele que está alinhado com princípios cristãos tradicionais, enfatizando a submissão, a modéstia e a dedicação à família e ao marido.

“O marido dessa mulher fiel e dedicada está sempre tranquilo, pois ela nunca deixará faltar nada para ele. Ela sempre procura ajudar o marido; sempre procura o bem-estar dele, nunca o mal” (Provérbios 31:10–27).

“Encorajamento requer empatia que nos leva a enxergar o mundo segundo a perspectiva de nosso cônjuge. Devemos, em primeiro lugar, procurar saber o que é importante para ele.” Gary Chapman (1992).

Linguagem do Amor Mais Comum em Mulheres

Dentro das “Cinco Linguagens do Amor”, o toque físico e atos de serviço são frequentemente identificados como as linguagens mais comuns entre as mulheres. Essa identificação pode ser moldada pela socialização feminina, que muitas vezes enfatiza a importância da empatia, do cuidado e da prestação de serviços.

Impacto da Socialização Feminina nas Linguagens do Amor

A socialização feminina desempenha um papel significativo na identificação com as linguagens do amor mais comuns em mulheres. As normas de gênero que promovem a empatia e o cuidado como virtudes femininas podem influenciar as mulheres a valorizarem mais o toque físico e atos de serviço como formas de expressão de amor.

“Perdão é uma expressão de amor.” Gary Chapman (1992).

Linguagens do Amor Mais Predominantes em Homens

A preferência de muitos homens por palavras de afirmação como linguagem do amor pode ser influenciada pela socialização masculina, que frequentemente os encoraja a buscar validação e reconhecimento externo. Isso pode refletir a necessidade de reforçar a autoestima e a identidade.

O toque físico, outra “linguagem do amor primária” de muitos homens, por sua vez, pode ser justificado quando os mesmos exigem sexo. De acordo com o autor, para pessoas cuja linguagem é o toque físico, essas demonstrações de afeto são essenciais para se sentirem amadas e conectadas em seu relacionamento.

“O objetivo do amor não é você conseguir algo que deseje, mas fazer alguma coisa pelo bem-estar daquele a quem ama”. Gary Chapman (1992).

Um ponto crítico nas “Cinco Linguagens do Amor” reside na possibilidade de reforçar normas de gênero patriarcais. Ao vincular o amor a formas específicas de expressão, a teoria pode perpetuar estereótipos, pressionando as mulheres a se conformarem a papéis tradicionais, como provedoras de cuidado e serviços, enquanto sugere que os homens devem ser os principais destinatários de afirmação e tempo de qualidade.

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